Zig aponta que festivais movimentam R$ 1 bilhão e entram em novo ciclo de maturidade no Brasil

Relatório da Zig analisa dados de 180 festivais e mostra como o mercado entra em uma nova fase de maturidade, com ajustes no consumo e nos formatos.
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Nathália Pandeló
Zig divulga relatório de tendências e oportunidades no setor de eventos
Zig divulga relatório de tendências e oportunidades no setor de eventos (Crédito: Reprodução)

A Zig, fintech especializada em tecnologia, pagamentos e inteligência de dados para o setor de entretenimento ao vivo, identifica que o mercado de festivais e eventos no Brasil entrou em um novo ciclo de maturidade após movimentar cerca de R$ 1 bilhão em vendas entre 2023 e o primeiro semestre de 2025. A leitura faz parte do Relatório do Mercado de Eventos no Brasil: tendências e oportunidades para 2025, desenvolvido pela empresa a partir de dados transacionais reais registrados em sua plataforma.

Logo na primeira análise, o estudo da Zig indica que o setor não desacelerou, como parte do mercado chegou a supor após o boom do pós-pandemia. O que ocorreu foi uma mudança estrutural. Depois de um período marcado por euforia, alta concentração de público e consumo intenso, o setor entra agora em uma fase de normalização, com padrões mais previsíveis de frequência, gasto e formatos.

Essa transição redefine o papel dos festivais e dos eventos de médio e pequeno porte dentro da economia do entretenimento ao vivo. Mais do que volume, o momento atual exige leitura de comportamento, eficiência operacional e decisões baseadas em dados.

Crescimento segue, mas com nova configuração

Consumo de bebida alcoólica em show - Crédito Cottonbro Studio
Consumo de bebida alcoólica em show – Crédito: Cottonbro Studio

Os dados monitorados pela Zig mostram que as bebidas seguem como o principal motor de faturamento dos festivais, respondendo por 72% do valor arrecadado e 76% do volume vendido. A cerveja ainda lidera, mas categorias como água, energéticos e RTDs (ready to drink, ou seja, gin tônica e similares prontos para consumo) ganham espaço.

Mesmo com esse peso, o ticket médio caiu de R$ 256 para R$ 231 nos últimos três anos. O relatório aponta que a redução não está ligada à retração de público, mas à pulverização dos eventos e à diversificação do perfil dos consumidores. Em vez de grandes encontros concentrados, o público passou a distribuir sua presença em mais eventos ao longo do ano.

Esse movimento também impacta diretamente a operação. Cardápios mais enxutos, maior presença de produtos industrializados e integração tecnológica aparecem como respostas para reduzir filas, perdas e gargalos em eventos cada vez mais diversos em tamanho e formato.

Eventos menores passam a concentrar consumo

Público com cerveja em shows - Crédito Yannick Monschau Tomorrowland
Crédito: Yannick Monschau

Um dos achados centrais do relatório da Zig é a diferença de comportamento entre eventos de grande porte e eventos menores. Segundo os dados, eventos com até 2 mil cartões Zig ativos apresentam ticket médio quase 80% maior do que os grandes festivais.

A leitura é direta. Em eventos menores, o público tende a consumir mais, buscando uma experiência completa que vai além do show principal. Já nos grandes festivais, o consumo se concentra em picos específicos, geralmente antes ou depois das apresentações mais aguardadas.

Esse cenário aponta para oportunidades mais distribuídas no mercado. A expansão não está apenas nos grandes festivais, mas também em shows em arenas, eventos proprietários e experiências mais segmentadas, impulsionadas por turnês nacionais e internacionais que já não dependem exclusivamente de festivais.

Geração Z consome diferente, mas segue presente

Geração Z ouve música (Crédito RDNE Stock project)
Geração Z ouve música (Crédito: RDNE Stock project)

O comportamento da Geração Z também aparece como um ponto de atenção no estudo da Zig. Embora o discurso público sugira menor consumo de álcool e menor presença em eventos, os dados transacionais contam uma história mais complexa.

Segundo David Pires, CIO da Zig, o consumo da Geração Z em eventos se aproxima bastante do observado em gerações anteriores quando o contexto de socialização é o mesmo.

“A diferença entre o discurso da Geração Z e o comportamento real está na forma como falam, não necessariamente no que fazem. Embora falem menos sobre álcool, quando estão nos eventos, o consumo é quase tão alto quanto o das gerações anteriores”.

O relatório aponta que a mudança está mais relacionada à forma de consumir do que à intensidade. Há uma queda no consumo de cerveja tradicional entre os mais jovens, enquanto categorias como os RTDs crescem de forma consistente.

RTDs refletem busca por conveniência

Zig divulga panorama do mercado de eventos no Brasil (Crédito: Reprodução)
Zig divulga panorama do mercado de eventos no Brasil (Crédito: Reprodução)

Os RTDs, drinks prontos com menor teor alcoólico, aparecem como símbolo dessa nova fase do consumo. A preferência está ligada à praticidade, ao menor impacto físico e à adequação a eventos mais longos e variados. Evitar filas, reduzir idas ao banheiro e manter o ritmo da festa são fatores que ajudam a explicar o avanço da categoria.

Para a Zig, entender essas nuances é essencial para marcas, produtores e operadores. O relatório reforça que todas as análises se baseiam exclusivamente em transações reais realizadas nas maquininhas da empresa, sem estimativas externas.

“Não é um estudo antropológico, mas uma análise de comportamento real, coletado em tempo real, o que nos permite ter uma visão precisa da atual dinâmica do setor”, afirma David Pires.

Com presença em todos os estados do Brasil e atuação internacional, a Zig integra soluções de ticketing e consumo digital para o entretenimento ao vivo. O estudo deixa claro que o mercado não perdeu força. Ele apenas mudou de forma, abrindo espaço para decisões mais estratégicas, experiências mais direcionadas e um novo equilíbrio entre escala e eficiência.

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