A IDW Company, agência criativa brasileira especializada em conteúdo e entretenimento, tem sido uma das principais responsáveis por conectar o público brasileiro a grandes nomes da música internacional. Sob liderança de Potyra Lavor, fundadora e CEO, a empresa foi a produtora da única edição do Club Renaissance na América Latina, que trouxe Beyoncé a Salvador em 2023, além de nomes como Erykah Badu, Victoria Monét, Lianne La Havas e, mais recentemente, Jorja Smith, que fará show solo em São Paulo em outubro e participará do AFROPUNK Brasil 2025, em Salvador.
A IDW também prepara a estreia da cantora nigeriana Tems no Brasil, vencedora de dois Grammy Awards, além de contar no portfólio com eventos itinerantes como o AFROPUNK Experience, que passará pelo Maranhão em agosto.
Há seis anos no mercado, a agência se posiciona como um hub de intercâmbio cultural, aproximando artistas globais e talentos brasileiros em produções que movimentam o entretenimento e a economia local.
Impacto cultural e econômico no Brasil
Para Potyra, trabalhar com música sempre foi mais do que entretenimento: é também impacto social e econômico.
“Eu acho que todo mundo que trabalha com música, de algum modo, é um apaixonado, né? Eu sou uma apaixonada, sem dúvida. Desde o início, a gente procura na IDW unir projetos mesmo que cruzam música, diversidade, impacto cultural. Acho que, especialmente quando a gente está falando de Brasil, esse são conceitos que têm que andar lado a lado”, afirmou em entrevista exclusiva ao Mundo da Música.
Ela destaca a importância de descentralizar o mercado e gerar oportunidades em diferentes regiões.
“A gente tem uma riqueza cultural absurda no nosso país. Acho que quando a gente une a música, a diversidade, realizando impacto cultural e econômico também – porque acho que a gente precisa trazer mais esse lado do negócio mesmo, que procura descentralizar, que procura fazer com que o dinheiro circule na mão de outras pessoas – a gente tem um mercado menos concentrado, e isso é bem importante para qualquer setor, especialmente em um país como o nosso.”
Bastidores do Club Renaissance com Beyoncé

A produção do Club Renaissance em Salvador, única edição na América Latina, marcou a trajetória da IDW e de sua fundadora. Potyra conta que a experiência teve um peso muito maior do que a realização de um show internacional.
“Certamente foi uma experiência única mesmo, com a própria edição em si. E, assim como tive a oportunidade de falar com a própria Beyoncé, acho que todo o projeto e a forma como ele foi conduzido, o fato dele ser produzido por uma empresa como a nossa, acho que ela deu um grande recado ao mercado, sabe? É muito maior do que o que ela já construiu ali, de fazer uma ação especial, de ter vindo especialmente para prestigiar os fãs brasileiros, mas a forma, aquilo que a gente costuma falar muito na nossa empresa, a forma como a gente faz as coisas é o que muda, sabe? Mais importante do que às vezes o que você está realizando.”
Ela também reforça o significado de ter sido escolhida pela Parkwood Entertainment e pela TV Globo para comandar o projeto.
“Para a gente, uma empresa majoritariamente feminina, com um time em sua maioria negro e de pessoas vindo do nordeste do Brasil, ser escolhida pela Parkwood Entertainment e TV Globo para realizar esse projeto, foi especialíssimo. Acho que o que a gente conseguiu viver e ver ali, durante aqueles quatro ou cinco dias intensos de pré-produção e do evento em si, foi, de alguma maneira, a gente viu na própria Parkwood – uma empresa liderada por mulheres, por uma grande artista negra, e a forma de trabalhar, muito competente, meticulosa, cuidadosa, mas extremamente amorosa também. Então, isso pra gente é muito importante, o respeito.”
Salvador no mapa global

