Próximo de completar dois anos, o selo Labbel Records, voltado para o trap dentro da produtora Boogie Naipe, que gerencia as carreiras de Mano Brown e Racionais MC’s, tem fincado raízes e mostrado seu potencial na cena. Focado em mapear e direcionar a carreira de novos talentos da música, funcionando como uma gestora e aceleradora de artistas, o selo deu mais um passo nesse caminho com o lançamento do seu canal oficial no YouTube.
“O principal objetivo com o canal é realmente trazer cada vez mais independência para a Labbel fazer os seus próprios projetos, seja com os próprios artistas ou com nomes de fora da produtora. Ampliando o alcance, podemos começar a pensar em outras frentes para além da música, como projetos visuais”, explica Kaire Jorge, filho de Mano Brown, diretor criativo da Labbel e sócio da Boogie Naipe.
Leia mais:
- Shows, painéis e duelos de MC’s: Boogie Week anuncia a programação
- Labbel Records: Boogie Naipe lança novo selo voltado ao Trap
- Eliane Dias: conheça a história da empresária dos Racionais MCs que inspira muitas mulheres do mercado
O intuito da marca desde o começo foi atuar como um braço dentro da Boogie, mapeando e direcionando a carreira de novos talentos da música. Em entrevista ao POPline.Biz é Mundo da Música, Kaire fala sobre a independência do selo dentro da produtora e destaca que a expansão da Labbel é necessária, mas que ter a credibilidade da Boogie por trás do seu desenvolvimento é essencial.
“O processo que estamos fazendo agora é um pouco diferente da ideia inicial, porque antes a gente queria mesmo que as pessoas soubessem que a Labbel Records é um braço independente dentro da Boogie Naipe, mas sempre foi muito importante mostrar que a Boogie estava com a gente, que somos um dos times Boogie Naipe. Isso porque a Boogie tem uma credibilidade muito grande, tem parceiros, e isso é essencial para os primeiros passos do selo“, destaca Kaire.
Segundo ele, agora o caminho está sendo um pouco diferente. “A expansão da Labbel é necessária, até porque o selo tem quase dois anos, então ele tem que conseguir se estruturar para tocar os próprios projetos. E o canal é um desses projetos e nós não pensamos em parar por aí, acredito que vamos além dos espaços audiovisuais, vamos pro espaço físico”, revela.
No dia de lançamento do selo, em fevereiro de 2020, o selo promoveu a audição da primeira mixtape do Yunk Vino, a “237”, que hoje já tem um disco de platina. “A gente pretende voltar também com os eventos presenciais, trazer uma movimentação, e, claro, respeitando o período que estamos vivendo agora, com a curva bem lá em cima, mas a gente acredita na melhora da pandemia para podermos voltar com os eventos presenciais, com um fluxo legal de datas”, torce.
“A Labbel está buscando melhorar a experiência dos nossos fãs, dos nossos ouvintes cada vez mais, tanto visualmente como a experiência do áudio. A gente quer melhorar cada vez mais e vamos apostar muito no digital. Mas a gente sempre tenta também colaborar com a galera de fora, trazer pessoas pra trabalhar junto, porque é o que a gente imagina também, estamos expandindo para poder agregar e colaborar com outras pessoas. Além de trazer coisas novas mesmo, experiências novas para o nosso público”, revela.
Crescimento e valorização do Trap no Brasil
A Labbel veio nasceu no boom do trap. “A gente já queria fazer o projeto e aconteceu num timing ideal, acredito que foi muito importante ser naquele momento antes do trap realmente se popularizar no Brasil”, revela.
Questionado como tem sido a prospecção e a aproximação da Labbel com as marcas, o diretor criativo diz que a aproximação com as marcas tem ficado um pouco limitada por conta de alguns fatores: “um deles é porque fazemos parte de um movimento preto no Brasil, uma vertente do rap que aborda várias questões políticas e sociais de forma realmente crua e bem explícita, e acaba não sendo muito compatível com o que as marcas costumam acreditar no Brasil”, destaca.
“Diferente do que a gente vê na América do Norte, por exemplo, em que diversos rappers fazem campanhas para grandes marcas, desde produtos eletrônicos a grandes grifes, enquanto aqui no Brasil a gente acaba tendo um número limitado de marcas que se aproximam e realmente valorizam, trazem os artistas e pessoas do movimento hip hop para as campanhas”, diz.
E completa: “Acaba não sendo do jeito que a gente gostaria, mas com o tempo vamos melhorando as relações já existentes com uma marca ou outra, e valorizando as marcas que vem com propostas que são justas na nossa visão. Pois, também tem isso, a gente acredita que as marcas não valorizam e acabam pagando abaixo do padrão de mercado quando vão tratar com influencers pretos, influencers do movimento do rap. Por que não tem uma valorização igual a muitas outras vertentes, como a exemplo do sertanejo?”.
Mas, segundo ele, quanto aos números, o gênero está batendo de frente. “Acreditamos que este é o caminho, a gente faz o nosso trabalho para que essas marcas deixem de virar as costas para um grande nicho como o trap e o rap, um nicho muito grande que eles deixam de valorizar e acabam perdendo”.
Lançamento do canal do YouTube
Como primeira produção desta nova etapa na trajetória do selo, mais uma vez Yunk Vino marca presença. O clipe de de “Paraty”, em parceria com Danzo, traz em um registro descontraído de amigos aproveitando o litoral fluminense.
“Era minha primeira vez conhecendo a cidade, estávamos com uns amigos e o [produtor] Celo, então a composição e o beat foram surgindo a partir daquela vivência, foi muito natural”, conta Yunk.
Os bastidores para a criação do single, por sua vez, tiveram sua captação e direção assinadas por Jef Delgado: “A concepção visual de ‘Paraty’ é baseada numa experiência insana que tivemos, de uma viagem da Labbel junto com a galera da First, que é a produtora do Celo. Nós viajamos pra lá, alugamos uma lancha e a nossa missão era ter uma vivência com amigos ali e descansar, mas, principalmente, fazer o que a gente gosta, que é música e audiovisual”.
Para além dos lançamentos individuais de cada artista do casting, a chegada do canal oficial também abre caminho para uma série de conteúdos complementares, como mini documentários, making of, vlogs e uma mixtape oficial, com previsão para o segundo semestre.