A Câmara dos Deputados aprovou o Projeto de Lei 4187/24, que estabelece o dia 17 de fevereiro como o Dia Nacional da Axé Music. A proposta, de autoria da deputada Lídice da Mata (PSB-BA), busca reconhecer oficialmente o gênero musical e sua relevância cultural. O texto segue para o Senado e, caso aprovado, será enviado para sanção presidencial.
A iniciativa surgiu a partir de debates na Comissão de Cultura da Câmara, em novembro de 2024, quando artistas e especialistas destacaram a importância histórica e econômica do gênero. Durante a sessão de votação, parlamentares favoráveis ao projeto argumentaram que a Axé Music vai além do entretenimento e movimenta a economia, especialmente no Carnaval de Salvador e em eventos relacionados ao turismo.
A origem da Axé Music e sua expansão
O gênero surgiu na Bahia nos anos 1980, impulsionado pela mistura de ritmos afro-brasileiros como ijexá, samba-reggae e frevo. O termo Axé Music passou a ser utilizado em 1987, consolidando um estilo que rapidamente se espalhou pelo país. Com letras marcantes e batidas dançantes, músicas desse estilo ganharam espaço em trios elétricos e programas de televisão, ampliando o alcance dos artistas do gênero.
A canção “Fricote”, de Luiz Caldas, é frequentemente citada como um marco inicial do movimento, abrindo caminho para nomes como Daniela Mercury, Ivete Sangalo, Bell Marques, Olodum e Timbalada. O gênero se reinventou ao longo das décadas, mantendo espaço no mercado musical e impulsionando a economia criativa do país.
Impacto econômico e reconhecimento oficial
A aprovação do projeto na Câmara foi acompanhada por discussões sobre a contribuição econômica do gênero. O relator do texto, deputado Daniel Almeida (PCdoB-BA), destacou que a Axé Music gera empregos em diversas áreas, como produção musical, eventos e comunicação. Segundo estimativas da Fecomércio-BA, o Carnaval de 2025 pode movimentar R$ 4,5 bilhões na economia local, beneficiando setores como hotelaria, gastronomia e transporte.
A deputada Alice Portugal (PCdoB-BA) ressaltou que a oficialização do Dia Nacional da Axé Music é uma forma de valorizar os profissionais envolvidos na indústria do gênero. A parlamentar lembrou que outros estilos musicais já receberam homenagens semelhantes no calendário nacional, como o samba e a música clássica.
Controvérsias na votação do projeto
Apesar da aprovação, o projeto enfrentou resistência de parte da oposição. O deputado Gilson Marques (Novo-SC) criticou a proposta e afirmou que o Congresso deveria priorizar questões mais urgentes. Para ele, a votação do projeto se encaixa na política do “pão e circo”, aludindo a uma estratégia de entretenimento usada para desviar atenção de outros temas.
O deputado Paulo Bilynskyj (PL-SP) mencionou que Luiz Caldas, autor de “Fricote”, já criticou a letra da música por ter conteúdo considerado misógino. Para ele, a escolha da data com base nessa canção é controversa. Outro ponto levantado por opositores foi a ausência de uma justificativa convincente para o regime de urgência do projeto.
Próximos passos e expectativa no Senado
Agora, o projeto será analisado pelo Senado. Se aprovado, será encaminhado para sanção presidencial, tornando o Dia Nacional da Axé Music uma data oficial. A expectativa entre os defensores da proposta é de que a aprovação ocorra sem grandes resistências, dada a importância econômica e cultural do gênero.
A votação no Senado também pode ampliar o debate sobre o papel do Axé Music na identidade nacional e sua influência em outros estilos musicais. Para artistas e profissionais do setor, a aprovação representa um reconhecimento simbólico de um gênero que, ao longo de quatro décadas, continua movimentando a cena musical brasileira.