O AFROPUNK Brasil, realizado anualmente em Salvador, tem sido um dos principais motores para recolocar a cidade no circuito internacional de shows. Além de Jorja Smith, a edição de 2025 contará com Sister Nancy e Tems, reforçando o compromisso da IDW com a diversidade e a representatividade negra.
“Como alguém que é de Salvador, a gente sempre sofreu muito por isso, de ser uma praça muito difícil para a realização de shows internacionais. Então, hoje, dentro do AFROPUNK, a gente mantém os shows internacionais em Salvador muito no compromisso mesmo de quebrar um pouco isso, de fazer uma nova construção nesse mercado, de conquistar esse público também lá na cidade de Salvador,” afirmou Potyra.
Ela destaca a importância de criar uma reputação internacional para a cidade e para os profissionais locais.
“Acho que hoje o AFROPUNK é o maior fator de visibilidade internacional, em termos de festivais de música, para Salvador, sem dúvidas. E a gente já está começando a ter um efeito que é muito interessante, porque tudo é reputação e entrega. Por mais que artistas internacionais gostem de vir ao Brasil, obviamente a gente tem que vencer primeiro a barreira de negociação, que não é fácil – ainda mais hoje, com o dólar como está, é muito difícil mesmo, mas seguimos firme com o apoio das nossas marcas, que são elas que viabilizam isso para o público. E temos observado que alguns artistas de fora estão pedindo para se apresentar no festival”, complementa.
Potência feminina e transformações no mercado
A presença de artistas femininas negras como Melly, Ebony e Duquesa no line-up do AFROPUNK Brasil reflete o olhar curatorial da IDW. Para Potyra, há sinais otimistas de transformação no mercado musical brasileiro.
“Desde a primeira edição do festival, a curadoria é construída nesse olhar da gente ter uma maioria de artistas femininas. É uma preocupação nossa e a gente faz todo um estudo para montar um line-up. São estudos de gênero, de regiões do Brasil, de musicalidade,” explicou.
Ela acredita que o mercado está mais aberto e menos preconceituoso, e que a força do trabalho dessas artistas contribui para romper barreiras.
“A gente tem uma cena atual feminina potentíssima com Melly, Ebony, Duquesa, e vemos, com certo otimismo, uma velocidade maior na carreira dessas artistas. Acho que até um tempo atrás, demorava muito mais, vemos que o mercado está mais aberto, menos preconceituoso, até porque a força do trabalho dessas artistas rompe barreiras. Ficamos muito felizes de ver esse movimento e eu acho que tem muito mais gente boa vindo aí mesmo, muitas mulheres incríveis que estão dominando a cena, e no Brasil, hoje, a gente tem uma cena feminina mais potente mesmo.”
Liderança feminina e novos caminhos

Com quase três décadas de carreira no mercado de mídia e entretenimento, Potyra compartilha aprendizados como mulher empreendedora em um setor ainda predominantemente masculino. Quando perguntada que conselhos daria para outras mulheres que sonham em atuar no entretenimento e na cultura, ela pontua:
“Acho que é confiar na sua intuição e não se adaptar às formas que o mercado entende como padrão – tem que ser assim ou assado, sabe? Eu acho que fazer as coisas também do seu jeito. Durante toda a minha carreira profissional e, há seis anos empreendendo, em algum momento ali no início, fui levada a tentar me adaptar a um estilo de liderança, uma forma de fazer, mas isso nunca foi natural pra mim.”
Ela enfatiza a importância de assumir o próprio estilo de liderança.
“Acho que a partir do momento que assumi o meu jeito de fazer as coisas, as nossas verdades, que a gente tem dentro da empresa e que não necessariamente são as verdades de outras empresas ou do que o mercado entende, a gente se libertou e tem sido bem sucedida até então. É uma forma de trabalhar no entretenimento, que é um mercado, de modo geral, ainda muito centralizado e muito masculino.”
Olhando para o futuro
A IDW se prepara para anunciar novidades para o segundo semestre, com novos projetos previstos para 2026. Além dos shows internacionais e do fortalecimento de festivais, a agência continua gerenciando a carreira da cantora Larissa Luz, com foco em projetos audiovisuais e parcerias com marcas.
Com uma trajetória marcada por intercâmbios culturais, apostas ousadas e liderança feminina, a IDW reafirma sua posição como agente transformador no cenário musical brasileiro. Salvador, por sua vez, segue ganhando protagonismo na rota de artistas globais, reforçando sua importância como centro cultural e econômico na América Latina.
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