Olivia Dean transformou em notícia global um problema que vinha se arrastando há anos no mercado de ingressos. A cantora britânica, uma das artistas mais comentadas de 2025 graças ao álbum “The Art of Loving”, criticou abertamente a Ticketmaster, a Live Nation e a AEG depois que os ingressos para sua turnê norte-americana apareceram em plataformas de revenda por mais de 14 vezes o valor original. Alguns chegaram a ultrapassar US$ 1.000, o que provocou reação imediata dos fãs e acendeu um alerta sobre a forma como o setor lida com revendedores, bots e preços inflacionados.
A resposta da Ticketmaster veio dias depois, com o anúncio de que reembolsaria quem pagou acima do preço original e limitaria a revenda para todos os shows da artista em sua plataforma. A decisão também trouxe discussões mais amplas sobre um mercado dominado por poucas empresas, marcado por investigações, críticas públicas e disputas envolvendo artistas e autoridades governamentais.
Repercussão das críticas de Olivia Dean
A venda dos ingressos para a turnê de Olivia Dean, realizada em 21 de novembro, durou minutos. Em seguida, valores muito acima do original começaram a aparecer no mercado secundário. Ela escreveu:
“Ticketmaster, Live Nation, AEG: vocês estão oferecendo um serviço repugnante. Os preços pelos quais vocês estão permitindo que os ingressos sejam revendidos são vis e completamente contra nossos desejos. A música ao vivo deve ser acessível e precisamos encontrar uma nova maneira de tornar isso possível. SEJAM MELHORES”.
A artista reforçou o posicionamento horas depois:
“O mercado secundário de ingressos é um espaço exploratório e não regulamentado, e nós, como indústria, temos a responsabilidade de proteger as pessoas e nossa comunidade”.
Em outra mensagem, ela agradeceu o engajamento dos fãs e pediu atenção para possíveis golpes durante a procura por entradas esgotadas. A resposta de Michael Rapino, CEO da Live Nation Entertainment, veio em comunicado oficial. Ele declarou:
“Nós compartilhamos o desejo de Olivia de manter a música ao vivo acessível e garantir que os fãs tenham o melhor acesso a ingressos acessíveis”.
Segundo ele, a empresa tomou medidas para “liderar pelo exemplo”, mesmo sem poder obrigar outras plataformas a respeitarem o teto solicitado.
A Ticketmaster ativou o Face Value Exchange, mecanismo que garante revendas limitadas ao valor original e sem cobranças extras. Também informou que os reembolsos serão processados até 10 de dezembro, absorvendo a diferença paga pelos consumidores.
Outros artistas entram no debate

Embora Olivia Dean tenha sido a voz mais recente a colocar o tema no centro das discussões, ela não está sozinha. Nomes como Coldplay, Dua Lipa, Hayley Williams e Chappell Roan já havia se manifestado nos últimos meses. Em alguns casos, como nos shows de Williams e Roan, o teto de revenda foi aplicado desde o início da venda.
No Reino Unido, o governo anunciou que ingressos para música, teatro, comédia, esporte e outros eventos não poderão mais ser revendidos acima do preço original. A decisão veio após uma carta assinada por artistas de grande alcance pedir ações contra valores considerados “extorsivos e perniciosos”. O objetivo citado no documento é simples: devolver confiança ao público e democratizar o acesso às artes.
Em nova mensagem publicada na sequência do anúncio da Ticketmaster, Olivia Dean declarou:
“Cambistas roubam dos artistas e roubam dos fãs. Eles criam desigualdade e histeria”.
Ela também destacou que, para muitos artistas, existe a falsa impressão de que não há escolha, mas que limitar a revenda ao valor original “é um direito”.
Investigações e pressões sobre o setor de ingressos

O movimento iniciado por Olivia Dean ganhou ainda mais força porque coincide com um período conturbado para a Ticketmaster e para a Live Nation. Nos Estados Unidos, a Federal Trade Commission (FTC) processou as empresas alegando práticas enganosas, incluindo a atuação de bots que compram grandes volumes de ingressos e os revendem mais caros. Também há questionamentos sobre transparência, taxas consideradas excessivas e a própria estrutura de mercado que concentra operações de venda, promoção e produção de shows em poucos grupos.
Dentro dessa dinâmica, movimentos de artistas, políticas públicas e ações de consumidores se tornaram parte da tentativa de reestruturar um sistema que enfrenta dificuldades em equilibrar demanda, combate a fraudes e preços compatíveis com o poder de compra do público.
A situação coloca Olivia Dean como um dos nomes que somam a essa pressão em 2025. O impacto comercial da artista, que tem quatro músicas simultaneamente no Top 20 britânico e oito semanas do álbum no Top 5, contribuiu para a repercussão internacional do caso. Seu posicionamento também entra no debate sobre como artistas podem participar mais ativamente das decisões sobre ingressos, desde regras de revenda até negociações com plataformas parceiras.
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