Exclusivo: Selo Fundisom aposta na nova geração ao lançar o grupo Samba Independente dos Bons Costumes

Cria de um dos principais berços do samba carioca, a Fundição Progresso, SIBC lança single, EP e prepara audiovisual.
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Nathália Pandeló
Músicos do Samba Independente dos Bons Costumes e Cris Nogueira, do selo Fundisom (Crédito: Larissa Vasco)
Músicos do Samba Independente dos Bons Costumes e Cris Nogueira, do selo Fundisom (Crédito: Larissa Vasco)

Com uma década de atuação nas rodas de samba do Rio de Janeiro, o grupo Samba Independente dos Bons Costumes (SIBC) inicia uma nova fase ao entrar oficialmente no mercado fonográfico. 

Em parceria com o selo Fundisom e distribuição da Altafonte, a banda lança o single “A Gente É Tão Foda” no dia 25 de abril, seguido de um EP com músicas inéditas e participações especiais, programado para 16 de maio.

Fundado em 2015, o grupo carrega uma forte identidade carioca e se destaca por seu repertório que mistura samba de raiz, partido-alto e pagode. Desde 2018, mantém uma roda de samba semanal na Fundição Progresso, na Lapa, que atrai até 3 mil pessoas por edição, público conhecido como “Nação Laranja”. O trabalho artístico e a fidelidade da audiência pavimentaram o caminho para a estreia nas plataformas digitais.

Lançamentos celebram 10 anos de trajetória no samba

O primeiro single marca o início dessa nova etapa. “A Gente É Tão Foda” é interpretada por Vandro Augusto e Ana Bispo, e reflete as relações afetivas que nascem nos encontros ao redor do samba. 

Com versos como “Você já pensou?/ Você chegando em casa do trabalho e eu não tô/ Você se arrumando pra sair e eu nem vou”, a faixa já circula entre o público da Fundição Progresso.

“Conseguimos reunir músicas nossas e de compositores parceiros que têm a cara do Independente e que representam esse próximo passo. São 10 anos dedicados ao samba, contando com uma equipe incrível e um público sempre presente, fiel, e agora a gente expande isso podendo chegar aos ouvidos de cada vez mais gente. É uma realização”, afirma Vandro Augusto, cantor e um dos fundadores do grupo.

Diversidade sonora marca o EP

O EP que chega em maio traz uma mistura de estilos que refletem a versatilidade do SIBC. Segundo Pedro Manhães, percussionista e também fundador, o projeto reúne referências do samba clássico, pagode 90 e até elementos do pagonejo. Um dos destaques do repertório é “Costumes”, faixa assinada por ele e por Vandro, com tom de declaração de amor.

“É muito legal como conseguimos juntar diversos estilos, como samba mais clássico, pagode 90, pagonejo e tudo que tem a cara do nosso samba nesse EP”, adianta Pedro. 

A proposta é ampliar o alcance do grupo para além das apresentações presenciais, mantendo a essência do trabalho já reconhecido nas rodas semanais da Fundição Progresso.

Novos dilemas para o gênero em constante renovação

Samba Independente dos Bons Costumes tem rodas de samba lotadas na Fundição Progresso
Samba Independente dos Bons Costumes tem rodas de samba lotadas na Fundição Progresso (Crédito: Divulgação)

Apesar da presença constante de jovens nas rodas de samba, o gênero enfrenta desafios para reconquistar o mesmo espaço de destaque entre as novas gerações no ambiente digital. Muitos artistas e produtores relatam dificuldade em converter o engajamento presencial do público em alcance nas plataformas de streaming e redes sociais. 

Esse cenário contrasta com gêneros que se consolidaram digitalmente antes mesmo de alcançarem o circuito ao vivo, revelando uma dinâmica desigual entre o consumo físico e o virtual.

Por outro lado, o samba e o pagode seguem revelando novos artistas com forte apelo popular, como o grupo brasiliense Menos é Mais, que rapidamente conquistou espaço nas plataformas digitais e nos palcos do país. Paralelamente, nomes já consagrados como Thiaguinho, Ferrugem e Sorriso Maroto mantêm agendas lotadas e grande audiência em suas apresentações ao vivo. 

A renovação do público e a permanência de artistas veteranos demonstram a vitalidade do gênero, ainda que a transição para o ambiente digital continue sendo um ponto de atenção – e não apenas para o samba.

Programação especial e convidados nas rodas

Como parte das comemorações de 10 anos do Samba Independente dos Bons Costumes, o grupo também realiza apresentações com convidados no Rio de Janeiro e em São Paulo. Já participaram artistas como Toninho Geraes, Leci Brandão e Serginho Meriti

Os próximos nomes confirmados são Dudu Nobre, Doralyce e João Cavalcanti. Os encontros reforçam a proposta do grupo de dialogar com diferentes vertentes do samba contemporâneo.

Além dos shows, o SIBC prepara o lançamento de um audiovisual no segundo semestre. A produção vai registrar uma roda de samba completa com o grupo, incluindo músicas autorais, clássicos do gênero e versões de canções consagradas da música brasileira, nos moldes do que o público já acompanha presencialmente às quintas-feiras.

Fundisom aposta na transição do palco para as plataformas

Cris Nogueira (Crédito: Berriel)
Cris Nogueira (Crédito: Berriel)

A estreia do SIBC no mercado fonográfico é viabilizada pela Fundisom, selo criado em 2022 em parceria com a Fundição Progresso. A proposta da gravadora é preservar a memória musical da casa de espetáculos e fomentar novos projetos. Com estúdio próprio e estrutura para produção fonográfica e audiovisual, o selo também atua em comunicação, marketing e programação artística.

Segundo Cris Nogueira, head do selo, a contratação é estratégica.

“Estamos muito felizes pela parceria com o selo Fundisom. O Independente dos Bons Costumes tem uma roda de samba semanal que chega a reunir 3 mil pessoas, revelando uma missão muito importante, de ser porta de entrada para uma enorme juventude, ao hinário sagrado do samba. Esperamos reverter essa audiência, fiel aos eventos, para as plataformas digitais, consolidar o grupo no mercado fonográfico e fortalecer a presença do samba entre os ouvintes da música brasileira”, explica.

A movimentação do SIBC marca mais um passo na profissionalização de artistas que surgem nas rodas de samba e buscam expandir sua presença no ambiente digital. Ao entrar para o circuito fonográfico com estrutura de selo e distribuição consolidada, o grupo passa a integrar uma nova fase da cadeia produtiva da música brasileira.

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