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Como funciona o investimento artístico nas gravadoras globais?

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Os papéis das gravadoras multinacionais, Sony Music, Warner Music e Universal Music, que  também são conhecidas como “majors”, ganharam novos formatos a partir da transição do mercado fonográfico, do apogeu dos formatos físicos – CDs e DVDs – para o protagonismo do digital, representado pelas plataformas de streaming.

Há, inclusive, quem questione se o termo “gravadoras” realmente represente a totalidade do trabalho atual, tendo em vista que muitos contratos artísticos, envolvem outros elementos da carreira musical, e em alguns casos, não contemplam a viabilização direta da gravação fonográfica em si.

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No entanto, compreender as nuances do mercado internacional nas gravadoras é fundamental, principalmente para novos artistas e suas equipes, que muitas vezes almejam o investimento financeiro que uma gravadora internacional, pode, teoricamente, injetar em suas carreiras.

Afinal, como as gravadoras multinacionais atuam em relação ao investimento financeiro?

Em uma análise hipotética, supondo que as gravadoras separem cerca de US$ 100 milhões para investir em novos artistas, consideraremos que elas contratem 10 novos nomes. Cada novo artista, possui uma fatia desse orçamento, que não necessariamente será dividido de forma igualitária.

Para exemplificar melhor a situação, imaginemos que o dinheiro investido é exatamente como um valor disponibilizado em uma conta corrente. Logo, todos os gastos do artista são colocados nessa conta, como: produções audiovisuais de clipes, estratégia de marketing e imprensa, estratégia digital, produção musical das músicas, entre outros.

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“Se tentar me derrubar eu abraço pra cairmos juntinhos”, disse a cantora caso a gravadora insista em prejudicá-la. Foto: Frazer Harrison/Getty Images (uso autorizado POPline)

A partir do investimento realizado, há uma expectativa e um planejamento da gravadora até um determinado período para que o artista tenha o seu “Breakeven”, ou seja, “o momento de equilíbrio, quando custos e despesas operacionais se igualam à receita”. Esse momento é delimitado a partir do consumo do valor investido, que em uma análise hipotética, seja quando o artista atingir gastar cerca de 60% do valor total previsto inicialmente para a sua carreira.

Caso essa porcentagem seja alcançada e o “Breakeven” não acontecer, o “sinal amarelo” é aceso.  É neste momento que, em muitos casos, o artista é colocado “na geladeira”. Com isso, todo o planejamento é repensado, principalmente dos seus lançamentos musicais, e o objetivo estratégico passa a ser outro: fazer mais ações, com menos investimento, até o artista começar a se recuperar e ter forças para a retomada do investimento inicial.

Em relação a esses pontos, se analisarmos o caso da cantora Anitta, que tem exposto o seu impasse com a Warner Records, ainda é muito cedo para afirmar que o valor que ela faturou desde o início do contrato, não foi suficiente para pagar o investimento e chegar ao “Breakeven”. Diferente de muitos cantores, a artista investiu na sua própria carreira, mesmo antes do contrato internacional, que aconteceu em 2020, pra investir na carreira global.

Até ela: Anitta diz que sua gravadora só investe se viralizar no TikTok

Além disso, outro aspecto muito importante para a gravadora é que, em muitos casos, a companhia precisa que apenas um artista, dos 10 contratados, tenha um sucesso rápido. Enquanto que, outros  nove poderão ter os resultados previstos a médio-prazo.

Em relação a Warner Records, artistas como Dua Lipa, Ed Sheeran, Lizzo, Cardi B e Megan Thee Stallion são cases vitoriosos da empresa nos últimos anos. O aspecto em comum é que todos esses nomes “entraram do zero” na gravadora e chegaram ao Breakeven com menos de dois anos de contrato.

Artista como Rita Ora, Bebe Rexha, Jason Derulo e Charli XCX são nomes que já possuíram grandes investimentos, mas, tiveram que se ajustar diante da realidade de retorno financeiro. Em relação aos artistas citados, todos seguem cumprindo contrato com a gravadora, e possuem o orçamento variando de acordo com seu crescimento.

No entanto, se eles não estiverem satisfeitos e preferem não tornar isso público, pode ser uma estratégia particular. Dessa forma, eles podem conseguir uma negociação melhor na renovação do contrato ou ao entrar em outra gravadora com fim do acordo.

Mas, se optarem em esclarecer, principalmente aos fãs, os detalhes do impasse; podem ter ao lado o apoio da opinião pública e a criação de agendas, sobretudo do mercado musical, que dialoguem sobre os modelos contratuais estabelecidos na atualidade.