A busca por maior lucratividade continua no centro da estratégia das plataformas de streaming. Após anos focando na expansão da base de usuários, o Spotify vem promovendo reajustes em seus planos pagos como forma de elevar a receita por assinatura. O movimento mais recente envolve os países do Benelux — Bélgica, Países Baixos e Luxemburgo —, onde a empresa anunciou aumentos que variam entre 9% e 22%. As mudanças atingem todos os tipos de plano, incluindo as modalidades individual, familiar, duo e estudantil.
A mudança segue a estratégia da plataforma sueca de melhorar suas margens de lucro após o primeiro ano completo de resultado operacional positivo em 2024. O movimento também responde à pressão do mercado por resultados operacionais positivos e margens mais robustas.
Com os novos valores, o plano individual passou a custar € 12,99 nos Países Baixos e em Luxemburgo, um aumento de 18% em relação aos € 10,99 anteriores. Na Bélgica, o mesmo plano teve reajuste menor, subindo 9%, para € 11,99. Os planos Família e Duo também sofreram aumentos expressivos, com destaque para os dois primeiros países, onde o plano Família subiu 22% e o Duo 20%.
Além disso, o Spotify descontinuou o plano “Mini”, que oferecia acesso Premium por períodos curtos, como diário ou semanal, em mercados emergentes como Índia, Egito e África do Sul. Essa mudança foi percebida por usuários e discutida em fóruns e redes sociais, como Reddit. A empresa não forneceu uma explicação oficial para o fim do plano, mas a decisão pode estar relacionada à estratégia de aumentar a receita por usuário e simplificar a oferta de planos .
No Brasil, o plano “Básico” ainda não está disponível, e os planos existentes mantêm os benefícios atuais. No entanto, é possível que mudanças semelhantes sejam implementadas em outros mercados no futuro, à medida que o Spotify continua ajustando sua estratégia de monetização.
Comparativo com outros mercados europeus
A nova política de preços posiciona os valores praticados no Benelux acima dos observados em economias vizinhas maiores. Na Alemanha e na Espanha, o plano individual segue custando € 10,99, enquanto na França o valor é € 11,12. Já a Suíça continua com preços mais elevados, com assinatura individual de CHF 13,95 (francos suíços), o equivalente a cerca de US$ 17.
Os estudantes também foram afetados pelos aumentos. O plano com desconto, voltado a esse público, passou de € 5,99 para € 6,99 em todos os três países. O aumento quebra a tendência de manutenção de preços reduzidos para atrair usuários mais jovens e reforça o reposicionamento da empresa no mercado global de streaming.

Histórico recente de reajustes
A elevação de preços no Benelux é a segunda grande alteração da empresa na região desde julho de 2023, quando o Spotify aplicou reajustes em assinaturas em mercados como América do Norte, Europa e Ásia.
No ano seguinte, os aumentos continuaram. Em abril de 2024, Reino Unido, Austrália e Paquistão tiveram novos valores definidos. Já em junho, foi a vez dos Estados Unidos, e em outubro, do Canadá.
Nos Estados Unidos, o plano individual subiu de US$ 10,99 para US$ 11,99. O plano Família passou para US$ 19,99, antes era US$ 16,99. O Duo foi de US$ 14,99 para US$ 16,99.
O plano para estudantes, nesse caso, manteve-se em US$ 5,99. A sequência de reajustes indica uma estratégia contínua da empresa para equilibrar crescimento e rentabilidade.
Expansão de serviços pagos e nova faixa “deluxe”

Além dos aumentos, o Spotify estaria se preparando para lançar uma nova categoria de assinatura, chamada “Music Pro”. Segundo reportagem da Music Business Worldwide, o plano incluiria recursos voltados para superfãs.
Em julho de 2024, o CEO da empresa, Daniel Ek, mencionou em conversa com analistas que o Spotify trabalhava em uma camada mais cara e com benefícios adicionais, chamada de “deluxe”
A medida reforça o movimento da plataforma em oferecer experiências segmentadas, com diferentes faixas de preço, e pode representar uma nova fonte de receita. A proposta de um plano com recursos exclusivos visa atrair usuários dispostos a pagar mais por funcionalidades adicionais e conteúdos especiais.
Contexto financeiro e busca por lucro sustentável
O aumento de preços acompanha a busca do Spotify por rentabilidade de longo prazo. Em 2024, a empresa reportou pela primeira vez um ano completo de lucro operacional, sinalizando uma mudança em sua estratégia de crescimento baseada em volume de usuários para um modelo que prioriza rentabilidade.
Os ajustes seguem uma lógica que se tornou comum entre plataformas de tecnologia com grande base de usuários: ampliar a receita por meio de aumentos graduais em mercados selecionados, especialmente onde a penetração do serviço já é consolidada. A escolha pelo Benelux, uma região com alta taxa de adesão ao streaming, indica que o Spotify aposta na fidelidade desses usuários, mesmo com os novos preços.
A decisão também coloca pressão sobre concorrentes locais e internacionais, ao estabelecer uma nova referência de valor na região. Com os reajustes, o desafio passa a ser manter o crescimento de assinantes pagos, sem comprometer a base atual.
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