Em efervescência, o mercado musical brasileiro na tarde de ontem (31) recebeu duas iniciativas inéditas que atuaram em parceria: o festival NAVE, promovido pelo duo Anavitória, em parceria com o empresário Felipe Simas; juntamente com a primeira transmissão feita por streaming de áudio ao vivo em festivais de música, realizada pela Deezer Brasil.
Durante cinco horas de shows ao vivo com a presença de jovens nomes da nova MPB, além do duo, como Lagum, Melim, Victor Kley, entre outros; a plataforma proporcionou que fãs de todo o Brasil estivessem conectados com as apresentações que aconteceram no Espaço das Américas, em São Paulo.
Foto: Divulgação atrações Festival NAVE | Crédito: Divulgação
No mês de janeiro, divulgamos o conceito do festival realizado pela F/Simas, aqui no MM. Também nesse trimestre, a Deezer iniciou seu projeto de streaming de áudio ao vivo, com transmissões dos shows de Baco Exu do Blues e Criolo.
Tendo em vista essa iniciativa inédita, o Mundo da Música entrevistou Bruno Vieira, diretor geral Deezer Brasil. Um importante bate-papo sobre os investimentos da plataforma em produção de conteúdos exclusivos, além de análise do mercado digital no Brasil.
Em uma perspectiva otimista, Vieira defende as inúmeras possibilidades entre a relação da tecnologia e música e também, como a Deezer está aberta a expansão e novos negócios na música.
Confira:
Mundo da Música (MM) – Em pouco tempo, podemos perceber que a estratégia de ‘streaming de áudio ao vivo’ , uma das grandes apostas de conteúdo da Deezer para 2019, tem crescido. O público e o mercado fonográfico são mais adeptos a novidades do que outrora?
Bruno Vieira, diretor geral Deezer Brasil – O digital e streaming de áudio já representa hoje a maior parte da indústria fonográfica, e a tendência é que essa curva cresça exponencialmente. Nosso objetivo é trazer cada vez mais experiências inovadoras para nossos usuários e conectar artistas com fãs de diversas formas através da nossa plataforma.
A tecnologia nos permite testar diversos caminhos, e o streaming de áudio ao vivo de shows e festivais tem sido muito bem aceito tanto por usuários quanto por artistas, gravadoras e outras pessoas da indústria. A Deezer é a primeira a transmitir shows e festivais ao vivo no Brasil, e nosso primeiro projeto foi há pouco mais de um mês, com o show do Baco Exu do Blues.
É uma nova oportunidade para o mercado fonográfico. Ainda é cedo para fazer uma análise profunda desta inovação, mas já temos boas negociações e interesse de outros artistas e movimentação entre os usuários. Foi evidente o crescimento da performance de ambos os artistas que tiveram transmissão, Baco e Criolo, em nossa plataforma durante os anúncios. O Criolo, por exemplo, entrou no nosso top 20 trends artists no Brasil.
MM – Conteúdos exclusivos e tecnologia andam juntas nas propostas da Deezer. A estrutura para a cobertura de um festival, tem alterações em comparação às transmissões dos shows de Baco Exu do Blues e Criolo? Se sim, quais?
Bruno Vieira – A cada transmissão aprendemos mais tanto em relação à estrutura quanto à tecnologia, para entregar a melhor experiência para o usuário.
Para o festival duplicamos nossas margens de segurança para a transmissão, incluindo maior estrutura com link dedicado de internet, o que nos dá mais segurança e minimiza as possibilidades de queda de sinal. Além de ser importante montar uma programação editorial/jornalística para entreter os ouvintes no intervalo dos shows.
MM – O NAVE e a transmissão da Deezer, em festivais, serão dois eventos inéditos. Como foi o planejamento para trazer uma experiência diferente ao ouvinte?
Bruno Vieira – A estrutura de um festival é bastante complexa, mas bastante usual para os produtores, mas o NAVE tem todo um ambiente diferenciado, que traz a energia única dos artistas que tocaram lá.
Desde plaquinhas de madeira com mensagens ou parede de lambe-lambe com trechos de músicas, até uma ativação nossa com uma mega piscina de bolinhas de 20m² dando destaque ao nosso canal POP e a nossa playlist Nosso Pop.
A transmissão de áudio ao vivo traz ainda mais ineditismo para o público dos artistas do festival, que tem o perfil super conectado. O planejamento foi todo pensado nesses fãs, tanto online como offline.
MM – Nas ações realizadas pela Deezer, um dos objetivos reiterados é ser ‘o elo entre os fãs e os artistas’. Como interligar as dinâmicas do mercado e as especificidades de cada público?
Bruno Vieira – A Deezer é uma plataforma global, mas temos uma estratégia no que chamamos de ‘Local Hero’, que é a valorização da cultura local. Investimos em uma série de conteúdos exclusivos para a Deezer em diferentes frentes e gêneros musicais.
Conteúdos que o usuário só encontra na Deezer feitos em parceria com os próprios artistas e gravadoras.
Alguns exemplos são o Faixa a Faixa onde o próprio artista conta curiosidades, processo de criação e inspiração para cada faixa de seu novo álbum; o Deezer Sessions que são gravações de EPs com versões exclusivas de músicas do artistas ou outra que o próprio tenha escolhido; o podcast Deezer Essenciais – a série Essenciais homenageia músicos brasileiros renomados através de entrevistas feitas por Roberta Martinelli.
No podcast, a discografia do artista é usada como fio condutor da conversa para ser usadas como linha do tempo a fim de percorrer a história do artista, etc.
Ter um estúdio dentro do nosso escritório que fica em São Paulo nos dá a possibilidade de testar diversos formatos, promover os artistas dentro da plataforma e conversar com cada um dos seus fãs.
MM – Do
s últimos anos pra cá, muitos singles, álbuns e DVD’s exploram os formatos ‘ao vivo’. Com a iniciativa da Deezer, você acredita que esse formato também se torne, futuramente, uma possibilidade de material gravado em parceria com os artistas?
Bruno Vieira – Ainda não é um planejamento, mas estamos abertos para qualquer tipo de possibilidade que traga visibilidade aos artistas e uma experiência diferenciada ao usuário.
MM – São inúmeras as alternativas de divulgação de conteúdo ao vivo através da tecnologia. Entre elas, a audiovisual. É uma possibilidade a ampliação da transmissão nesse sentido?
Bruno Vieira – Somos uma plataforma de streaming de áudio. Além da discografia dos artistas e as playlists tanto editoriais, como de parceiros ou usuários, temos rádio ao vivo, podcasts e agora transmissão de alguns shows e festivais. Mas como disse acima, não estamos fechados para possibilidades no futuro.
MM – A princípio, os projetos da Deezer aconteceram na região sudeste. Há o planejamento da expansão para outras regiões do Brasil ainda em 2019?
Bruno Vieira – Absolutamente. O Brasil fervilha oportunidades e estamos de olho em todo território nacional.