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Mudança no design do YouTube reduz hostilidade contra mulheres criadoras

Estudo analisa os impactos da ocultação de dislikes no YouTube e aponta aumento na produção de conteúdo por mulheres.
Picture of Nathália Pandeló
Nathália Pandeló
YouTube na tela de um celular
(Crédito: Free Stocks)

Em novembro de 2021, o YouTube implementou uma alteração em sua interface, ocultando a contagem pública de ‘não gostei’ nos vídeos. Um estudo recente conduzido pela pesquisadora Marita Freimane, da Universidade de Zurique, analisou os efeitos dessa mudança, indicando que ela alterou comportamentos na plataforma e diminuiu a quantidade de feedback negativo direcionado a mulheres criadoras.

Antes da alteração, os vídeos de mulheres recebiam 43% mais ‘dislikes’ do que os de homens, segundo os dados levantados pela pesquisa. Após a mudança, essa diferença foi reduzida, e as criadoras passaram a receber 57% menos feedback negativo.

Alteração no comportamento dos usuários

Freimane destacou que as contagens públicas de ‘não gostei’, em muitos casos, funcionavam como um incentivo para ataques coordenados contra mulheres criadoras. Grupos organizados utilizavam o recurso como forma de desestimular a produção de conteúdo, criando um ambiente de hostilidade.

A pesquisadora explicou que ocultar essa métrica diminuiu o impacto desses ataques, já que os usuários deixaram de visualizar os números que incentivavam a replicação de comportamentos negativos. A análise reforça que mudanças no design de plataformas podem influenciar a interação entre as pessoas que as utilizam.

Carolina Are, pesquisadora do Centro de Cidadãos Digitais da Universidade de Northumbria, aponta que ferramentas como ‘likes’ e ‘dislikes’ foram criadas para melhorar a experiência online, mas podem ser utilizadas de forma prejudicial. Segundo ela, ajustes em recursos desse tipo podem gerar resultados positivos em plataformas digitais.

Reflexos na produção de conteúdo

Mulher criadora de conteúdo no YouTube
Crédito: Cotton Bro

A pesquisa também indicou que a mudança no YouTube levou a um aumento de 8,4% na quantidade de vídeos produzidos por mulheres. O estudo sugere que a redução de feedbacks negativos trouxe maior confiança para as criadoras continuarem publicando vídeos.

Além disso, a demanda por conteúdos produzidos por mulheres cresceu 15,5%, com reflexos diretos na geração de receita. O estudo estima que as criadoras possam ter registrado ganhos adicionais de até US$ 3.100 mensais devido ao aumento de engajamento.

Possibilidades para outras plataformas

O estudo sugere que medidas similares poderiam ser aplicadas em outras plataformas digitais, como TikTok e Twitch. Segundo Freimane, pequenas mudanças em ferramentas de interação podem impactar tanto a oferta de conteúdo quanto a forma como ele é recebido pelos usuários.

A decisão do YouTube, inicialmente criticada por parte da comunidade, trouxe reflexos amplos para a experiência de criadores de conteúdo. Os resultados da pesquisa oferecem subsídios para que outras plataformas considerem ajustes semelhantes, com potencial de promover um ambiente digital mais equilibrado.

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