Que o mercado de inteligência artificial vive um momento de grande crescimento, ninguém duvida. Agora, os dados confirmam: startups que desenvolvem tecnologias para criar textos, imagens, músicas e outras mídias levantaram US$ 56 bilhões em 2024. O número representa um aumento de 192% em relação ao ano anterior, segundo dados da PitchBook reportados pelo TechCrunch. Foram 885 negócios fechados no ano, consolidando a inteligência artificial gerativa como um dos setores mais visados por investidores.
A maior parte do dinheiro veio de fundos de venture capital nos Estados Unidos, que concentraram US$ 49,8 bilhões do total. Apesar disso, empresas de outros países também atraíram atenção. Startups como a chinesa Moonshot AI, que levantou US$ 1 bilhão, e a francesa Mistral, com US$ 640 milhões, mostram que o mercado está se expandindo para além do eixo tradicional.
Música e IA: startups em crescimento
No setor musical, a presença da inteligência artificial também vem chamando atenção. Startups como a Soundraw, que recebeu US$ 3 milhões, e a Created By Humans, com US$ 5 milhões captados, são exemplos de empresas que começam a explorar o potencial dessa tecnologia. O destaque do ano foi a Suno, que arrecadou US$ 125 milhões em sua rodada de investimento. Especializada em criação musical por IA, a empresa também enfrentou complicações legais, sendo processada por grandes gravadoras devido ao uso de tecnologias controversas.
A combinação de música e IA está ganhando força, mas também gerando debates sobre questões éticas e legais. Enquanto startups tentam se estabelecer, gigantes como Google e Microsoft continuam investindo pesado em inteligência artificial, reforçando a disputa por espaço nesse mercado em expansão.
Empresas que trabalham com IA gerativa para música enfrentam um cenário promissor, mas desafiador. A inovação tecnológica precisa acompanhar as expectativas de investidores e, ao mesmo tempo, encontrar soluções para questões de direitos autorais e licenciamento, que se tornam cada vez mais complexas.
Infraestrutura recebe os maiores aportes
Outro ponto que marcou o ano foi o aumento dos investimentos em infraestrutura para inteligência artificial. Startups que desenvolvem data centers e outras tecnologias de suporte tiveram um papel importante nos números de 2024. A Crusoe, por exemplo, captou US$ 600 milhões, enquanto a Lambda recebeu US$ 320 milhões.
Essas empresas são essenciais para sustentar o crescimento do setor. Com a alta demanda por modelos de IA mais sofisticados, a necessidade de infraestrutura se tornou um dos principais focos de investidores. Projeções da KKR indicam que os investimentos globais em data centers podem atingir US$ 250 bilhões por ano nos próximos anos, refletindo a importância desse segmento no ecossistema de inteligência artificial.
Além disso, empresas de infraestrutura têm menos exposição ao risco de saturação que afeta startups mais focadas em produtos finais. Enquanto muitas empresas competem para oferecer ferramentas similares, as fornecedoras de suporte tecnológico têm garantido rodadas de investimento mais estáveis e atraentes.
Desafios para o mercado de IA
Apesar dos números impressionantes, especialistas apontam que o mercado de inteligência artificial generativa enfrenta desafios importantes. O analista Ali Javaheri, da PitchBook, acredita que o setor pode se saturar com o grande número de startups entrando em áreas semelhantes. Segundo ele, a pressão para mostrar resultados financeiros concretos deve aumentar, especialmente à medida que os investidores começam a exigir mais retorno sobre o capital aplicado.
Outro ponto levantado é o alto custo de operação. As startups que buscam desenvolver modelos de IA mais avançados precisam de recursos financeiros muito altos para se manterem competitivas. Muitas empresas podem não conseguir acompanhar o ritmo necessário, abrindo espaço para uma consolidação no mercado.
O futuro do setor
Para 2025, a expectativa é de que o mercado de inteligência artificial continue em expansão, mas com mudanças importantes. A busca por diferenciação deve se intensificar, e empresas que não apresentarem soluções inovadoras podem perder espaço.
No setor musical, as startups precisam não apenas inovar tecnologicamente, mas também resolver questões legais que podem dificultar sua operação. Processos judiciais como o enfrentado pela Suno mostram que o uso de IA para criar músicas ainda precisa superar barreiras regulatórias e ganhar mais aceitação no mercado.
Apesar disso, os números de 2024 mostram que a inteligência artificial generativa segue como uma das áreas mais promissoras para investidores. Com aportes recordes, o mercado tem potencial para transformar diversos setores, desde música até infraestrutura tecnológica. O desafio agora é manter o ritmo de crescimento e encontrar formas de se adaptar às demandas de um mercado cada vez mais competitivo.
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