O rapper e produtor Tyler, The Creator voltou ao topo das paradas com DON’T TAP THE GLASS, lançado no último dia 21 de julho. Com sonoridade que mistura hip-hop, dance, house, funk e techno, o disco conquistou números expressivos logo nas primeiras 24 horas: foram 47 milhões de streams globais, colocando todas as 10 faixas no Top 30 do Spotify Global. No Brasil, quatro músicas entraram no Top 200, mostrando que o impacto do álbum se estende também à América Latina.
O lançamento marca um movimento ousado do artista, que optou por não divulgar singles antecipadamente. Três dias antes da estreia, instalações artísticas surgiram durante a Chromakopia: The World Tour, com manequins em caixas de vidro e a frase “Don’t Tap The Glass”. Além disso, uma loja virtual com peças exclusivas foi lançada, alimentando a expectativa dos fãs. Nenhuma faixa ou parceria foi revelada oficialmente até a chegada do disco completo, o que contrasta com os planos de marketing mais tradicionais da indústria.
Estratégia fora do padrão
A divulgação de DON’T TAP THE GLASS seguiu uma lógica minimalista e ao mesmo tempo provocadora. Em vez de criar expectativa com trechos das músicas ou colaborações famosas, Tyler preferiu investir em uma escuta imersiva.
Um evento fechado para 300 convidados foi realizado em Los Angeles na véspera do lançamento, com proibição total de celulares. No dia seguinte, ele compartilhou em suas redes que aquele havia sido “um dos melhores dias da vida” e recomendou que o álbum fosse ouvido “em volume máximo, dançando, dirigindo ou correndo”.
Em uma declaração divulgada junto ao lançamento, o artista refletiu sobre o impacto das redes sociais na forma como as pessoas interagem com a música ao vivo.
“Perguntei a alguns amigos por que não dançam em público e eles disseram que é por medo de serem filmados. Pensei: uma forma natural de expressão virou fantasma. Me pergunto quanto do nosso espírito humano foi morto pelo medo de virar meme por estar se divertindo. Este álbum não foi feito para ficar parado”, escreveu Tyler.
Resultados imediatos
A aposta incomum deu certo. “Big Poe”, faixa de abertura do álbum, estreou direto na posição #2 do Spotify Global, seguida por “Sugar On My Tongue” (#6), “Sucka Free” (#9) e “Ring Ring Ring” (#11). No total, todas as dez faixas entraram no Top 30 mundial. O Brasil também respondeu bem ao lançamento: “Big Poe” aparece em #99 no Top 100 nacional, enquanto “Sugar On My Tongue” (#122), “Sucka Free” (#159) e “Ring Ring Ring” (#190) completam a presença no Top 200.
Além disso, o single “See You Again”, lançado em 2017, voltou a ganhar força nas plataformas e alcançou a posição #138 no Spotify Brasil, impulsionado pelo burburinho do novo trabalho.
Participações e clipe em alta
Apesar do mistério inicial, o álbum conta com participações de Pharrell Williams, Yebba e Madison McFerrin. A produção musical é assinada pelo próprio Tyler. O clipe da faixa “Stop Playing With Me” estreou poucas horas após o lançamento e já ocupa a quarta posição entre os vídeos em alta do YouTube Brasil. O vídeo conta com participações de LeBron James, Maverick Carter e do duo Clipse, formado pelos irmãos Pusha T e Malice.
Com apenas 28 minutos e 30 segundos de duração, DON’T TAP THE GLASS é o disco mais curto da carreira de Tyler e traz a menor quantidade de faixas entre seus álbuns. Mesmo assim, o projeto recebeu críticas positivas de veículos como Rolling Stone, Clash e The Line of Best Fit, que destacaram a coesão estética e a inventividade do artista.
Um projeto para sentir com o corpo
A proposta de Tyler vai além dos charts. O artista tem reforçado a ideia de que este disco deve ser vivido fisicamente, em movimento. “Este álbum não foi feito para ficar parado”, repetiu em diferentes canais.
Esse convite para uma escuta ativa e sensorial ajuda a explicar o entusiasmo dos fãs, que correram para ouvir o projeto completo no dia da estreia, sem a mediação dos algoritmos ou dos lançamentos em pílulas.
A escolha por uma estratégia direta ao ponto, com ênfase na experiência e na surpresa, mostra um caminho alternativo para grandes lançamentos em meio à lógica do streaming. Com números altos e uma recepção calorosa, DON’T TAP THE GLASS consolida Tyler, The Creator como um dos poucos artistas capazes de mobilizar audiências globais com projetos autorais, sem depender de fórmulas prévias ou colaborações virais.
- Leia mais:
- Funk ocupa o circuito alternativo com festas que misturam baile e performance eletrônica
- Roblox abre nova frente de licenciamento e pode transformar engajamento de artistas na plataforma
- ONErpm celebra 15 anos e CEO defende novo modelo para a indústria musical
- Compras de ingressos antecipadas ganham força entre jovens e mudam dinâmica do mercado
- Prime Video aposta em série documental sobre Marília Mendonça e reforça tendência de biografias musicais
