MIDiA revela como a estrutura dos hits musicais mudou nos últimos cinco anos

Streaming, YouTube e colaborações em massa transformam o perfil das músicas no Top 10 da Billboard, segundo publicação da MIDiA Research.
Foto de Nathália Pandeló
Nathália Pandeló
Teddy Swims e Sabrina Carpenter - MIDiA revela o DNA de um hit
Teddy Swims e Sabrina Carpenter - MIDiA revela o DNA de um hit (Crédito: Divulgação)

Que a indústria da música passou por mudanças nos últimos anos, ninguém duvida – em grande parte, influenciadas pelo streaming, redes sociais e novos hábitos de consumo. Pensando nisso, uma publicação da MIDiA Research, usando dados das paradas da Billboard, comparou as características das músicas no Top 10 em 2000, 2020 e 2025, revelando tendências que redefiniram o que faz um sucesso hoje.

Os dados mostram que as faixas que dominam as paradas estão mais colaborativas, com mais compositores e produtores envolvidos, enquanto a idade média dos criadores aumentou. Além disso, plataformas como o YouTube se tornaram centrais para o consumo de música, e os hits estão durando mais tempo no ranking.

Colaboração em alta, mas oportunidades escassas para novos talentos

MIDiA revela que as músicas estão ficando mais tempo nas paradas (Crédito: Reprodução)
MIDiA revela que as músicas estão ficando mais tempo nas paradas (Crédito: Reprodução)

Um dos destaques das conclusões da MIDiA é o aumento no número de profissionais envolvidos na criação de um hit. Em 2020, as músicas do Top 10 tinham, em média, 4 compositores; em 2025, esse número subiu para 5,3. O mesmo ocorreu com a produção: antes eram 1,8 produtores por faixa, agora são 3.

Esse crescimento reflete uma indústria cada vez mais especializada, onde diferentes profissionais contribuem para uma única música. No entanto, a idade média dos compositores também aumentou – de 31,1 anos em 2020 para 36,3 em 2025 –, indicando que artistas consagrados estão dominando o espaço.

De acordo com a pesquisa anual da MIDiA com compositores em 2024, 28% dos autores relataram dificuldades em encontrar colaborações ou emplacar músicas para grandes artistas. O estudo apontou que grandes estrelas parecem estar preferindo trabalhar com nomes já estabelecidos, em vez de arriscar em novos talentos.

Hip-hop lidera, mas fusões de gênero ganham força

O hip-hop segue como o gênero dominante no Top 10, tanto em 2020 quanto em 2025. No entanto, a MIDiA observa que as músicas estão cada vez mais híbridas, misturando influências de R&B, pop e até country.

Exemplos como “Luther”, de Kendrick Lamar e SZA (que une hip-hop e R&B), e “A Bar Song (Tipsy)”, de Shaboozey (com elementos de hip-hop e country), mostram que os artistas estão explorando novos territórios. Beyoncé, com sua incursão no country, é outro caso emblemático.

Essa tendência sugere que os artistas não estão mais presos a um único gênero. A flexibilidade criativa e a busca por novos públicos estão redefinindo o que é um hit.

YouTube é a plataforma-chave para o consumo de música

YouTube na tela de um celular
(Crédito: Free Stocks)

A publicação destaca o crescimento explosivo do YouTube como principal meio de consumo musical. Entre 2020 e 2025, as visualizações médias das músicas do Top 10 no YouTube aumentaram 322%, saltando de 76,4 milhões para 322,6 milhões.

Além disso, 50% das faixas do Top 10 em 2025 possuem videoclipes, indicando que o formato ainda é relevante. O YouTube domina o consumo de música e ainda impulsiona a descoberta de novos hits.

Hits permanecem mais tempo no Top 100

Outra mudança importante é a longevidade das músicas nas paradas. Enquanto em 2000 as faixas do Top 10 ficavam, em média, 19,4 semanas no Hot 100, em 2025 esse número subiu para 33,3 semanas.

Alguns casos são extremos: “Lose Control”, de Teddy Swims, permaneceu 81 semanas no ranking. Artistas como Bruno Mars e Kendrick Lamar também ocuparam múltiplas posições no Top 10 simultaneamente, algo que se tornou mais comum.

A MIDiA sugere que, com a fragmentação do consumo, os ouvintes estão se concentrando em seus artistas favoritos, em vez de buscar novidades. Isso permite que os grandes hits mantenham relevância por mais tempo.

O futuro das paradas: mais nichos, menos mainstream?

A análise da MIDiA indica que, nos próximos anos, o Top 10 pode refletir menos o “gosto geral” e mais o que nichos específicos estão consumindo. Com o streaming permitindo que cada ouvinte siga seus próprios interesses, os grandes artistas continuam no topo, mas em um cenário cada vez mais diversificado.

Enquanto isso, a indústria enfrenta desafios, como a dificuldade de novos compositores em se estabelecer e a necessidade de adaptação a plataformas como o YouTube. Os dados mostram que, mesmo em um mercado em constante mudança, alguns elementos – como colaboração em massa e fusão de gêneros – estão se tornando marcas registradas dos hits do futuro.

Leia mais: