UBC distribui R$ 925 milhões em 2024 e lidera sistema de gestão coletiva

Relatório anual da UBC aponta recorde histórico na distribuição de direitos autorais e conexos, com destaque para crescimento no streaming e shows.
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Nathália Pandeló
UBC Relatório 2024
Crédito: Reprodução

A UBC (União Brasileira de Compositores) alcançou em 2024 o maior volume de distribuição de sua história, com R$ 925 milhões repassados a titulares de direitos autorais e conexos. O número representa mais de 62% do total distribuído pelo sistema do Ecad, que também bateu recorde de arrecadação no período, somando R$ 1,83 bilhão — alta de 12% em relação a 2023.

Os dados foram divulgados no Relatório Anual 2024 da UBC, publicado em maio de 2025. A entidade destacou o impacto direto do crescimento de segmentos como streaming, shows e cinema, além dos avanços em tecnologia, que possibilitaram maior agilidade na liberação de créditos e no combate a fraudes no sistema de gestão coletiva.

Streaming, shows e cinema lideram crescimento da arrecadação

Segundo o relatório, a principal fonte de receita para os titulares foi o streaming, com aumento de 18,2% na arrecadação. Os shows apresentaram crescimento de 20,8%, enquanto o segmento de cinema teve a maior variação percentual, com alta de 39,8%. Esses setores impulsionaram o volume total arrecadado pelo Ecad, beneficiando compositores, editoras, intérpretes e produtores fonográficos.

A UBC distribuiu R$ 769,2 milhões em direitos autorais (compositores e editoras) e R$ 145,5 milhões em direitos conexos (intérpretes e produtores). Outros R$ 9,76 milhões foram repassados a titulares brasileiros por meio de arrecadações feitas no exterior, graças a acordos com sociedades internacionais.

Liberação de valores retidos e ampliação do alcance

Números do relatório da UBC em 2024
Crédito: Reprodução

O ano também foi marcado pela liberação de R$ 121,6 milhões em créditos retidos, resultado direto do investimento da UBC em melhorias de sistema e validação de dados. No total, 243 mil titulares — sendo 30.610 brasileiros e 212.529 estrangeiros — receberam valores em 2024 por meio da entidade.

Esse desempenho foi viabilizado por avanços na estrutura tecnológica da organização, que registrou recordes de cadastros: 2,8 milhões de obras, 1,36 milhão de fonogramas e 21,6 mil cue sheets foram inseridos no sistema. A UBC também anunciou o início do desenvolvimento de soluções com inteligência artificial, previstas para serem implementadas a partir de 2025.

Projetos culturais e atuação institucional

Além dos resultados financeiros, a UBC destacou ações voltadas à valorização da cultura, equidade de gênero e formação profissional. Entre os destaques do calendário 2024 estão o Prêmio UBC, entregue a Rita Lee e Roberto de Carvalho; o SongCamp feminino do projeto “Por Elas Que Fazem a Música”; o Troféu Tradições em homenagem a Alaíde Costa; e a estreia da Medalha UBC, concedida a Fausto Nilo.

A entidade também lançou o podcast “Palavra de Autor”, com entrevistas sobre o processo criativo de compositores, e levou a UBC Jam para diferentes capitais, promovendo novos talentos. Todas essas ações reforçam o pilar cultural da instituição, que busca ampliar o espaço para criadores no mercado musical brasileiro.

Defesa do direito autoral e debate sobre inteligência artificial

O relatório também evidenciou a atuação da UBC em Brasília, especialmente no acompanhamento das discussões sobre uma nova Lei de Direito Autoral e o projeto de regulação da inteligência artificial. A entidade tem participado ativamente desses debates, defendendo os interesses dos titulares que representa.

“O volume gigantesco de dados que tratamos nos obriga a investir em tecnologia para atender a esse volume — e para que possamos identificar possíveis inconsistências ou tentativas de fraudes. A UBC implementou melhorias em sistemas e passou a exigir mais informações e documentação que validem os dados enviados a nós. Continuaremos investindo e trabalhando para que somente os reais proprietários cadastrem e usufruam dos rendimentos de suas obra”, afirmou Fabio Geovane, diretor de operações. 

Já o diretor-executivo Marcelo Castello Branco reforçou que os resultados financeiros são parte de um esforço contínuo: 

“Nossos resultados nos impulsionam a seguir investindo cada vez mais em tecnologia e ferramentas que promovam transparência e agilidade em tudo o que realizamos e entregamos. Nossos objetivos são claros: representar cada vez melhor aqueles que nos conferem o mandato de representação, preservando e ampliando seus direitos, além de conquistar cada vez mais espaço para suas obras e produções.”

Projeções e compromisso com inovação

Mesmo com uma possível desaceleração no ritmo de crescimento, a tendência é que a arrecadação continue alta em 2025. O desempenho de áreas como shows, streaming e audiovisual deve manter a distribuição em patamares elevados.

A UBC também deve seguir ampliando sua atuação nas frentes operacionais, com foco em melhorar o fluxo de cadastro, identificação de obras e liberação de valores. A complexidade do setor exige respostas ágeis e ajustes contínuos para garantir que os rendimentos cheguem a quem de fato tem direito.

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