A Deezer divulgou nesta segunda-feira (4) os resultados financeiros do primeiro semestre de 2025. A receita total da empresa caiu 0,3% em relação ao mesmo período do ano anterior, somando €267,1 milhões (cerca de R$ 1,7 bilhão). Apesar da retração, o resultado veio dentro do esperado e reflete principalmente a queda de 11,9% no segmento de parcerias. No mesmo período, o Spotify reportou prejuízo líquido de €86 milhões (R$ 546 milhões. Essa mudança na balança colocou em destaque a estratégia mais conservadora da Deezer, que terminou o semestre com perdas bem menores e fluxo de caixa livre positivo.
A base total de assinantes da Deezer caiu de 10 milhões para 9,2 milhões, mas o número de assinantes diretos cresceu 5,5%, chegando a 5,3 milhões. A receita gerada por esse grupo subiu 1,2%, totalizando €173,6 milhões (R$ 1,1 bilhão).
“Entregamos nosso segundo semestre consecutivo de EBITDA positivo — um marco financeiro importante que reflete a disciplina de execução da nossa estratégia e confirma nossa virada”, afirmou o CEO Alexis Lanternier.
Já o segmento B2B encolheu. A receita com parcerias caiu para €76,5 milhões (R$ 486,5 milhões) e o número de usuários nesta frente recuou 21,1%, reflexo do fim de ofertas promocionais com empresas como o Mercado Livre. Ainda assim, a receita média por usuário (ARPU) no B2B subiu 3,7%, indicando um foco maior na rentabilidade do que no volume.
Comparação com o Spotify
A estratégia da Deezer contrasta com os resultados do Spotify, que mesmo com crescimento expressivo na base de usuários e receita recorde de €4,193 bilhões (R$ 26,7 bilhões) no segundo trimestre, registrou prejuízo líquido de R$ 546 milhões. As ações da companhia caíram 11,5% após a divulgação do balanço. Na Deezer, o prejuízo foi de apenas €7,6 milhões (R$ 48,3 milhões) e o fluxo de caixa livre ficou positivo em €1 milhão (R$ 6,36 milhões).
Outro destaque da Deezer foi o crescimento de 77% nas receitas classificadas como “outras” (publicidade e acordos white label), que chegaram a €17 milhões (R$ 108 milhões). O bom desempenho é atribuído a parcerias com marcas como Sonos e ao lançamento do “Deezer Business”, serviço voltado para empresas que desejam criar ambientes sonoros personalizados.
Personalização e IA como apostas

Entre as inovações do semestre, a Deezer lançou quatro novos recursos voltados à personalização da experiência, com controle sobre algoritmos, estatísticas personalizadas e um link universal de compartilhamento de faixas. A empresa também expandiu o programa Deezer Club, com experiências exclusivas para fãs e pré-vendas, além de intensificar a presença em festivais franceses.
Um dos marcos mais simbólicos do semestre foi o lançamento do primeiro sistema de marcação de músicas geradas por inteligência artificial. Segundo a plataforma, 18% das faixas enviadas diariamente são totalmente criadas por IA. Agora, esses conteúdos são identificados com um selo específico, reforçando o compromisso da empresa com a transparência e a remuneração justa de artistas humanos.
Fortalecimento do mercado francês
A maior parte do crescimento da Deezer aconteceu na França, onde a base de assinantes diretos chegou a 3,6 milhões (alta de 8,2%). Fora do país, os números ficaram estáveis. O foco no mercado francês também se reflete nas parcerias renovadas com empresas como Orange, Bouygues e Fitness Park. Além disso, a empresa lançou pacotes conjuntos com a plataforma de TV Molotov Extra e intensificou ações promocionais em festivais.
A empresa reafirmou suas metas para o ano, que incluem manter o EBITDA ajustado e o fluxo de caixa livre positivos. A previsão de receita anual é estável ou com leve retração, mas com ganhos em rentabilidade, o que indica um reposicionamento mais sustentável dentro do setor.
Diante da instabilidade do mercado de streaming e do desempenho oscilante de concorrentes maiores, a Deezer busca consolidar sua atuação com foco em personalização, parcerias de longo prazo e inovações voltadas para o público jovem e as demandas éticas da indústria musical.
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