O Ecad venceu o Prêmio Aberje 2025 na categoria Publicação Especial com o relatório “Mulheres na Música”, consolidando o estudo como uma das principais iniciativas de análise sobre desigualdade de gênero no mercado musical brasileiro. A premiação nacional foi anunciada na noite de 8 de dezembro, em São Paulo, durante a 51ª edição do evento promovido pela Associação Brasileira de Comunicação Empresarial.
Antes da conquista nacional, o projeto já havia sido vencedor na etapa regional Rio de Janeiro e Espírito Santo. Na final, o relatório superou outros quatro projetos de diferentes regiões do país, reforçando a relevância do tema para a indústria musical e para o debate público sobre direitos autorais, representatividade e distribuição de renda.
A gerente de Comunicação e Marketing do Ecad, Paula Novo, recebeu o troféu ao lado da jornalista Clarisse Bretas, integrante da equipe de Comunicação da instituição. Paula também foi reconhecida individualmente na categoria Comunicadores do Ano. A cerimônia aconteceu no Boulevard JK, no bairro do Itaim Bibi, reunindo profissionais e projetos de destaque da comunicação corporativa brasileira.
“Este prêmio é resultado de um trabalho coletivo. Toda a equipe se dedicou a transformar dados em um conteúdo que pudesse gerar reflexão e impacto real no mercado. É uma alegria ver o Mulheres na Música ser reconhecido nacionalmente”, afirmou Paula Novo.
O que é o estudo “Mulheres na Música”

Lançado no Dia Internacional da Mulher, o relatório “Mulheres na Música” apresenta um panorama da indústria musical brasileira a partir do recorte de gênero, usando dados da gestão coletiva de direitos autorais. O levantamento analisa quem são as mulheres que recebem direitos autorais, em quais funções elas atuam e qual é o espaço ocupado por elas nos rankings de execução pública.
O estudo parte do banco de dados do Ecad, que reúne informações de autores, intérpretes, músicos, editoras e demais titulares de direitos. Quando o campo de gênero não está preenchido, a instituição utiliza cruzamentos estatísticos com dados do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) para estimar a informação, metodologia já aplicada em edições anteriores do levantamento.
A proposta do relatório é tornar visível um cenário que, muitas vezes, aparece de forma fragmentada no debate público. Ao reunir números consolidados, o estudo ajuda a dimensionar não só a presença feminina no mercado, mas também as desigualdades persistentes na remuneração e no acesso aos espaços de maior visibilidade.
Os principais números do relatório

Os dados mais recentes mostram que houve crescimento no número absoluto de mulheres beneficiadas por direitos autorais, mas isso ainda não se reflete em maior participação nos valores distribuídos ou nos rankings de músicas mais executadas. Em 2023, mais de 29 mil mulheres receberam rendimentos de direitos autorais, contra cerca de 25 mil em 2022.
Apesar desse avanço, a representatividade feminina continua baixa. Em 2024, apenas 16% das 100 músicas mais tocadas em shows no Brasil tinham participação feminina na autoria. Outro dado que chama atenção é que as primeiras compositoras do ranking aparecem somente a partir da 21ª posição, o que indica dificuldade de acesso ao topo da execução pública.
O relatório também aponta que, embora o número de mulheres cadastradas no banco de dados tenha aumentado, os valores distribuídos a elas permanecem como uma fração pequena do total arrecadado. Nos últimos anos, essa proporção pouco mudou, mostrando que o crescimento em quantidade não veio acompanhado de uma redistribuição mais equilibrada da renda.
Outro ponto destacado é o perfil das mulheres cadastradas. Cerca de 95% estão filiadas como autoras, enquanto a presença feminina em outras categorias, como intérpretes ou musicistas, segue reduzida. Esse recorte ajuda a entender por que a desigualdade se mantém também nos rendimentos, já que diferentes funções têm pesos distintos na arrecadação de direitos autorais.
Reconhecimento e impacto para o mercado

O Prêmio Aberje é considerado a principal premiação da comunicação corporativa no Brasil, reconhecendo projetos que geram impacto social, inovação e relevância estratégica. Ao premiar o relatório “Mulheres na Música”, o júri destacou a capacidade do Ecad de transformar dados técnicos em uma publicação acessível, com potencial de influenciar políticas, debates e práticas do setor.
Para o mercado musical, o reconhecimento reforça a importância de estudos baseados em dados concretos para discutir igualdade de gênero. O relatório não se limita a apontar avanços ou problemas, mas oferece um retrato de como a indústria evolui, ano a ano, em relação à presença feminina.
Ao receber o prêmio nacional, o Ecad consolida o “Mulheres na Música” como uma referência para profissionais, entidades e formuladores de políticas públicas interessados em compreender, com números claros, onde estão os gargalos e os desafios para uma indústria musical mais equilibrada e diversa.
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