O K-Pop ganhou novos protagonistas em 2025, mas, desta vez, vindos direto das telas. As bandas virtuais Huntr/X e Saja Boys, criadas para a animação “Guerreiras do K-Pop” da Netflix, estão entre os nomes mais ouvidos no mundo em plataformas como Spotify, Apple Music e YouTube. As músicas “Golden” (atualmente a segunda mais ouvida globalmente) e “Your Idol” dividem espaço nos rankings globais com artistas como Drake e BLACKPINK.
O álbum foi lançado pela Republic Records e conta com nomes de peso da cena K-Pop nos bastidores, incluindo produtores, compositores e cantores renomados. O grupo Twice, por exemplo, participa em algumas faixas, trazendo um ar de familiaridade ao projeto. No YouTube, os números também impressionam: “Golden” teve 51,3 milhões de visualizações em uma semana, enquanto “Soda Pop”, do Saja Boys, ultrapassou 41,5 milhões.
Atualmente, os artistas fictícios já ultrapassaram o próprio Twice no Spotify: Huntr/X soma 22 milhões de ouvintes mensais, Saja Boys chegam a 18 milhões e Twice mantém 19 milhões.
Bandas fictícias têm longa história
O sucesso de personagens animados na música não é novidade. Um exemplo clássico são Alvin e os Esquilos, criados nos anos 1950, que renderam discos, filmes e até turnês.
Outro nome marcante é a banda britânica Gorillaz, que desde o fim dos anos 90 mistura animação com músicos reais, criando hits como “Feel Good Inc”, que recentemente ultrapassou a marca de um bilhão de visualizações no YouTube.
Projetos como esses unem música e narrativa para cativar fãs de diferentes públicos. Mais recentemente, grupos como K/DA, inspirado no jogo League of Legends, mostraram a força dos avatares no universo pop. Mas Huntr/X e Saja Boys chegam em outro patamar, impulsionados pelo alcance global do K-Pop e pelo sucesso das produções coreanas na Netflix.
Avatares já fazem parte do K-Pop

O uso de avatares no K-Pop não começou com Huntr/X e Saja Boys. Um exemplo importante é o grupo aespa, criado pela SM Entertainment, que estreou em 2020 com a proposta de unir integrantes reais a suas versões virtuais, chamadas “ae”. Cada uma das quatro artistas ganhou uma contraparte digital que participa dos videoclipes, performances e narrativas do universo expandido criado para a banda (embora hoje essas versões digitais apareçam cada vez menos).
O conceito chamou atenção não só pela inovação tecnológica, mas também pela forma como foi integrado ao marketing, aos produtos e à construção de marca. Desde a estreia com o single “Black Mamba”, as integrantes virtuais ajudam a explorar temas de identidade digital e realidade aumentada, assuntos que vêm ganhando espaço no pop.
Além do aespa, outros projetos na Coreia do Sul também apostam em personagens digitais. O girl group MAVE:, criado em 2023 pela Kakao Entertainment, é composto inteiramente por integrantes virtuais. As músicas e videoclipes são desenvolvidos com tecnologia de animação e inteligência artificial, levantando discussões sobre os limites entre realidade e ficção na música pop.
Esses exemplos mostram que o K-Pop já vinha explorando o cruzamento entre música, tecnologia e storytelling antes do fenômeno “Guerreiras do K-Pop”. O diferencial do projeto da Netflix está em levar essa combinação para o público global por meio de uma série animada, destacando a colaboração aberta com artistas reais e mantendo o processo criativo no centro da experiência.
Diferentes das bandas criadas por IA
Mesmo com visual digital, essas bandas não fazem parte da onda de projetos feitos com inteligência artificial que vem gerando polêmica no mercado musical. Enquanto iniciativas como The Velvet Sundown levantam debates sobre automatização de vozes e composições, Huntr/X e Saja Boys têm equipes humanas responsáveis por tudo: das letras aos vocais. Os músicos por trás das faixas são creditados publicamente.
Essa diferença é importante. As bandas de “Guerreiras do K-Pop” não levantam questionamentos sobre direitos autorais nem ameaçam o modelo de remuneração de artistas reais, como acontece em alguns casos envolvendo IA. Elas ampliam as possibilidades de criação e consumo cultural, conectando séries, música e streaming.
Impacto no mercado e nos fãs
As gravadoras vêm apostando cada vez mais em trilhas sonoras como produtos próprios, não apenas como complemento ao audiovisual. E os fãs abraçam essa mistura: criam fanarts, covers, coreografias e alimentam discussões online sobre os personagens.
Para artistas reais, projetos como esse abrem novas portas. Eles podem participar como convidados, colaborar em produções ou até explorar novas formas de apresentar suas músicas. No K-Pop, onde visual, coreografia e narrativa sempre caminharam juntos, essa mistura parece uma extensão natural.
Um fenômeno que promete crescer
O sucesso de Huntr/X e Saja Boys indica que é possível surgirem mais projetos desse tipo nos próximos anos. A indústria do entretenimento busca constantemente novas maneiras de engajar o público, e bandas fictícias oferecem um pacote completo: personagens carismáticos, histórias envolventes e músicas que grudam na cabeça.
Embora alguns apontem para o risco de saturação com tantas criações digitais, a boa recepção dos grupos de “Guerreiras do K-Pop” mostra que há espaço para ideias bem executadas.
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