A Infinite Reality, empresa especializada em tecnologias imersivas e inteligência artificial, anunciou a aquisição do Napster por US$ 207 milhões. O valor corresponde a aproximadamente US$ 1,1 bilhão na cotação atual. A transição de propriedade acontece poucas semanas após a startup completar uma rodada de investimentos de US$ 3 bilhões. Isso elevou sua avaliação de mercado para US$ 12,25 bilhões.
A aquisição representa mais um marco na trajetória da plataforma que revolucionou o consumo de música no final dos anos 1990. Sob nova direção, o Napster deve passar por uma transformação radical, saindo do modelo convencional de streaming para se tornar uma plataforma social com experiências em realidade estendida, combinando entretenimento musical, interação comunitária e oportunidades comerciais integradas.
Nova fase para um ícone digital
A Infinite Reality planeja desenvolver ambientes virtuais tridimensionais onde artistas e fãs poderão se conectar. A proposta inclui a realização de shows digitais, festas de lançamento de álbuns e espaços personalizados para interação. O modelo de negócios incorporará tanto a venda de produtos físicos quanto digitais, itens colecionáveis virtuais e conteúdos exclusivos para fãs.
Jon Vlassopulos, atual CEO do Napster e ex-diretor global de música do Roblox, continuará liderando a plataforma. Em comunicado oficial, ele destacou:
“O Napster revolucionou a música digital nos anos 90 e agora, com a Infinite Reality, estamos prontos para fazer isso novamente. A internet evoluiu dos desktops para os celulares, dos celulares para as redes sociais, e agora estamos entrando na era imersiva. No entanto, o streaming de música permaneceu praticamente o mesmo. É hora de reinventar o que é possível”, declarou Vlassopulos.
Desafios no cenário competitivo atual

Esta transação ocorre em um momento de profundas transformações no setor musical. Enquanto serviços consolidados continuam dominando o mercado tradicional de streaming, artistas e gravadoras buscam constantemente novas formas de engajamento e monetização com seu público. A aposta da Infinite Reality é que experiências sociais em ambientes virtuais possam oferecer soluções inovadoras para essas demandas.
No entanto, o Napster enfrenta desafios. No primeiro trimestre deste ano, várias distribuidoras e gravadoras relataram atrasos nos pagamentos de royalties pela plataforma. A nova administração precisará conciliar suas ambiciosas metas tecnológicas com as obrigações financeiras do negócio de streaming já estabelecido, garantindo a sustentabilidade do modelo.
Trajetória marcada por adaptações
A história do Napster é uma narrativa de constante reinvenção. Fundado em 1999 como serviço pioneiro de compartilhamento de arquivos, a plataforma enfrentou intensas batalhas legais com a indústria musical no início dos anos 2000.
Após seu fechamento original, passou por diversas transições de propriedade: foi adquirido pela Roxio em 2002, pela Best Buy em 2008 e pela Rhapsody em 2011, sempre buscando se adaptar às mudanças do mercado.
Nos últimos cinco anos, o Napster mudou de mãos entre empresas focadas em tecnologias emergentes – desde a realidade virtual (com a MelodyVR) até o blockchain (com o consórcio Hivemind/Algorand).
Esta nova aquisição pela Infinite Reality consolida o posicionamento da plataforma como um laboratório permanente de inovação tecnológica no setor musical.
Jon Vlassopulos complementou:
“Imagine entrar em um espaço virtual para assistir a um show exclusivo com amigos, conversar com seu artista favorito em seu ambiente virtual pessoal enquanto ele lança seu novo single e poder comprar diretamente seus produtos exclusivos, tanto digitais quanto físicos.”
“Com a expertise da Infinite Reality em tecnologia 3D imersiva, transformaremos o Napster em uma plataforma de próxima geração onde os fãs não apenas ouvem música sozinhos – eles vivenciam a música de maneiras totalmente novas. Isso não é apenas um novo capítulo para o Napster, é o começo de uma experiência musical mais interativa e social para a próxima era da internet”, concluiu o executivo.
Estratégia de integração do Napster com o ecossistema existente

A Infinite Reality possui um portfólio diversificado que inclui parcerias estratégicas com a Drone Racing League e diversos estúdios de produção de conteúdo. Esses ativos devem ser integrados progressivamente ao ecossistema do Napster, criando sinergias entre diferentes formas de entretenimento digital. A empresa também conta com um grupo de investidores de peso no setor de tecnologia e entretenimento.
John Acunto, CEO da Infinite Reality, explicou o pensamento estratégico por trás da aquisição:
“Eu acredito firmemente que a relação entre artistas e fãs está evoluindo, com fãs buscando acesso hiperpersonalizado e íntimo a seus artistas favoritos, enquanto os artistas procuram formas inovadoras de aprofundar conexões com os fãs e acessar novas fontes de receita. Estamos criando a plataforma musical definitiva onde os artistas podem prosperar na próxima onda de disrupção digital.”
Perspectivas e desafios futuros
O sucesso desta nova fase dependerá fundamentalmente da capacidade de transformar a visão em experiências concretas que agreguem valor tanto para artistas quanto para o público consumidor.
Com licenças para mais de 100 milhões de faixas e um histórico de US$ 1 bilhão em pagamentos a artistas, o Napster mantém uma posição relevante no ecossistema digital da música.
Enquanto o conceito de metaverso musical ainda busca seu modelo sustentável e escalável, esta nova encarnação do Napster poderá indicar caminhos promissores para o futuro do negócio da música em ambientes digitais imersivos.
Impacto potencial na indústria musical
Especialistas do setor observam com atenção esta movimentação, que pode sinalizar uma nova fase na digitalização da indústria musical. A combinação do histórico do Napster com os recursos tecnológicos da Infinite Reality cria possibilidades interessantes para a evolução do consumo musical digital.
No entanto, questões práticas como a monetização efetiva dessas experiências, a proteção dos direitos autorais em ambientes imersivos e a aceitação do público permanecem como desafios a serem superados. O desempenho desta nova fase do Napster servirá como termômetro importante para o potencial de crescimento deste segmento.