Warner anuncia novo corte de empregos para economizar US$ 170 milhões

CEO da Warner, Robert Kyncl afirma que reestruturação é etapa final do plano para “preparar a empresa para o futuro” e priorizar investimentos em música.
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Nathália Pandeló
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A Warner Music Group anunciou nesta semana mais uma rodada de cortes em sua equipe global como parte de um plano de reestruturação que visa reduzir os custos anuais da empresa em US$ 300 milhões. Segundo comunicado enviado pelo CEO Robert Kyncl aos funcionários no dia 1º de julho, cerca de US$ 170 milhões dessa economia virão diretamente da redução de pessoal, enquanto os outros US$ 130 milhões serão provenientes da diminuição de despesas administrativas e com imóveis.

A medida é apresentada como a etapa final de uma série de transformações iniciadas desde que Kyncl assumiu o comando da companhia em janeiro de 2023. Desde então, a Warner já passou por sucessivos cortes e fusões internas, com impactos em diversas áreas da empresa. 

Em 2023, foram eliminados cerca de 270 cargos, seguidos por outras 600 demissões anunciadas em fevereiro de 2024. Na ocasião, a reestruturação afetou fortemente as divisões de mídia e conteúdo, que haviam sido ampliadas nos anos anteriores por meio de aquisições.

Kyncl justificou os cortes como necessários para “preparar a empresa para o futuro” e possibilitar “uma nova era de crescimento”. A estratégia mira a criação de equipes mais enxutas e ágeis, com foco local e suporte ampliado em marketing, distribuição, catálogo, merchandising e vendas diretas aos fãs. Ao mesmo tempo, a Warner pretende reforçar seu investimento em artistas e compositores, especialmente em centros culturais de alta relevância e catálogos com potencial duradouro.

Foco em aquisições e tecnologia

Além da reestruturação operacional, a empresa anunciou a criação de um fundo de US$ 1,2 bilhão em parceria com a Bain Capital para a aquisição de catálogos musicais. A iniciativa reflete a aposta da Warner em ativos de longo prazo, como músicas que possam gerar receitas recorrentes por décadas. Nos últimos meses, a companhia já havia adquirido os catálogos da Tempo e da startup RSDL como parte dessa estratégia.

No comunicado interno, Kyncl também destacou a importância da tecnologia nesse novo momento da Warner. Ele mencionou o lançamento do aplicativo WMG Pulse e melhorias na infraestrutura de dados e cadeia de suprimentos como pilares da transformação digital da empresa. A meta, segundo o CEO, é “superalimentar” as capacidades da Warner no desenvolvimento de artistas, compositores e catálogos, reforçando sua posição no setor fonográfico global.

Impacto ainda indefinido nos setores e regiões

Robert Kyncl, CEO da Warner
Robert Kyncl, CEO da Warner

Apesar da magnitude do anúncio, a Warner não especificou quantas vagas serão afetadas nesta nova rodada nem os departamentos ou regiões mais impactados. O plano deverá ser implementado em etapas ao longo dos próximos três meses, com ajustes adicionais previstos até o fim do ano fiscal de 2026.

De acordo com um documento protocolado na SEC (Securities and Exchange Commission), parte dos US$ 130 milhões de economia fora da folha de pagamento será obtida por meio da eliminação de custos atrelados aos funcionários desligados. O restante virá da redução de despesas gerais, administrativas e operacionais.

No memorando, Kyncl reconhece a dificuldade do momento e afirma: 

“Sabemos que esta notícia é difícil e desconcertante, e vocês terão muitas perguntas. Essas decisões não são tomadas levianamente. Será difícil nos despedirmos de pessoas talentosas e estamos comprometidos a agir com empatia e integridade.”

Aposta em artistas e renovação do modelo de negócios

Kyncl defende que, apesar dos cortes, o foco da Warner continua sendo a música. Ele ressaltou que, em 2025, artistas da gravadora ocuparam metade do Top 10 Global do Spotify durante dez semanas consecutivas, com liderança em quase todo o ano. O CEO afirma que esses hits atuais formam o “catálogo atemporal do futuro” e são prova de que a estratégia está funcionando.

A nova fase da Warner prevê um modelo mais colaborativo e eficiente, voltado à “descoberta de talentos, ao fortalecimento de marcas artísticas e ao desenvolvimento sustentável de carreiras”. 

Com um olhar mais estratégico para os investimentos em A&R (artistas e repertório), a empresa quer se diferenciar em um setor cada vez mais competitivo, que enfrenta transformações aceleradas impulsionadas por tecnologia e inteligência artificial.

A reestruturação também mira maior eficiência no uso dos recursos da companhia. Em suas palavras, Kyncl resumiu a visão para o futuro da Warner: 

“Precisamos continuar a evoluir. Essas mudanças nos permitem investir ainda mais em grandes talentos, potencializar nossa capacidade de lançar estrelas e aprofundar nossa construção de mundos em torno dos artistas. Foi para isso que essa empresa foi criada, é nisso que sempre fomos melhores e é assim que vamos nos diferenciar no futuro.”

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