Tyla passa a ocupar uma nova posição dentro do mercado internacional com o anúncio de uma parceria entre a HYBE e seus empresários, Brandon Hixon e Colin Gayle. O acordo marca a entrada estruturada da companhia sul-coreana no mercado africano e coloca a cantora como o primeiro nome apoiado pela iniciativa.
Na prática, não há mudança no empresariamento da artista. Tyla segue sendo gerenciada diretamente por Hixon e Gayle, enquanto a HYBE entra como parceira global, oferecendo suporte em áreas como turnês, marketing, estratégia digital, produção de conteúdo, desenvolvimento artístico e parcerias de marca. A ideia é dar escala internacional ao trabalho já existente, sem interferir na identidade ou no comando criativo da carreira.
O movimento acontece em um momento em que a música africana deixou de ser tendência pontual para se consolidar como força no mercado global. Afrobeats e Amapiano circulam hoje com naturalidade entre charts, redes sociais e trilhas sonoras, impulsionados principalmente por plataformas como TikTok, YouTube e Reels do Instagram.
A estratégia da HYBE para além do K-pop
A expansão para a África segue a lógica de crescimento internacional da HYBE nos últimos anos. A empresa já estabeleceu operações no Japão, nos Estados Unidos, na América Latina, na China e, mais recentemente, na Índia, sempre combinando presença local com sua estrutura global de distribuição e marketing.
No continente africano, porém, a abordagem muda. Em vez de aplicar modelos de formação inspirados no K-pop desde o início, a companhia opta por trabalhar com gestores que já conhecem profundamente o território e com uma artista em plena atividade internacional. A leitura é clara: o mercado africano já tem vozes fortes, público e relevância global. O que a HYBE quer oferecer é mais estrutura para sustentar esse crescimento.
Para Jason Jaesang Lee, CEO da HYBE, a parceria responde diretamente a esse momento.
“Estamos entusiasmados em firmar parceria com arquitetos culturais como Brandon Hixon e Colin Gayle, cuja visão é essencial para impulsionar o forte momento da arte africana no palco global.”
Em outro trecho do anúncio, o executivo deixa explícito o peso estratégico da iniciativa.
“Esta parceria representa um momento decisivo na estratégia de expansão global da HYBE.”
Além de Tyla, o acordo prevê a criação de uma incubadora de talentos, com possibilidade de contratação de novos artistas africanos e da diáspora ao longo do tempo, além de projetos em diferentes frentes criativas.
Tyla como ponto de partida

A escolha de Tyla como primeiro nome da parceria funciona quase como uma síntese do que esse projeto pretende construir. A artista reúne impacto cultural, desempenho comercial e presença global de forma rara dentro do cenário africano contemporâneo.
O single “Water” chegou ao 7º lugar da Billboard Hot 100, venceu o Grammy de Best African Music Performance em 2024 e ultrapassou a marca de 1 bilhão de streams em menos de dois anos. Foi também a primeira canção de uma artista solo sul-africana a entrar no ranking norte-americano em mais de cinco décadas.
Seu álbum de estreia, “Tyla”, alcançou a 24ª posição da Billboard 200, fazendo dela a artista africana solo feminina mais bem colocada da história do chart. Já “Chanel”, lançado em outubro de 2025, entrou no Billboard Global 200 e superou 100 mil unidades vendidas nos Estados Unidos em seu primeiro mês.
Para Brandon Hixon, que acompanha a carreira da cantora desde 2018, a parceria ajuda a destravar novos caminhos internacionais.
“Nosso trabalho sempre foi conectar grandes artistas com o mundo da maneira certa. A HYBE traz uma perspectiva global que complementa a forma como eu e Colin construímos carreiras. Juntos, podemos ajudar artistas a circular livremente e contar suas histórias nos maiores palcos.”
Um mercado em crescimento constante
O interesse da HYBE na África também se apoia em dados concretos. Segundo o Global Music Report 2025 da IFPI, a África Subsaariana cresceu 22,6% em receita no último ano e superou, pela primeira vez, a marca de US$ 100 milhões anuais. Já o Norte da África contribuiu para a alta de 22,8% da região do Oriente Médio e Norte da África (MENA).
Esse avanço ajuda a explicar por que grandes grupos globais passaram a olhar para o continente com mais atenção. Para Colin Gayle, o desafio agora é crescer sem perder conexão com a origem.
“Estamos entrando em um momento em que artistas africanos têm potencial ilimitado. Com o apoio colaborativo da HYBE, podemos ajudá-los a expandir seu alcance sem perder as raízes que tornam essa música extraordinária.”
Ao colocar Tyla no centro dessa estratégia, a parceria sinaliza um modelo cada vez mais comum na indústria: menos imposição de formatos prontos e mais colaboração com quem já constrói cultura localmente. Um desenho que tende a definir os próximos passos da música africana no mercado internacional.
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