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O adeus à grande artista dos palcos, Bibi Ferreira

Conheça a trajetória do grande fenômeno dos palcos brasileiros: a cantora, compositora e multi-artista: Bibi Ferreira que faleceu aos 96 anos, no Rio de Janeiro
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Redação

A atriz e cantora Bibi Ferreira, grande artista dos palcos, morreu ontem (13), aos 96 anos, no Rio. Também apresentadora, diretora e compositora, diva dos musicais, ela foi um dos maiores fenômenos artísticos do país.

Segundo Tina Ferreira, filha única de Bibi e também artista, Bibi morreu no início da tarde em seu apartamento no Flamengo, Zona Sul do Rio. A atriz acordou e a enfermeira que a acompanhava percebeu que o batimento cardíaco estava baixo e, por isso, chamou um médico. Tina acredita que a mãe morreu dormindo.

Abigail Izquierdo Ferreira nasceu em 1º de julho de 1922. Filha de um dos maiores nomes das artes cênicas do Brasil, o ator Procópio Ferreira (1889-1979), e da bailarina espanhola Aída Izquierdo, Bibi – apelido que ganhou ainda na infância – estreou nos palcos com pouco aos 24 dias de vida no espetáculo Manhãs de Sol, com a madrinha Abigail Maia, substituindo uma boneca de pano. Desde então, não deixou os holofotes. Aos três anos, animava os entreatos dos espetáculos da companhia de teatro da mãe, Velasco.

A estreia profissional chegou aos 18 anos, depois de uma infância de aulas de ópera, piano e violino, além de uma temporada no Corpo de Baile do Teatro Municipal do Rio de Janeiro, dos sete aos 14 anos.

A própria Bibi interpretou a cantora francesa Edith Piaf (1915-1963) com maestria em um musical de enorme sucesso no Brasil e em Portugal. O trabalho minucioso foi considerado tão perfeito que mesmo pessoas que conheceram Piaf se espantaram com o nível de semelhança.

Com o espetáculo, Bibi conquistou os principais prêmios do teatro nacional, como Molière, Mambembe, Associação Paulista dos Críticos de Arte (APCA), Governador do Estado e Pirandello. Foram apenas alguns dos muitos prêmios que colecionou ao longo das décadas de carreira.

 

 

Em 1941, atuou ao lado do pai em La Locandiera, peça de Carlo Goldoni. Apenas um ano depois, fez história ao montar sua própria companhia e tornar-se uma das primeiras mulheres a dirigir teatro no Brasil, com a obra Fizemos Divórcio, em que conduziu o próprio pai em cena. 

Bibi Ferreira levou muitos dos artistas com quem trabalhou no teatro para a televisão em 1960, quando inaugurou a TV Excelsior com o programa Brasil 60. Também apresentou Bibi sempre aos domingos e, em 1968, estrelou o musical Bibi ao vivo, transmitido direto do auditório da Urca. Pouco depois, realizou os papeis que marcaram sua carreira: My fair lady (Minha Querida Dama), de Frederich Loewe e Alan Jay Lerner, e Hello, Dolly!,  versão da obra The matcmaker, de Thornton Wilder, com Hilton Prado e Lísia Demoro.

A artista também foi responsável por um dos maiores sucessos da história do Canecão, ao dirigir o espetáculo Brasileiro, profissão esperança, inspirado na obra do compositor Antonio Maria e protagonizado por Paulo Gracindo e Clara Nunes.

“Se você me perguntasse o que eu consegui com a minha carreira, fama, isso e aquilo, eu acho que é credibilidade. Tudo que eu fiz eu tentei fazer bem feito, com dignidade, acho isso muito importante na vida”, dizia Bibi.

Confira uma entrevista que ela deu ao Programa Espelho, com Lázaro Ramos, no Canal Brasil em 2011:

 

 
 
Um dos maiores fenômenos artísticos do Brasil, com múltiplos talentos: uma grande artista dos palcos que dedicou uma vida inteira à arte.
 
O corpo de Bibi foi velado no Theatro Municipal do Rio de Janeiro, durante a manhã e a tarde de hoje (14). 
Em seguida, houve uma cerimônia de cremação reservada para familiares e amigos no Crematório do Cemitério do Caju (São Francisco Xavier).