Julho é um mês especial para o funk em São Paulo, com o Dia Estadual do Funk em 7 de julho e o Dia Nacional do Funk em 12 de julho. Aproveitando o período, a Secretaria Municipal de Cultura e Economia Criativa tem reforçado políticas públicas dedicadas à cena. Entre as iniciativas estão o lançamento do projeto Pega Visão, credenciamento de artistas, consulta pública para editais e debates sobre o impacto do gênero na moda e nas artes.
Na última semana, foi iniciado um mapeamento de artistas ligados ao universo do gênero, incluindo MCs, DJs, teatro, dança, audiovisual, oficinas, grafite, literatura e moda. O objetivo é identificar novos talentos para integrar a programação dos equipamentos culturais municipais. As inscrições são gratuitas e feitas online.
No dia 8 de julho, a Galeria Olido recebeu a consulta pública sobre o Edital de Fomento a Festivais, reunindo integrantes da comunidade para discutir demandas e sugestões. Para quem não pôde comparecer, a versão online será disponibilizada em breve no portal Participe Mais.
Na mesma data, a Biblioteca Mário de Andrade promoveu a palestra “Intelectualidades periféricas na moda – O funk e a quebrada como o centro do mundo”, destacando como a estética das periferias influencia o estilo, comportamento e arte no Brasil.
Projeto Pega Visão conecta artistas e jovens

No fim de junho, foi lançado o projeto Pega Visão, resultado da parceria entre a SMC, a Kondzilla e a GR6. A proposta é realizar encontros presenciais gratuitos em periferias paulistanas, com rodas de conversa entre artistas do funk, trap e rap e jovens moradores locais. A primeira parada foi em Heliópolis, com participação de nomes como MC Livinho.
“Ações como essa são muito importantes, elas fazem a diferença. Eu espero sempre conseguir motivar os jovens da periferia com a minha história”, afirmou o cantor.
Larissa Victoria Santos, de 11 anos, moradora de Heliópolis e aluna do Instituto Baccarelli, comentou:
“Ter esse projeto aqui em Heliópolis é muito emocionante. Porque aqui dentro da favela, precisamos disso”.
Histórico das políticas públicas
Desde 2023, São Paulo conta com a Coordenadoria de Políticas Públicas do Funk, criada pela Secretaria Municipal de Cultura e Economia Criativa. A iniciativa marcou a legitimação do gênero como expressão cultural da cidade e permitiu transformar demandas em ações concretas.
O lançamento da coordenadoria levou o funk ao palco do Theatro Municipal pela primeira vez, reunindo nomes como DJ Marlboro, Tati Quebra Barraco, Cidinho, MC Hariel, MC Marks, MC Neguinho do Kaxeta e MC Davi. Na ocasião, MC Davi afirmou:
“Estou muito feliz, o funk agradece pela grandeza e importância do Theatro Municipal e da nossa cidade. Vamos mostrar que o funk tem qualidade e conteúdo”.
As datas que celebram o gênero

O Dia Estadual do Funk, comemorado em 7 de julho em homenagem ao MC Daleste, reforça a importância do gênero no estado. Já o Dia Nacional do Funk, em 12 de julho, relembra o primeiro Baile da Pesada, realizado no Rio de Janeiro em 1970, que marcou a popularização do estilo no Brasil.
O gênero chegou ao país nos anos 1970, influenciado por bailes de soul e funk americanos. Entre as décadas de 1980 e 1990, surgiu o funk carioca, com letras em português retratando a vida nas favelas. Nos anos 2000, o gênero conquistou as rádios, as novelas e gerou vertentes como o ostentação, além de revelar grandes nomes femininos como Anitta e Ludmilla.
Representatividade e impacto social
Atualmente, o funk é um dos gêneros mais consumidos no Brasil, dominando rankings de streaming e alcançando públicos diversos. Em 2023, dados de mercado apontaram que o funk liderava as paradas nacionais por meses consecutivos, ficando à frente de gêneros como sertanejo e pop. Apesar disso, a cena ainda passa por desafios para acessar recursos, editais e espaços institucionais, permanecendo, muitas vezes, à margem das iniciativas culturais formais.
As políticas afirmativas lançadas pela Secretaria de Cultura representam avanços importantes, mas não apagam a forma desigual como o gênero é tratado fora desses contextos. O reconhecimento oficial ainda caminha ao lado de um cenário marcado por preconceitos e barreiras estruturais que impactam artistas e comunidades ligadas ao funk.
Mas para o secretário de Cultura e Economia Criativa, Totó Parente, essas iniciativas reforçam o papel social do gênero.
“Esses projetos mostram que cultura é transformação. Os jovens se veem nos MCs e percebem que é possível sonhar e realizar. A música é uma escola potente de empreendedorismo, criação e superação”.
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