Neste domingo (2), o tradicional bloco Filhos de Gandhy desfilou pelo circuito Batatinha, no Centro Histórico de Salvador, em um espetáculo de resistência cultural e preservação das tradições afro-brasileiras. O desfile, marcado pelo uso de turbantes brancos, colares azuis e o som imponente dos atabaques, foi uma verdadeira celebração da ancestralidade e da força da cultura negra no contexto do Carnaval da Bahia. Este ano, o evento contou com um apoio fundamental do programa Ouro Negro, uma iniciativa do Governo do Estado da Bahia que visa apoiar e fortalecer as manifestações culturais afro-brasileiras.
Fundado em 1949, o bloco Filhos de Gandhy é um dos mais emblemáticos do carnaval baiano, sendo sinônimo de resistência e fé. Sua origem remonta à ideia de transmitir as mensagens de paz e fraternidade do líder indiano Mahatma Gandhi, sendo, ao mesmo tempo, uma exaltação da cultura afro-brasileira. Ao longo das décadas, o bloco se consolidou como um dos maiores representantes da luta contra o racismo e a desigualdade social, sendo um marco da presença negra no cenário do carnaval.
Vestidos com trajes brancos, os integrantes do bloco Filhos de Gandhy desfilam de forma pacífica, ao som do afoxé, simbolizando a força da tradição afro-baiana. O afoxé, um gênero musical que mistura cânticos e ritmos de origem africana, é o carro-chefe da apresentação, e, ao longo do desfile, suas melodias contagiam os foliões que acompanham a festa nas ruas de Salvador. A cada ano, o bloco reafirma seu compromisso com a preservação da cultura negra, sendo uma plataforma de visibilidade para os temas da ancestralidade e da resistência.

O apoio do Programa Ouro Negro
Este ano, o desfile dos Filhos de Gandhy recebeu um apoio crucial por meio do programa Ouro Negro, uma iniciativa do Governo do Estado da Bahia que destina recursos para a valorização e o fortalecimento de manifestações culturais afro-brasileiras, especialmente durante o período do carnaval. O programa foi criado com o intuito de dar suporte a blocos afro, afoxés e outras entidades culturais que desempenham um papel fundamental na preservação e na promoção da cultura negra no estado.
Em 2025, o Ouro Negro atingiu um investimento recorde de R$ 15 milhões, o maior valor desde sua criação. Esse aporte financeiro tem sido fundamental para garantir que as manifestações culturais afro-brasileiras continuem a ocupar o espaço que merecem no cenário carnavalesco e na sociedade de forma geral. Segundo o vice-governador da Bahia, Geraldo Junior, o apoio do programa é essencial para o resgate da raiz da cultura do povo baiano e para a manutenção da tradição do Carnaval. “É a maior edição do Ouro Negro desde a sua criação. Agradecer ao governador Jerônimo Rodrigues pela sensibilidade do resgate da raiz da cultura, do nosso povo e da nossa gente”, afirmou.
O programa também é uma ferramenta importante para democratizar o acesso à cultura, permitindo que mais pessoas tenham a oportunidade de vivenciar as manifestações de um dos maiores patrimônios culturais do Brasil. “Um bloco de respeito, que simboliza a paz e é conhecido no mundo. Nós temos muito valor. Meu esporte é o Gandhy”, afirmou o folião Elício da Conceição, destacando o impacto cultural do bloco e a importância do apoio estadual.

O desfile dos Filhos de Gandhy é mais do que uma simples festa de carnaval. Ele é um ato de resistência e afirmação cultural. A cada ano, o bloco reafirma seu compromisso com a luta pela igualdade racial e pela valorização das tradições afro-brasileiras. A presença do programa Ouro Negro nesse contexto é fundamental para garantir que manifestações como a do Gandhy continuem a existir e prosperar, sendo uma expressão autêntica da cultura do povo negro e da Bahia.
Além disso, a realização de desfiles como o dos Filhos de Gandhy ajuda a fortalecer a identidade de uma população que, historicamente, foi marginalizada. A visibilidade proporcionada por programas como o Ouro Negro permite que as vozes e as culturas afro-brasileiras sejam ouvidas e respeitadas em um cenário ainda marcado por desigualdades sociais e raciais. O bloco, portanto, cumpre uma função social importante, servindo como um símbolo da luta por respeito, igualdade e justiça.
Outro ponto positivo do desfile do Filhos de Gandhy foi a ampliação do acesso popular ao evento. O apoio do Ouro Negro contribui para que mais pessoas possam acompanhar as apresentações, independentemente de sua classe social, oferecendo uma festa inclusiva e acessível. A ideia de democratizar o Carnaval baiano, tornando-o um espaço de celebração para todos, reforça a importância do investimento público na cultura. Dessa forma, a festa de rua se torna um palco onde as tradições podem ser transmitidas e vivenciadas por pessoas de diferentes origens e histórias.
O desfile de 2025 foi, portanto, uma reafirmação do papel dos Filhos de Gandhy como um ícone cultural e um agente de transformação social. Ao lado do apoio do programa Ouro Negro, a festa não apenas celebrou a cultura afro-brasileira, mas também reforçou a necessidade de continuar lutando pela valorização e preservação das tradições que formam a base da identidade baiana e brasileira.