A Universal Music Group (UMG) e a Music Health Alliance (MHA) lançaram um fundo para apoiar profissionais da música com atendimento em saúde mental. O anúncio amplia uma parceria que as duas organizações já mantinham há quatro anos.
Chamado de Music Industry Mental Health Fund, o projeto pretende ajudar tanto artistas quanto técnicos, produtores e outros trabalhadores da música nos Estados Unidos. Os serviços incluem desde indicações de psicólogos e psiquiatras até auxílio financeiro para cobrir parte dos custos do tratamento.
A fundadora e CEO da Music Health Alliance, Tatum Hauck Allsep, explicou:
“A Music Health Alliance possui os recursos abrangentes necessários para atender a todo o espectro das necessidades de saúde mental dos profissionais da indústria da música. Isso inclui assistência financeira, uma linha contínua de cuidados para a saúde mental e física e serviços complementares, como suporte psiquiátrico, facilitação de programas ambulatoriais intensivos e de internação, e coleta de dados. A abordagem holística da MHA garante um compromisso de longo prazo com a saúde, o bem-estar e a sustentabilidade da força de trabalho da indústria da música.”
Apoio vai além dos artistas da Universal Music
O fundo é aberto a qualquer profissional da música, sem exigência de vínculo com a UMG. A proposta é oferecer um atendimento rápido e personalizado, com retorno em até 24 horas após o primeiro contato.
Segundo a UMG, o fundo foi criado para facilitar o acesso à saúde mental e garantir continuidade no tratamento, caso o profissional não tenha condições financeiras para seguir com as consultas. A MHA, responsável pela execução do projeto, tem experiência no setor e atua há mais de 10 anos ajudando músicos e equipes de bastidores.
A diretora de impacto da UMG, Susan Mazo, disse:
“Temos trabalhado em maneiras de estabelecer um caminho simplificado para acesso à saúde mental, financiamento e planejamento de cuidados. Ampliar e continuar nossa parceria com Tatum e a Music Health Alliance foi a maneira mais natural de garantir um suporte contínuo e eficaz em saúde mental para qualquer pessoa que trabalhe em nossa indústria.”
Cobertura inclui diferentes áreas da saúde
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Além do suporte em saúde mental, a MHA oferece outros serviços, como auxílio odontológico, plano de saúde coletivo, suporte para idosos e orientação sobre seguros médicos. Esses atendimentos continuam sendo parte do pacote oferecido pela organização.
Desde o início da parceria com a UMG, cerca de mil profissionais já receberam apoio, e o programa ajudou a economizar aproximadamente US$ 12,5 milhões em despesas médicas. A expectativa é que o novo fundo amplie esse alcance, focando especialmente em tratamentos psicológicos e psiquiátricos.
Declaração de Chappell Roan reforça cobrança por segurança na indústria
A criação do fundo acontece em um momento em que as condições de trabalho e a falta de garantias básicas para artistas e profissionais da música têm gerado debates. Durante o Grammy 2025, a cantora Chappell Roan cobrou publicamente as gravadoras sobre salários dignos e acesso a planos de saúde.
Em seu discurso, ao receber o prêmio de Artista Revelação, Roan afirmou que, após ter sido dispensada de uma gravadora quando ainda era menor de idade, enfrentou dificuldades financeiras e ficou sem seguro de saúde. Ela defendeu que selos e empresas do setor garantam mais segurança para quem vive da música.
Chappell Roan e nova iniciativa de arrecadação
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Após o apelo no Grammy, Roan anunciou uma ação em parceria com a Backline, organização que também oferece suporte em saúde mental para artistas. A iniciativa, chamada “We Got You”, teve um pontapé inicial de US$ 25 mil, doados pela própria Roan. O valor cresceu com doações equivalentes de empresas como Live Nation e AEG, além dos artistas Charli XCX e Noah Kahan.
Esses movimentos evidenciam que a busca por apoio psicológico e melhores condições de trabalho tem ganhado espaço na indústria. A iniciativa da UMG e da MHA se conecta com essas demandas, ao propor um canal formal para que profissionais do setor encontrem suporte especializado.
Grandes gravadoras se movimentam, mas desafios seguem
Empresas como UMG têm adotado medidas para mostrar atenção aos cuidados com saúde e bem-estar dos profissionais. Ainda assim, o mercado da música segue com relatos frequentes de estresse, esgotamento e falta de segurança financeira, principalmente entre artistas em início de carreira.
Para executivos e empresários do setor, essas ações podem indicar mudanças na relação entre selos e artistas, mas também levantam dúvidas sobre como outros players do mercado vão reagir. Pequenos selos e artistas independentes, por exemplo, nem sempre conseguem acessar recursos semelhantes.
Apoio psicológico entra na pauta do mercado
A oferta de suporte psicológico e psiquiátrico se tornou um tema mais presente entre as gravadoras e os próprios artistas. Casos públicos de exaustão e afastamentos por questões de saúde mental, como os de Justin Bieber e Shawn Mendes, ampliaram o debate sobre a necessidade de mais atenção ao tema.
Programas como o Music Industry Mental Health Fund podem se tornar um modelo, mas o impacto real será medido pelo uso que profissionais da música farão desse tipo de suporte e pela adesão de outras empresas do setor.
Novas ações podem surgir no Brasil?
No Brasil, movimentos parecidos ainda são menos comuns. Artistas costumam relatar dificuldades para lidar com custos médicos e acessar tratamentos psicológicos. O tema tem sido discutido em rodas de conversa e painéis em festivais como o SIM São Paulo, mas ainda sem desdobramentos concretos em larga escala.
Executivos e produtores locais têm acompanhado os passos de empresas internacionais. O caminho seguido pela UMG nos Estados Unidos pode servir como referência, mas o cenário brasileiro apresenta desafios próprios, como a informalidade em boa parte das carreiras na música.