A Recording Academy, entidade responsável pela realização do Grammy, publicou seu relatório anual de impacto referente a 2024. O documento reúne informações sobre programas de apoio, ações sociais, atividades de formação e mudanças na composição de seus membros. A publicação faz parte de um esforço para mostrar que a atuação da instituição vai além da cerimônia de premiação.
Segundo o CEO da Academy, Harvey Mason Jr., a proposta do relatório é ampliar a compreensão sobre o papel da organização. Em entrevista à Billboard, ele afirmou:
“Precisamos contar melhor por que a Recording Academy existe além de celebrar uma noite por ano. Este relatório é uma forma de fazer isso”.
Diversidade na base de membros
Entre os dados destacados este ano, está o aumento na diversidade da base de membros. Em 2023, cerca de 50% dos novos integrantes se identificaram como pessoas não brancas, 37% como mulheres e 46% tinham menos de 40 anos. A porcentagem total de membros não brancos passou de 24% para 38% desde 2019, segundo o documento.
A Recording Academy também afirma estar perto de atingir, com um ano de antecedência, a meta de incluir 2.500 mulheres entre os membros votantes até 2025. A intenção da organização, segundo o relatório, é refletir melhor a composição do setor musical nos Estados Unidos.
Assistência a profissionais do setor
O relatório cita iniciativas como o MusiCares, programa que oferece auxílio financeiro, atendimento médico e apoio em saúde mental para profissionais da música. Em 2024, a Academy organizou mais de 300 eventos presenciais nos Estados Unidos e em outros países, parte deles voltados à divulgação de artistas independentes e em início de carreira.
Também é mencionada a ideia de “efeito Grammy” — expressão usada pela organização para descrever o aumento de visibilidade, vendas e streams que alguns artistas experimentam após indicações ou vitórias na premiação. O relatório, no entanto, não apresenta dados comparativos sobre o impacto a longo prazo dessas exposições.
Atuação política e institucional
No campo social, a entidade colaborou com o Departamento de Estado dos EUA em programas como a Iniciativa Global de Diplomacia Musical, que combina intercâmbios culturais e ações educativas. O relatório também registra a participação da Academy em debates sobre inteligência artificial e direitos autorais, por meio da campanha Human Artistry CampAIgn.
Outras ações incluíram o evento GRAMMYs on the Hill, que reúne representantes do setor musical e legisladores em Washington, D.C., com foco na formulação de políticas voltadas para a indústria.
Formação e preservação musical

A Academy também afirma que investiu em atividades educacionais por meio do GRAMMY U, voltado a estudantes universitários. O programa promove oficinas, mentorias e encontros com profissionais do mercado. Já o GRAMMY Museum Grant Program destinou US$ 200 mil para 15 projetos dedicados à pesquisa sonora e preservação de arquivos musicais.
Embora as iniciativas sejam voltadas à qualificação e memória cultural, o relatório não especifica métricas de impacto para esses investimentos, como número de alunos formados ou acervos recuperados.
Tentativa de reposicionamento institucional
A divulgação do relatório marca uma estratégia da Recording Academy para reposicionar sua imagem e ampliar o entendimento sobre suas atividades. O CEO afirma que ainda existe uma percepção limitada sobre a organização:
“Muita gente vê o Grammy só como a noite do prêmio. Sempre incentivei que enxergassem o todo”, disse Mason à Billboard.
O documento ressalta ações desenvolvidas durante o ano, mas nem todas contam com dados externos que permitam avaliar seu alcance ou impacto efetivo. A publicação reforça o papel institucional da Academy, mas também aponta para a necessidade de maior transparência sobre os resultados concretos das ações da entidade – algo que vem mudando aos poucos.
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