A estreia do The Voice Brasil no Disney+ e no SBT, marcada para 6 de outubro, representa um movimento inédito na televisão e no streaming no país. Pela primeira vez, um reality show da TV aberta chega simultaneamente à plataforma da Disney, com a promessa de expandir a experiência para além do transmissão ao vivo. O programa, sob direção de Boninho, terá apresentação de Tiago Leifert e um novo time de técnicos formado por Mumuzinho, Matheus & Kauan, Duda Beat e Péricles.
Em entrevista exclusiva ao Mundo da Música, Jerome Merle, Head of General Entertainment Local Productions – Brazil, e Cristiano Lima, Leading Content Strategy, detalharam os bastidores da parceria com o SBT, as apostas em música e diversidade, além da visão de longo prazo para o Disney+ no Brasil.
A parceria inédita entre Disney+ e SBT
Segundo Cristiano Lima, a união entre as duas empresas foi consequência de um movimento já em curso.
“A parceria aconteceu de maneira muito natural porque a gente já vem em contato com a SBT para outros projetos já de algum tempo. A Disney está muito focada no público adulto, então a gente tem muito conteúdo para General Entertainment e a gente vem investindo muito para esse público. E aconteceu de forma muito natural porque a gente estava buscando um reality.”
Ele acrescenta que a credibilidade do SBT e a experiência de Boninho foram decisivas:
“Quando a gente percebeu que a gente tinha na mão um formato consolidado em parceria com uma TV aberta, que é a expertise do Boninho, o nosso grande showrunner, é um cara que traz uma grife e uma experiência enorme junto com o Tiago [Leifert], que retorna aos palcos nesse reality… Os talentos que a gente contratou, o júri… Então essa combinação foi muito orgânica porque a gente já vinha em contato, foi fácil porque já tinha credibilidade e confiança.”
A escolha do reality musical também preencheu uma lacuna no catálogo.
“Produções de séries originais, como o ‘Capoeira’, o ‘Jogo Cruzado’, o mais conhecido ‘Impuros’, o ‘Amor da Minha Vida’, faltava um pouco esse complemento de show de entretenimento e música, que é conversa mais fácil, vamos dizer assim, e melhor. A gente sabe que é um formato consagrado, não só no Brasil.”
Um The Voice renovado

Com 11 temporadas exibidas pela Globo, além de versões kids e + (voltado para talentos maduros), o The Voice Brasil chega à 13ª edição com cenário inédito e dinâmica ampliada. Para Jerome Merle, a novidade é oferecer uma experiência que vai além do que o público já conhecia.
“É um formato que permite evoluções, que permite novidades. Por isso que é tão importante contar com o Boninho, que conhece o projeto como ninguém, o formato como ninguém, sabe como trabalhar ele. Ele está literalmente de casa nova, SBT e Disney+, então é entender um pouquinho os públicos complementares.”
A principal inovação está no conteúdo adicional exclusivo do Disney+:
“Depois do simulcast entre a SBT e o Disney+, a gente tem um convite para ter uma experiência complementar e completa, com 20 minutos adicionais, onde aí você vai ter todo o universo de bastidores, a emoção dos participantes, dos técnicos. Não posso te revelar muita coisa porque seria realmente um spoiler, mas existe vida após os créditos. A gente vai além dos créditos, a gente vai querer gerar buzz. Com esses 20 minutos adicionais é para as pessoas se emocionarem ainda mais, estar junto com os participantes, estar junto com os técnicos.”
O significado para o Disney+ no Brasil
A estreia também marca uma inovação estratégica: é a primeira vez que um reality show da TV aberta é transmitido pelo Disney+ no Brasil. Cristiano Lima reforça a importância desse passo para a plataforma.
“O Disney+, eu acho que, no mercado, é o mais jovem dos grandes [serviços de streaming]. A gente tem cinco anos. Acho que todos nós aqui, brasileiros, sabemos exatamente o que a gente encontra no Disney+. E o objetivo dos últimos anos e daqui pra frente é adicionar cada vez mais conteúdos massivos, populares. No final, os conteúdos que os brasileiros querem assistir. Pra gente é extremamente importante reforçar isso. Disney+ também é a casa de conteúdo adulto. A gente precisa enfatizar e mostrar que a gente está planejando isso.”
Ele lembra que o Disney+ já vinha investindo em títulos originais nacionais, mas que a parceria com o SBT amplia esse movimento.
“A gente vem produzindo grandes títulos como ‘Impuros’, ‘Amor da Minha Vida’, entre outros. Acabamos de lançar ‘Capoeiras’. E a gente comprou ‘Paulo’, por exemplo, da Record. A gente faz essa parceria agora com ‘The Voice’, fizemos outras parcerias com Band. Então daqui pra frente, sim, a gente tem planos de ampliar ainda mais, identificando essas oportunidades junto com os parceiros, mas sobretudo entendendo o que a audiência quer.”
O papel da música

O The Voice Brasil sempre foi um espaço de revelação de novos talentos, e a parceria com uma gravadora continua. Jerome Merle confirma que o acordo com a Universal Music permanece válido, assim como já acontecia na versão anterior do programa com a Rede Globo.
“Em relação à premiação e ao contrato com a Universal, isso sim existe, vem do formato. O ganhador de fato tem um acordo de discográfica com a Universal Music. É um acordo global entre nós, a estrutura continua a mesma. De fato o intuito é encontrar a voz. Então, é a voz para poder realmente ser repercutida, nasceu disso mesmo, então é natural continuar com esse mesmo desenho.”
Cristiano Lima destaca que a música já ocupa lugar estratégico no Disney+:
“A gente sabe da importância que tem a música no conteúdo ou no projeto de reality musical ou até um show. A gente investiu nesses últimos anos, por exemplo, vou citar uma ficção que é [a série] do Sidney Magal [“Meu Sangue Ferve Por Você”], que é muito musical, vou citar Paul McCartney que a gente estreou. Enfim, a gente foi atrás de outros projetos musicais, a gente está buscando vários. Além dos internacionais, Taylor Swift a gente tem disponível, Elton John, enfim, uma série de outros talentos internacionais. Então está no DNA da Disney, sim, a gente sempre está buscando essas oportunidades.”
Ele reforça o entusiasmo com a chegada do The Voice Brasil.
“E agora estamos muito felizes com o The Voice, que é puramente desse lugar da música, das vozes e desse mundo tão encantador que você conhece além da história, que é o storytelling junto com a música, que é o material de expressão de cada um daqueles talentos. Então, sem dúvida, a gente quer ir muito mais além. Uma conexão natural, na verdade. O brasileiro gosta de cantar, então vai cantar junto e realmente é uma conexão excepcional.”
A visão de longo prazo
Com o The Voice Brasil, a Disney+ inaugura um modelo de distribuição e produção que pode se repetir em outros formatos. Para os executivos, trata-se de um passo estratégico para consolidar a plataforma como destino de entretenimento popular no Brasil.
“Nosso foco sempre vai ser o nosso assinante e quanto mais a gente puder dar a eles essa experiência ampliada, mantê-los mais tempo na plataforma, a gente vai trabalhar para que isso aconteça”, resume Cristiano Lima.
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