Os artistas brasileiros geraram mais de R$ 1,6 bilhão em royalties no Spotify ao longo de 2024, segundo dados divulgados hoje (28) pela plataforma de streaming. O número representa um crescimento de 31% em relação a 2023, superando o desempenho do mercado fonográfico brasileiro como um todo, que cresceu 21,7% no mesmo período, conforme o relatório da IFPI Brasil. Quando se considera apenas o segmento de streaming, o crescimento do setor foi de 22,5%, ainda abaixo da evolução registrada especificamente dentro do Spotify.
As informações somam ao relatório Loud & Clear 2025, com os números mais expressivos da plataforma no decorrer do ano anterior. Esse avanço também reflete uma tendência de longo prazo. Desde 2021, os royalties pagos a artistas brasileiros na plataforma mais que dobraram, evidenciando o crescimento consistente da receita digital no país.
O valor de 2024 também é cinco vezes maior que o registrado em 2018 e nove vezes superior ao de 2017, revelando como o ambiente digital se consolidou como a principal fonte de receita para grande parte do mercado musical brasileiro.
Artistas brasileiros dominam ranking nacional da plataforma
Além do crescimento financeiro, os dados divulgados pelo Spotify mostram que a presença de artistas brasileiros nas paradas da plataforma também se intensificou. Em 2024, 84% das faixas que ocuparam o Top 50 diário do Spotify Brasil foram lançadas por artistas nacionais. O dado comprova a força do repertório local no gosto do público brasileiro e o protagonismo da música nacional nas plataformas digitais.
Esse índice de ocupação nas paradas representa uma consolidação do domínio de faixas brasileiras no ranking, refletindo tanto a diversidade regional da produção musical quanto a preferência dos usuários do país. Com a ampla adesão do público às plataformas de streaming, a visibilidade e o alcance desses artistas se ampliaram de forma contínua, tanto no mercado interno quanto externo.
Descobertas impulsionam artistas nacionais

Outro indicador relevante para entender o crescimento da cena brasileira no Spotify é o número de vezes que os artistas locais foram descobertos por novos ouvintes. Em 2024, os artistas brasileiros foram descobertos quase 11,8 bilhões de vezes por novos ouvintes na plataforma, número que representa um aumento de 19% em relação a 2023.
Esse volume de descobertas está relacionado ao funcionamento dos algoritmos de recomendação da plataforma e ao aumento do consumo em playlists editoriais e personalizadas. Ferramentas como o “Radar de Novidades”, “Descobertas da Semana” e playlists regionais vêm contribuindo para expor novos artistas e fortalecer a audiência de nomes consolidados.
A descoberta de novos artistas é uma etapa estratégica no ciclo de consumo musical e costuma impactar diretamente o crescimento das bases de fãs e, consequentemente, a geração de receitas com streaming, shows e sincronizações. O dado mostra que a audiência brasileira continua aberta a novidades, o que amplia o espaço para diversidade de estilos e regiões.
Números reforçam papel do Spotify na profissionalização do setor
O avanço nas receitas e descobertas também evidencia o papel do Spotify como uma das principais ferramentas de distribuição e monetização para músicos brasileiros. Embora o debate sobre remuneração no streaming continue sendo pauta entre artistas, gravadoras e plataformas, os dados de 2024 mostram que há um crescimento efetivo da receita gerada para quem distribui sua música digitalmente — especialmente para quem consegue estruturar bem sua presença nas plataformas.
O crescimento dos royalties acompanha a expansão da base de usuários pagantes e da penetração da internet em diferentes regiões do Brasil. Esses fatores, aliados à profissionalização dos lançamentos e estratégias de marketing digital, ajudaram a ampliar o alcance dos artistas e a consolidar o streaming como o principal modelo de consumo de música no país.
A tendência, ao que tudo indica, é de continuidade nesse ritmo de crescimento, especialmente diante de uma base de ouvintes cada vez mais digitalizada, algoritmos mais eficientes na promoção de faixas e maior autonomia dos artistas para gerirem seus próprios lançamentos.
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