YouTube altera contagem de visualizações do Shorts e impacta canais de artistas 

YouTube adota modelo similar ao TikTok para contagem de views, o que pode influenciar a descoberta de novos talentos e músicas.
Foto de Nathália Pandeló
Nathália Pandeló
YouTube Shorts

A indústria musical está atenta às mais recentes mudanças anunciadas pelo YouTube. A plataforma revelou que, a partir de ontem (31), passou a contabilizar as visualizações dos Shorts de forma diferente – cada reprodução, mesmo que breve, será considerada uma view. 

Essa alteração chega em um momento importante para o setor musical, que vem utilizando os vídeos curtos como uma das principais ferramentas de descoberta e promoção de novos talentos e lançamentos.

Nos últimos anos, os YouTube Shorts se consolidaram como uma poderosa vitrine musical. Artistas de todos os portes – desde independentes até grandes nomes da indústria – têm usado o formato para divulgar trechos de músicas, clipes e performances. 

A nova política de contagem promete aumentar os números de visualização aparentes, o que pode trazer impactos tanto para estratégias de marketing quanto para métricas de desempenho no setor.

Como a mudança afeta a descoberta de músicas

A relação entre os Shorts e a indústria musical vem se fortalecendo desde o lançamento do formato. Dados do próprio YouTube mostram que vídeos curtos com trechos musicais estão entre os conteúdos mais populares da plataforma. 

Agora, a nova forma de contagem tende a amplificar esse fenômeno, já que qualquer reprodução – mesmo que o usuário assista apenas alguns segundos – será contabilizada.

“Esperamos que esse conhecimento aprofundado da performance dos Shorts ajude para informar a sua estratégia de conteúdo”, afirmou o YouTube em comunicado. Para artistas e gravadoras, essa mudança significa que os números de alcance aparente podem crescer substancialmente, mesmo mantendo o mesmo nível real de engajamento.

Essa alteração pode beneficiar especialmente artistas independentes e emergentes. Com a contagem mais ampla, músicas que antes não alcançavam marcas expressivas de visualização podem agora chegar a números mais atraentes, aumentando sua visibilidade na plataforma. No entanto, o desafio continuará sendo converter essas visualizações em ouvintes fiéis e engajados.

Impacto na monetização e direitos autorais

YouTube na tela de um celular
(Crédito: Free Stocks)

Apesar da mudança na contagem geral, o YouTube manteve as chamadas “visualizações engajadas” como base para seus cálculos de monetização. Essa métrica, que considera apenas reproduções com um tempo mínimo de exibição, continua sendo o parâmetro para pagamentos no Programa de Parcerias do YouTube e para distribuição de direitos autorais.

Para detentores de direitos musicais, é importante entender que o aumento nas contagens gerais não se traduzirá necessariamente em maior faturamento. A importância de criar conteúdos que realmente retenham a atenção do público permanece indispensável, e as estratégias de monetização musical nos Shorts não precisarão ser alteradas. 

O YouTube também introduziu uma nova métrica chamada “visualizações intencionais”, que pode ser particularmente valiosa para a indústria musical. Esse dado mostra quantos usuários continuam assistindo após os primeiros segundos, indicando um interesse genuíno pelo conteúdo. Para gravadoras e artistas, essa informação ajuda a identificar quais trechos musicais estão realmente conquistando o público.

O que artistas e gravadoras precisam saber

A mudança na contagem de visualizações exige que profissionais da música adaptem sua forma de analisar os dados do YouTube. É fundamental considerar que os números de visualização antes e depois de março de 2025 não serão diretamente comparáveis. Gravadoras e artistas precisarão levar em conta essa descontinuidade em suas análises de desempenho.

As métricas de engajamento, como tempo de exibição médio e visualizações engajadas, ganham ainda mais importância para avaliar o real impacto de uma música nos Shorts. Além disso, a mudança pode incentivar a criação de aberturas mais impactantes para os vídeos, já que a primeira impressão será ainda mais importante para reter a atenção do público.

“A partir de 31 de março de 2025, as visualizações dos Shorts contabilizarão o número de vezes que seu Short começa a ser reproduzido ou reproduzido novamente, sem requisito mínimo de tempo de visualização”, explicou o YouTube em comunicado oficial. A plataforma ressaltou que a alteração visa oferecer uma experiência mais consistente com outras redes sociais populares entre artistas, como TikTok e Instagram.

O futuro dos Shorts como vitrine musical

Mulher criadora de conteúdo no YouTube
Crédito: Cotton Bro

A mudança pode acelerar ainda mais a adoção dos Shorts como ferramenta de promoção. Com números de visualização potencialmente maiores, a plataforma pode se tornar ainda mais atrativa para artistas independentes que buscam aumentar sua visibilidade sem grandes orçamentos de marketing.

Gravadoras e profissionais de A&R também podem se beneficiar, utilizando os dados de Shorts para identificar tendências e artistas promissores. No entanto, especialistas alertam que o aumento nas contagens gerais não deve ser confundido com maior engajamento real. 

Essa mudança vai exigir que a indústria musical desenvolva novas formas de medir o sucesso real de uma música nos Shorts, indo além das simples contagens de visualização.

Adaptações necessárias para o setor

Para aproveitar ao máximo as novas métricas, artistas e gravadoras precisam focar em otimizar os primeiros segundos de cada vídeo, já que qualquer reprodução contará como view e os instantes iniciais serão decisivos para reter a atenção.

É essencial analisar múltiplas métricas em conjunto, combinando dados de visualizações totais, engajadas e intencionais para ter uma visão completa do desempenho. A integração de estratégias entre os Shorts e outras ferramentas da plataforma, como o YouTube Music, será fundamental para converter visualizações em streams completos.

O YouTube destacou que a atualização visa “representar melhor seu trabalho para potenciais parceiros de marcas ou agências”. Para a indústria musical, isso significa que os números mais altos podem facilitar negociações com patrocinadores e parceiros comerciais, desde que acompanhados de dados qualitativos sobre o engajamento real.

Enquanto a mudança promete tornar os Shorts ainda mais relevantes como vitrine musical, seu verdadeiro impacto só poderá ser avaliado algum tempo após a implementação. Uma coisa é certa: a forma como a indústria musical mede e valoriza o desempenho nas plataformas de vídeos curtos segue mais importante que nunca.

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