O Museu da Cultura Hip Hop RS, em Porto Alegre, está com inscrições abertas para a nova edição do seu Programa de Formação 5 Elementos, voltado a jovens entre 10 e 24 anos. Com início em maio, o projeto oferece 570 vagas gratuitas em oficinas dedicadas aos cinco pilares da cultura hip hop: MC, DJ, graffiti, breaking e conhecimento.
Financiado pela Lei Rouanet, com patrocínio da Petrobras e apoio do Sesc RS, o programa já formou 374 alunos ao longo de 2024 e nos primeiros meses de 2025. A nova etapa contará com 30 turmas e tem como prioridade o atendimento de jovens em situação de vulnerabilidade social, especialmente negros e mulheres.
Oficinas abrangem os cinco elementos da cultura hip hop
As aulas terão início entre os dias 27 e 30 de maio e seguirão até meados de julho, com encontros semanais. Cada turma participará de 8 oficinas de 3 horas, totalizando 24 horas de formação. As inscrições vão de 28 de abril a 16 de maio e devem ser feitas por meio de formulário disponível nas redes oficiais do Museu.
Além do cadastro online, a equipe da Alvo Cultural, co-produtora do projeto, realizará busca ativa em escolas públicas das regiões periféricas próximas ao museu, nos bairros Rubem Berta e Vila Ipiranga. A proposta é ampliar o alcance e garantir acesso de jovens que nem sempre conseguem acompanhar editais pela internet.
Conhecimento e cidadania como eixos centrais

O diferencial do programa está na abordagem que une formação artística e desenvolvimento pessoal. A oficina de Conhecimento, por exemplo, ministrada por Jean Andrade, baseia-se nos princípios da pedagogia de Paulo Freire, com foco em processos participativos e na relação entre teoria e prática.
A oficina propõe momentos de interação e troca de saberes a partir de uma horizontalidade na construção do saber inacabado, conectando educação, trabalho e cultura de forma integrada. Andrade é fundador da Alvo Cultural e tem mais de 25 anos de experiência na área.
Oficinas práticas preparam para o mercado da música
Na oficina de DJ, DJ Mosquito, nome conhecido da black music no Sul do país, apresentará técnicas de mixagem, estrutura musical, uso de equipamentos e comportamento profissional no mercado.
Mosquito também atua em projetos sociais e integra o coletivo Santa Jam. As aulas incluirão ainda prática com softwares e montagem de mixtapes.
Escrita, identidade e expressão na oficina de MC

A oficina de MC será ministrada por Nathy, poeta slammer e integrante do grupo Conexão Katrina. Com experiência em ações culturais na periferia de Porto Alegre, ela propõe aproximar a escrita do rap das vivências cotidianas dos participantes, valorizando a história da música e temas como direitos humanos e movimentos sociais.
O resultado final da oficina será uma produção musical autoral, desenvolvida a partir de composições próprias e com introdução à produção sonora. A proposta é fomentar o protagonismo de jovens artistas periféricos e fortalecer a cultura hip hop como instrumento de transformação.
Graffiti e breaking completam a formação
As oficinas de graffiti e breaking também seguem o formato de oito encontros. No graffiti, os alunos aprenderão técnicas e estilos, além de vivenciar todas as etapas da criação: do esboço no papel à pintura em muro. No breaking, sob coordenação do dançarino Deaf, a oficina abordará fundamentos da dança urbana, como Top Rock e Power Moves, em uma proposta inclusiva e coletiva.
Deaf atua desde 2007 e hoje integra o elenco do espetáculo Trivial, com apresentações em festivais do Rio Grande do Sul. O breaking, que estreou como modalidade olímpica em Paris 2024, também será tema de debate nas aulas, reforçando a profissionalização da prática.
Museu mantém programação educativa contínua
Com quatro mil metros quadrados de área, o Museu da Cultura Hip Hop RS reúne mais de seis mil itens de acervo físico e digital sobre a história do hip hop gaúcho. Inaugurado em 2023, ano do cinquentenário do hip hop no mundo, o espaço foi idealizado pela Associação da Cultura Hip Hop de Esteio.
Inspirado no The Universal Hip Hop Museum (EUA), o museu oferece visitas gratuitas de terça a sábado, das 9h às 12h e das 14h às 17h. É possível agendar visitas mediadas para grupos de até 50 pessoas ou participar de forma espontânea nos horários estabelecidos.
A estrutura inclui biblioteca, café, estúdio, loja, multipalco, quadra esportiva e uma estufa agroecológica. A longo prazo, o projeto prevê a criação de uma rede de museus estaduais e a fundação do Museu Brasileiro da Cultura Hip Hop.
- Leia mais:
- Nana Caymmi morre aos 84 anos e Brasil perde grande nome entre suas principais intérpretes
- Hip hop é tema de formação gratuita para jovens no Museu da Cultura Hip Hop RS
- Exclusivo: Cria.co inaugura primeiro hub musical de BH focado em talentos periféricos
- Cleber Augusto tem voz recriada com IA em novo álbum produzido pela Warner Music Brasil
- Caixa lança seleção pública para investir R$ 120 milhões em projetos culturais até 2027