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Empresas do setor cultural brasileiro apontam um crescimento de 3,1% em relação a 2011, segundo IBGE

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Redação

O Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) divulgou na sexta-feira (1) o resultado da pesquisa sobre o Sistema de Informações e Indicadores Culturais (SIIC), de 2011 a 2022, que trouxe uma análise do setor cultural no Brasil ao longo da última década.

A pesquisa aponta que o número de empresas do setor cultural brasileiro registrou um crescimento de 3,1% em relação a 2011, atingindo o número de 387,6 mil empresas. Segundo o IBGE, no entanto, a proporção dessas empresas em relação ao total nacional diminuiu, passando de 7,3% para 6,7% ao longo do mesmo período.

MinC. Foto Rafa NeddermeyerAgencia Brasil
MinC. Foto: Rafa Neddermeyer/Agência Brasil.

De acordo com a diretora de Desenvolvimento Econômico da Cultura do Ministério da Cultura, Andrea Guimarães, a pesquisa é importante para nortear ações da pasta para o setor.

“A pesquisa do IBGE traz dados fundamentais para subsidiar as políticas públicas de Cultura e também para demonstrar a relevância da Cultura para a economia. Um bom exemplo foi a variação do Índice de Preços da Cultura (IPCult), que foi menor que o IPCA. A pesquisa também aponta a importância da renúncia fiscal para o financiamento das ações culturais e o alívio alcançado pelo setor com a edição das Leis Aldir Blanc e Paulo Gustavo, responsáveis pela expansão nos gastos governamentais em um período adverso”, disse Andrea Guimarães, diretora de Desenvolvimento Econômico da Cultura.

Andrea Guimaraes diretora de Desenvolvimento Economico da Cultura
Andrea Guimarães, diretora de Desenvolvimento Econômico da Cultura. Foto: Reprodução/LinkedIn.

O estudo ainda destacou a desigualdade no acesso à cultura, constatando que apenas 29,6% dos municípios brasileiros possuem museus, enquanto a presença de teatros e casas de espetáculos (23,3%) e cinemas é ainda menor, com 9%. Ou seja, ainda segundo o IBGE, 31,4% da população vive em cidades sem museus, e os percentuais ainda são maiores para teatros (30,6%) e cinemas (42,5%).

A desigualdade regional se reflete também no tempo de deslocamento, como aponta a pesquisa, com 14,9% das cidades sem equipamentos culturais gastando mais de uma hora para se deslocar ao município mais próximo com museus. Essa realidade é mais acentuada na região Norte (70%), já no Sul (1,3%) e Sudeste (5,3%). 

Além disso, de acordo com os dados, há ainda desigualdades de gênero, com as mulheres representando 43,7% dos assalariados do setor cultural e recebendo salários inferiores aos homens em diversas atividades.

Cortina fechada
Foto: Unsplash.

A pesquisa abordou ainda os impactos econômicos do setor cultural, indicando que, em 2021, apenas 38,9% das empresas culturais sobreviveram ao quinto ano de vida. A participação do setor cultural no valor adicionado (VA) da economia caiu de 10,8% para 8,0% na última década,  acentuada nos anos da pandemia, de 2019 a 2021. No entanto, por outro lado, de acordo com o IBGE, as atividades periféricas ganharam destaque, enquanto atividades centrais como Livros e imprensa e Mídias audiovisuais e interativas perderam participação.

Além de oferecer um panorama abrangente da situação atual do setor cultural brasileiro, o Sistema de Informações e Indicadores Culturais (2011-2022) também destaca a necessidade de abordagens mais inclusivas e estratégias para fortalecer o acesso à cultura, reduzir desigualdades regionais e de gênero, e enfrentar os desafios econômicos decorrentes da pandemia.

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A pesquisa em números

A pesquisa ainda trouxe dados como a renda dos trabalhadores, a desigualdade de gênero, os segmentos culturais que mais cresceram no período e o impacto da pandemia da covid-19 no setor cultural.

Foto: Unsplash
Foto: Unsplash

De acordo com os dados, o montante total de salários pagos no setor cultural alcançou a expressiva marca de R$ 83,3 bilhões em 2021, correspondendo a um salário médio mensal de R$ 4.135. O destaque vai para as atividades de Design e serviços criativos, que impulsionaram o setor com um aumento de 53,8 mil empresas no período de 2011 a 2021.

Em 2021, a receita líquida das empresas culturais atingiu R$ 741 bilhões, com um valor adicionado significativo de R$ 288 bilhões. No entanto, o setor empregava 5,5 milhões de pessoas, representando 5,6% do total de ocupados no país. Embora apresentasse uma maior proporção de profissionais com nível superior (30,6% contra 22,6% na média), a informalidade também era mais elevada, atingindo 43,2% contra 40,9% no total.

O segmento de Design e serviços criativos liderou o crescimento no número de empresas, acrescentando 53,8 mil organizações à economia cultural, como aponta a pesquisa. No entanto, as atividades centrais foram responsáveis por 66,3% do aumento total de 3,1% nas empresas desde 2011.

Design
Foto: Unsplash.

Ao analisar o perfil de gênero, a pesquisa revela que as mulheres compunham 43,7% dos assalariados no setor cultural em 2021. Elas eram mais predominantes em áreas como Educação e Capacitação (68,2%) e Artes visuais e artesanatos (64,5%). Por outro lado, os homens lideravam em Mídias audiovisuais e interativas (62,4%) e Equipamentos e materiais de apoio (61,8%).

O estudo ainda mostra que as discrepâncias salariais entre homens e mulheres persistem. Com os homens recebendo, em média, R$ 4.730,37 ao mês, enquanto as mulheres ganham R$ 3.354,00. As empresas do setor cultural também enfrentam desafios de sobrevivência, os apontam que apenas 38,9% delas alcançaram o quinto ano de existência.

O estudo também analisou dados da Pesquisa Industrial Anual-Empresa (PIA), Pesquisa Anual de Comércio (PAC) e Pesquisa Anual de Serviços (PAS) para avaliar o impacto econômico do setor cultural. As 246,8 mil empresas associadas ao setor em 2021 geraram R$ 740,8 bilhões em receita líquida, representando 5,8% do total gerado por todas as atividades. No entanto, houve uma redução de 2,1 pontos percentuais nessa participação entre 2011 e 2021.

A participação do setor cultural no valor adicionado total da economia também declinou de 10,8% para 8,0% na última década, ainda de acordo com os dados. Isso mostra que, nesse contexto, a pandemia da covid-19 foi um marco crítico, acelerando a perda de participação nos anos de 2019 a 2021.