Spotify lança transições personalizadas em playlists para competir com Apple

Nova função permite que usuários Premium criem mixagens com efeitos de fade, blend e ajustes manuais, ampliando a experiência do Spotify.
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Nathália Pandeló
Spotify lança ferramenta de transição de músicas
Spotify lança ferramenta de transição de músicas (Crédito: Divulgação)

O Spotify anunciou o lançamento de uma nova função para usuários Premium que promete mudar a forma como as playlists são ouvidas. O recurso, ainda em fase beta, possibilita a criação de transições personalizadas entre faixas, com efeitos de fade, rise ou blend, em uma clara resposta ao AutoMix, ferramenta que o Apple Music prepara para integrar ao iOS 26.

A novidade está acessível por meio do botão “Mix” presente na barra de ferramentas de qualquer playlist. A partir daí, o usuário pode escolher transições automáticas ou configurar manualmente os pontos de corte, ajustando volume, equalização e efeitos. O aplicativo também exibe dados de waveform e BPM (batidas por minuto), o que ajuda a identificar os trechos ideais para emendar uma faixa na outra.

Disputa com Apple Music

O lançamento ocorre semanas após o anúncio da Apple, que apresentou o AutoMix como uma função capaz de “transicionar de uma música para outra como um DJ, usando técnicas de time stretching e beat matching”. 

Enquanto a proposta da Apple é baseada em inteligência artificial, o Spotify optou por oferecer mais controle humano, permitindo que o ouvinte escolha entre opções pré-definidas ou personalize as transições.

A empresa indica que o recurso funciona melhor em gêneros como house e techno, pensados para serem mixados de forma contínua. Ainda assim, destaca que a função também pode ser útil em diferentes contextos, como treinos, viagens de carro ou festas, quando o objetivo é manter a energia constante e evitar as pausas entre as músicas.

Ferramenta voltada para superfãs

A nova ferramenta permite personalizar as transições de músicas no Spotify
A nova ferramenta permite personalizar as transições de músicas no Spotify (Crédito: Divulgação)

Relatórios publicados no início do ano já apontavam que o Spotify trabalhava em um novo nível de assinatura chamado Music Pro, voltado para superfãs. Entre as funções previstas estavam áudio de maior qualidade, acesso antecipado a ingressos e ferramentas de mixagem. 

Embora não esteja claro se as transições lançadas agora fazem parte desse pacote, analistas veem a fase beta como uma forma de testar a aceitação antes de decidir se o recurso ficará disponível apenas em um plano superior.

A possibilidade de salvar e compartilhar playlists com transições, além de convidar amigos para colaborar, amplia o uso social da plataforma. Outro atrativo é a personalização da capa das playlists com adesivos e rótulos exclusivos, recurso que complementa a experiência de customização iniciada em 2024.

Crescimento e reajustes de preços

A estreia das transições acontece em um momento de expansão do Spotify. No segundo trimestre de 2025, a empresa registrou 276 milhões de assinantes Premium, oito milhões a mais do que no trimestre anterior. No total, considerando também usuários gratuitos, a base mensal atingiu 696 milhões. A receita global somou 4,193 bilhões de euros, um crescimento de 15% em relação ao ano anterior.

No entanto, esse avanço veio acompanhado de reajustes de preços em diversas regiões, como América Latina, Ásia e Europa. A empresa justificou que “para continuar inovando em nossos produtos e recursos e oferecer a melhor experiência, ocasionalmente atualizamos nossos preços”. O lançamento de novas funções, como as transições, reforça o argumento de que o valor adicional é revertido em melhorias na plataforma.

Um ano movimentado para o Spotify

Daniel Ek, CEO do Spotify
Daniel Ek, CEO do Spotify. Foto: Divulgação

O recurso de transições personalizadas foi desenhado para atrair os tão valorizados superfãs e aumentar o tempo de escuta. A possibilidade de ajustar manualmente os efeitos ou optar por presets como “Fade”, “Rise” e “Blend” coloca o usuário no centro da experiência, permitindo que playlists de corrida, viagens ou festas tenham continuidade, sem pausas. A aposta segue a estratégia de valorizar o plano Premium em um cenário cada vez mais competitivo entre as plataformas de streaming. Os números recentes confirmam a relevância dessa estratégia. 

Ao mesmo tempo, a plataforma enfrenta pressões externas. O CEO Daniel Ek tem sido criticado por investir, por meio do fundo Prima Materia, na empresa alemã de tecnologia militar Helsing, especializada em sistemas de inteligência artificial para defesa. Em protesto, artistas como Deerhoof, Xiu Xiu e King Gizzard & the Lizard Wizard retiraram seus catálogos do Spotify, denunciando a associação com a indústria bélica e questionando o modelo de remuneração da plataforma. 

Esse contexto reforça a importância de iniciativas como as transições personalizadas, que buscam engajar usuários e manter assinantes diante de uma base cada vez mais atenta às práticas da empresa.

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