Mercado fonográfico brasileiro cresce 21,7% e fatura R$ 3,4 bilhões em 2024, afirma Pro-Música

O mercado fonográfico nacional cresce acima da média global pelo oitavo ano consecutivo, mantendo o Brasil entre os dez maiores mercados musicais do mundo.
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Nathália Pandeló
Pro-Música apresenta relatório anual de mercado fonográfico brasileiro (Crédito: Reprodução)
Pro-Música apresenta relatório anual de mercado fonográfico brasileiro (Crédito: Reprodução)

O relatório anual da Pro-Música (Produtores Fonográficos Associados) divulgado hoje (18), revela que o mercado fonográfico brasileiro registrou um crescimento expressivo em 2024, atingindo um faturamento total de R$ 3,486 bilhões. O avanço de 21,7% em relação ao ano anterior consolidou o Brasil na 9ª posição no ranking da Federação Internacional da Indústria Fonográfica (IFPI), reforçando a importância do setor na economia criativa nacional. 

Esse desempenho reflete uma tendência de crescimento que vem se mantendo pelo oitavo ano consecutivo, superando a média global e colocando o país entre os mercados mais dinâmicos da música gravada.

A digitalização e a expansão das plataformas de streaming foram fatores determinantes para esse crescimento. O Brasil conseguiu se adaptar rapidamente às mudanças no consumo musical, tornando-se um dos principais mercados para serviços de streaming. 

A consolidação das plataformas digitais permitiu que artistas brasileiros alcançassem audiências maiores, enquanto o setor fonográfico viu um aumento na monetização de conteúdo.

O impacto do streaming no mercado fonográfico

O crescimento do setor foi impulsionado pelo streaming, que representou 87,6% das receitas totais da indústria musical no Brasil. O faturamento do segmento atingiu R$ 3,055 bilhões, um aumento de 22,5% em relação a 2023. 

As assinaturas de serviços como Spotify, Deezer, Apple Music, YouTube Music, Napster e Amazon Music somaram R$ 2,077 bilhões, registrando um salto de 26,9%. Já as receitas geradas por streaming com anúncios cresceram 8,3%, alcançando R$ 479 milhões.

O segmento de vídeos musicais interativos, financiados exclusivamente por publicidade, arrecadou R$ 499 milhões, uma alta de 20,3%. A crescente presença de conteúdo em plataformas como YouTube e redes sociais tem ampliado as oportunidades de monetização para artistas e produtores de conteúdo, fortalecendo a economia digital da indústria musical brasileira.

Segundo Paulo Rosa, Presidente da Pro-Música Brasil: 

“O setor fonográfico brasileiro seguiu crescendo em 2024, em ritmo ainda maior que o verificado nas estatísticas de 2023, apesar de um quarto trimestre turbulento, com a disparada do dólar naquele momento e o aumento das perspectivas de inflação, taxa Selic, etc. O fato é que a disponibilização de quase 200 milhões de gravações musicais nas principais plataformas de streaming musical a um preço acessível e com funcionalidades cada vez mais interessantes para os consumidores brasileiros têm demonstrado que o modelo ganha cada vez mais popularidade no Brasil, até em ritmo mais acelerado que em vários dos principais mercados de música gravada no mundo. […] É, portanto, cada vez mais importante e fundamental o papel das empresas de tamanhos e nichos musicais diversos, que produzem, investem e promovem a música brasileira, com alcance nacional e global, várias delas associadas ou afiliadas à Pro-Música Brasil. Bom destacar ainda, que das mil gravações mais acessadas no streaming musical brasileiro, nada menos que 76% é de música brasileira”.

Crescimento acima da média global

Dados da Pro-Música mostram o crescimento e a dependência do streaming no mercado fonográfico (Crédito: Reprodução)
Dados da Pro-Música mostram o crescimento e a dependência do streaming no mercado fonográfico (Crédito: Reprodução)

No contexto internacional, o IFPI Global Music Report, também divulgado hoje, revelou que a indústria mundial cresceu 4,8% em 2024, movimentando US$ 29,6 bilhões. O streaming de áudio por assinatura aumentou 9,5%, alcançando 752 milhões de usuários pagantes globalmente. O Brasil se destacou com um crescimento superior à média global, refletindo a expansão das plataformas digitais e a crescente demanda por serviços de streaming no país.

Esse crescimento acelerado demonstra o potencial do mercado fonográfico brasileiro, que tem atraído investimentos e parcerias internacionais. O país tem sido cada vez mais reconhecido como um polo estratégico para a música global, impulsionando tanto a exportação de artistas nacionais quanto a diversificação do repertório consumido pelo público brasileiro.

Outras fontes de receita

Em 2024, a arrecadação de direitos conexos de execução pública para artistas, músicos e produtores fonográficos totalizou R$ 386 milhões, um crescimento de 14,9%. As receitas de sincronização, que envolvem o licenciamento de músicas para publicidade, cinema, séries e jogos, cresceram 36%, somando R$ 19 milhões.

Com a crescente digitalização, o mercado fonográfico também viu um aumento na busca por novas formas de monetização. A inclusão de músicas em campanhas publicitárias, trilhas sonoras e outras mídias audiovisuais tem se tornado uma fonte relevante de receita para o setor, impulsionando ainda mais o crescimento da indústria fonográfica.

Vinil em alta e retomada do mercado físico

Embora represente uma parcela pequena da indústria, o mercado físico também registrou crescimento, alcançando R$ 21 milhões em faturamento, um aumento de 31,5%. O vinil se consolidou como o formato físico mais vendido, movimentando R$ 16 milhões e registrando um crescimento de 45,6%. As vendas de CDs somaram R$ 5 milhões, enquanto DVDs e outros formatos tiveram participação menor.

A crescente popularidade do vinil reflete uma tendência global de valorização dos formatos físicos por colecionadores e fãs de música. Esse movimento também impulsionou o crescimento de lojas especializadas e feiras dedicadas à venda de discos, reforçando o papel do mercado físico como um segmento de nicho relevante.

Desafios e perspectivas para o setor

O avanço da digitalização trouxe novos desafios para o mercado fonográfico. A manipulação artificial de streams, identificada como um problema crescente, levou a Pro-Música Brasil e a Associação Protetora dos Direitos Intelectuais Fonográficos do Brasil (APDIF) a bloquearem mais de 70 sites de impulsionamento ilegal nos últimos dois anos. Medidas judiciais também resultaram no fechamento da maior plataforma internacional de venda de manipulação de popularidade e streams musicais.

A música brasileira segue dominando o mercado interno, representando 76% do Top 1000 das faixas mais reproduzidas no país. O cenário indica que o Brasil continuará crescendo acima da média global, impulsionado pelo fortalecimento das plataformas digitais e pelos investimentos no setor. O relatório da Pro-Música destaca a resiliência e a expansão da indústria, consolidando o país como um dos principais polos da música mundial.

De acordo com Eduardo Rajo, Diretor Financeiro e de Novos Negócios: 

“O desempenho do mercado fonográfico brasileiro em 2024 reforça sua posição como um dos mais dinâmicos do mundo e demonstra que a música nunca foi tão acessível aos fãs como hoje em dia. As gravadoras desempenham um papel estratégico nesse cenário, buscando adaptar-se aos enormes avanços tecnológicos, que trazem tanto oportunidades quanto desafios, investindo continuamente em seus artistas, em novas tecnologias para criação de novas possibilidades e em novos formatos de monetização que beneficiam toda a cadeia produtiva da música. Com a consolidação do mercado digital, especialmente o streaming, o setor segue bem posicionado para um crescimento ainda mais robusto nos próximos anos”, conclui.

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