Warner cresce em receita e participação, mas fecha trimestre com prejuízo de US$ 16 milhões

Reestruturação estratégica e novos contratos com plataformas de streaming impulsionaram resultados da Warner Music Group no terceiro trimestre fiscal.
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Nathália Pandeló
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O Warner Music Group divulgou seus resultados financeiros do terceiro trimestre fiscal de 2025 com destaque para o crescimento de receita e a consolidação de sua estratégia global. A empresa teve alta de 7% na receita total em moeda constante, chegando a US$ 1.6 bilhão, e aumento de 15,8% no lucro ajustado, mesmo com tendo um prejuízo líquido de US$ 16 milhões no período encerrado em 30 de junho.

Segundo o CEO Robert Kyncl, o trimestre foi marcado por um conjunto de resultados positivos. 

“Entregamos grandes sucessos nas paradas, revelamos novos artistas, registramos crescimento de receita e ganhos de participação de mercado… tudo isso mostra que nossa estratégia está funcionando”, afirmou.

Aposta em artistas e catálogo com apoio de reestruturação e aquisições

A empresa vem executando um programa de reestruturação estratégica desde 2024, com cortes e redirecionamento de investimentos. No trimestre, a Warner anunciou uma joint venture com a Bain Capital para aquisição de catálogos musicais, com valor potencial de até US$ 1,2 bilhão.

O CFO Armin Zerza reforçou que os resultados refletem o foco em investir em música de qualidade e eficiência operacional. 

“Estamos concentrados em acelerar o crescimento do nosso negócio principal, expandir margens e aplicar capital de forma que fortaleça nosso impacto criativo e financeiro”, declarou.

Um dos principais impulsos veio do aumento das receitas com licenciamento, que cresceram 19,4% graças a acordos no Reino Unido e China, além de acordos por infrações de direitos autorais. Já as receitas de serviços para artistas e direitos expandidos aumentaram 19,6%, com destaque para promoções de shows na França e na Espanha.

Streaming segue em crescimento, com impulso dos novos contratos

Robert Kyncl, CEO da Warner
Robert Kyncl, CEO da Warner

Na divisão de música gravada, a receita subiu 6,4% em moeda constante. O desempenho foi impulsionado por aumento no streaming por assinatura (alta de 8,5% excluindo fatores pontuais) e acordos recentes com plataformas digitais. Segundo Kyncl, desde fevereiro a companhia assinou renovações com diversos serviços, ajustando os contratos a um novo modelo baseado no aumento de preços de assinaturas.

“O setor está cada vez mais focado em crescimento impulsionado por preços, e continuamos avançando na reformulação de nossos contratos com os serviços de streaming dentro desse novo paradigma”, afirmou o executivo. 

Ele também destacou o trabalho conjunto com plataformas na criação de “pacotes para superfãs”, como forma de melhor monetizar o engajamento profundo dos fãs.

Liderança nas paradas e valorização do catálogo consolidam estratégia

Durante 12 semanas consecutivas, artistas da Warner ocuparam metade do Top 10 da parada global do Spotify e a primeira posição em quase todas as semanas de 2025. Nomes como Baekhyun, Rosé, Bruno Mars, Grateful Dead e Teddy Swims figuraram entre os mais vendidos do trimestre. A empresa também comemorou o crescimento de 33% nos streams de catálogo da Madonna, impulsionados pelo álbum de remixes “Veronica Electronica”.

Para Kyncl, o desempenho de novos nomes como Alex Warren, Sombr e Teddy Swims reforça a força da gravadora em desenvolver artistas com potencial global. 

“Os sucessos de hoje serão o catálogo perene do futuro”, afirmou. 

A Warner informou que músicas com mais de três anos de lançamento já representam dois terços da receita de streaming da companhia.

Editora também tem alta

Teddy Swims paradas
Teddy Swims

A receita da divisão de publishing cresceu 9,4%. Os ganhos vieram principalmente do aumento em sincronizações (alta de 28,6%) e na receita de performance (alta de 9,4%), impulsionada por shows e execuções em rádios na Europa. Também houve alta de 4,1% no streaming, com destaque para renovações contratuais com plataformas digitais nos Estados Unidos.

A aquisição da Tempo Music Holdings contribuiu com US$ 3 milhões em sincronizações no trimestre e teve impacto positivo nos resultados operacionais, apesar de elevar o nível da dívida consolidada.

Resultado líquido afetado por custos e variação cambial

Apesar da melhora nos principais indicadores operacionais, o resultado líquido foi negativo. O prejuízo de US$ 16 milhões se deve, em grande parte, a perdas cambiais de US$ 70 milhões sobre dívidas em euro e ao aumento de custos com reestruturação e tecnologia. O fluxo de caixa operacional recuou 76%, para US$ 46 milhões, reflexo do maior investimento em A&R e despesas de capital.

Com caixa de US$ 527 milhões e dívida líquida de US$ 3,836 bilhões, a Warner anunciou ainda o pagamento de dividendos de US$ 0,19 por ação a serem distribuídos em setembro.

A gestão da Warner sinaliza que a combinação entre aposta em artistas em ascensão, valorização do catálogo e revisão dos contratos com plataformas deve continuar sendo o eixo central da empresa para manter o crescimento nos próximos trimestres.

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