Artistas de bairros populares de Salvador estão tendo acesso a formação gratuita em teatro, música, dança e gestão cultural por meio do Boca de Brasa, programa criado pela Prefeitura de Salvador e coordenado pela Fundação Gregório de Mattos (FGM). Com unidades em diversas regiões da cidade e parcerias com organizações da sociedade civil, o projeto vem contribuindo para a profissionalização de novos talentos e o fortalecimento da economia criativa nas periferias.
Com oficinas voltadas à atuação cênica, iluminação, sonorização e administração de carreira artística, o Boca de Brasa prepara os participantes para atuarem com mais segurança no mercado cultural. Além da formação técnica, o programa também estimula os alunos a voltarem para suas comunidades como multiplicadores do conhecimento, ajudando a construir redes locais de produção cultural.
As inscrições para as formações gratuitas do Boca de Brasa são abertas por meio de editais públicos divulgados nos canais oficiais da Fundação Gregório de Mattos e da Prefeitura de Salvador. Os interessados devem acompanhar o site da FGM e as redes sociais do projeto, onde são informados os prazos, critérios de participação e os territórios contemplados em cada edição. As vagas costumam ser direcionadas a moradores das regiões atendidas pelos Polos Criativos e Espaços Culturais Boca de Brasa, e a seleção pode incluir análise de perfil, entrevistas ou participação prévia em atividades culturais.
Formação e aceleração para a economia criativa
Desde 2022, o Boca de Brasa opera também por meio dos Polos Criativos, que ampliam o alcance do programa para territórios inteiros, promovendo ações de formação, difusão, produção e circulação cultural. Em 2023, o projeto passou a contar com as chamadas Escolas Criativas Boca de Brasa, responsáveis por desenvolver programas pedagógicos em diversas áreas artísticas e já presentes em regiões como Cidade Baixa, Cajazeiras e Nordeste de Amaralina.
Em 2024, o programa estreou o Boca de Brasa de Aceleração de Iniciativas Culturais e Criativas, voltado ao fortalecimento de trajetórias artísticas e à capacitação de artistas e coletivos em gestão e empreendedorismo cultural. Ainda no último ano, as Escolas Criativas foram implantadas nos bairros da Federação e Itapuã. Ao longo de 2025, a previsão é que o projeto avance para novas regiões, como Ribeira, Liberdade e Pau da Lima.
Quase quatro décadas de trajetória

Criado em 1986 como uma ação itinerante, o Boca de Brasa levava apresentações artísticas a bairros da periferia de Salvador. Suspenso em 2003 e relançado em 2013, o projeto passou a realizar oficinas e mostras culturais em ciclos de uma semana em cada localidade, tornando-se uma das principais ferramentas de política cultural do município.
Em 2018, a iniciativa ganhou nova dimensão com a criação do primeiro Espaço Cultural Boca de Brasa no Subúrbio 360 (bairro de Coutos), seguido por unidades em Cajazeiras, no Centro e em Valéria. Os espaços são equipados com salas de espetáculo e ambientes para oficinas e ensaios. Também foram firmadas parcerias com espaços como Pracatum (Candeal), JACA (Cajazeiras), Quabales (Nordeste de Amaralina), Circo Picolino (Pituaçu), entre outros.
O objetivo é garantir que diferentes territórios da cidade tenham acesso às mesmas oportunidades de qualificação artística e cultural. Por isso, o Boca de Brasa investe na criação de estruturas físicas e também na articulação com coletivos e instituições locais que possam implementar as atividades de forma contínua.
Celebração e visibilidade
Desde 2015, os resultados do programa são apresentados ao público no Festival Boca de Brasa, que em 2024 passou a se chamar Movimento Boca de Brasa. O evento, realizado no centro histórico de Salvador, reúne centenas de artistas locais e convidados nacionais em apresentações gratuitas, ocupando o Quarteirão das Artes — espaço entre a Praça Castro Alves e a Ladeira da Barroquinha.
A edição de 2025, que aconteceu em março, integrou a programação oficial de aniversário da cidade. A iniciativa reforça o compromisso do programa em não só formar artistas, mas também garantir espaços de visibilidade e valorização da arte produzida nas periferias.
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