A terceira temporada de The White Lotus chegou ao fim em 6 de abril e, além da repercussão da trama, provocou um salto nas audições de músicas que compõem a trilha sonora da série. Entre clássicos do soul e hinos religiosos natalinos, o último episódio teve impacto direto nos números de plataformas de streaming, seguindo uma tendência já observada em outros sucessos da TV.
Assim como ocorreu com a redescoberta de Kate Bush após sua música “Running Up That Hill” ser usada em Stranger Things, ou com o aumento de popularidade do Metallica entre gerações mais jovens graças à mesma série da Netflix, o caso de The White Lotus evidencia como as trilhas podem influenciar o comportamento dos ouvintes nas plataformas digitais.
Não por acaso, uma onda de playlists reunindo os sons ouvidos ao longo da temporada tomou conta das plataformas de streaming. A movimentação impulsionada pela série da HBO é mais um exemplo de como a televisão pode ampliar o alcance de músicas antigas e também reforçar o valor de composições originais.
Trilha do episódio final dispara em plataformas
O episódio final da terceira temporada de The White Lotus, exibido no domingo (6), trouxe duas músicas que registraram aumentos expressivos em seus streams no dia seguinte, segundo dados da Luminate.
A faixa “Nothing From Nothing”, de Billy Preston, somou 64 mil streams sob demanda nos Estados Unidos em 7 de abril, um crescimento de 353% em relação à segunda-feira anterior. Já a canção “Lo, How a Rose E’er Blooming”, dos Cathedral Singers, viu um salto ainda maior, com aumento de 867% e um total de 6.600 reproduções.
A trilha original da série também registrou crescimento. A faixa “Enlightenment (Main Title Theme)”, composta por Cristóbal Tapia de Veer para a terceira temporada, mais que dobrou em reproduções diárias, passando de 27 mil streams em 31 de março para 55 mil em 7 de abril.
Já “Renaissance (Main Title Theme)”, da temporada anterior, teve aumento de 74% nos streams semanais. Afinal, uma reclamação constante ao longo do terceiro ano da série criada por Mike White foi a mudança radical do tema de abertura.
Conflito entre criador e compositor também gerou interesse
O impacto no streaming não se deve apenas ao desfecho da temporada, mas também à controvérsia envolvendo o criador da série, Mike White, e o compositor Cristóbal Tapia de Veer.
O músico anunciou publicamente que não retornará para a quarta temporada, expondo discordâncias com o showrunner, que respondeu à altura. A troca de farpas ganhou destaque nas redes sociais e contribuiu para aumentar a visibilidade da trilha da série, especialmente das faixas assinadas por Tapia de Veer.
Apesar do tom polêmico, o interesse pelas músicas reforça a relevância do trabalho do compositor canadense, cuja abordagem não convencional foi uma das marcas da identidade sonora da série desde a primeira temporada. Resta saber se os episódios futuros manterão o mesmo apelo musical sem a presença do artista responsável pelos temas principais.
Além do destaque que a música tem em The White Lotus desde sua primeira temporada, este ano o elenco teve um reforço considerável: Lalisa Manobal, uma das integrantes do fenômeno do K-Pop BLACKPINK, marcou presença constante na tela como uma das funcionárias do luxuoso resort tailandês.

TV e streaming: conexão direta com a música
A associação entre produções audiovisuais e aumento de audições em plataformas digitais já se tornou uma tendência consolidada. Casos como o da música “Dreams”, do Fleetwood Mac, que voltou às paradas após viralizar no TikTok, ou “Master of Puppets”, do Metallica, que ganhou destaque após tocar em Stranger Things, mostram como a mídia pode impulsionar faixas que estavam fora do radar das novas gerações.
Com The White Lotus, o destaque vai tanto para a trilha incidental quanto para músicas de catálogo, o que amplia o potencial de redescoberta de artistas antigos e reforça a importância do licenciamento musical para as plataformas de streaming. O resultado pode ser positivo tanto para os intérpretes quanto para os serviços que investem na curadoria de trilhas de impacto.
Licenciamento musical ganha nova importância
Para profissionais do setor musical, a crescente valorização das trilhas sonoras nas produções de TV e cinema abre novas possibilidades de receita e exposição. Músicas que seriam pouco ouvidas fora do contexto visual ganham nova vida e atingem públicos diversos, muitas vezes com picos repentinos de consumo.
Os dados da Luminate ajudam a medir esse efeito. Eles também servem como referência para gravadoras, editoras e distribuidores que veem no licenciamento uma estratégia de longo prazo para manter catálogos relevantes. No caso de The White Lotus, o impacto foi imediato, tanto nas músicas populares quanto nas composições originais.
No contexto brasileiro, as já tradicionais trilhas de novela ganham novos desdobramentos na era do streaming, com plataformas como Globoplay e Max ampliando o catálogo de criações originais brasileiras. Assim, uma nova frente de trabalho se delineia ao longo dos últimos anos para artistas e editoras.
The White Lotus amplia interesse por faixas antigas e sons da Tailândia
O impacto musical de The White Lotus vai além da escolha de clássicos internacionais. A série também contribuiu para ampliar o interesse por músicas ligadas ao ambiente em que foi gravada.
Com a terceira temporada ambientada na Tailândia, faixas que exploram elementos da música tradicional do país registraram aumentos significativos nas plataformas digitais. Segundo dados da Luminate, houve um crescimento de 240% nas buscas por faixas categorizadas como “ambient tailandês” nos dias seguintes à estreia do primeiro episódio, em comparação com a semana anterior. Embora esse gênero raramente figurasse entre os mais escutados fora da Ásia, a série ajudou a ampliar sua visibilidade em mercados como Estados Unidos, Reino Unido e Brasil.
Esses dados mostram que a força musical da série não se limita à curadoria de clássicos. O uso estratégico da trilha sonora também tem servido para introduzir ao público estilos e sonoridades menos difundidos, como a música ambiente com instrumentos típicos do Sudeste Asiático.
Ao explorar um novo território geográfico e sonoro a cada temporada, The White Lotus tem funcionado como uma vitrine para músicas que, em outras circunstâncias, dificilmente ganhariam destaque global.
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