O anúncio da primeira apresentação de Bad Bunny no Brasil, marcada para 20 de fevereiro de 2026 no Allianz Parque, em São Paulo, acontece em meio a um momento de forte crescimento do artista no país. De acordo com dados divulgados pelo Spotify, o número de ouvintes brasileiros do cantor porto-riquenho quadruplicou de 2024 para 2025, impulsionado principalmente pelo álbum “DeBÍ TiRAR MáS FOToS”, lançado em janeiro.
Nos últimos 12 meses, os streams de Bad Bunny no Brasil cresceram 43%, e a música “DtMF” entrou no Top 10 global da plataforma após o anúncio da nova turnê mundial. Com 3,3 milhões de reproduções em um único dia e mais de 717 milhões acumuladas até agora, a faixa é a música em espanhol mais ouvida do momento. A presença de Bad Bunny no topo das paradas não se limita a essa canção: atualmente, ele é o artista com mais faixas no ranking global diário do Spotify, com dez músicas listadas.
O anúncio do show foi acompanhado do mesmo nível de hype. A alta demanda surpreendeu aos menos atentos e Bad Bunny esgotou rapidamente os ingressos dos 10 setores disponíveis na pré-venda exclusiva para clientes Santander Private & Select. Quem ainda busca garantir presença deve ficar atento às próximas etapas: a pré-venda para demais clientes Santander ocorre hoje (08), e a venda geral online será aberta amanhã (09), às 10h.
Um fenômeno sem gravadora tradicional
Diferente de outros grandes nomes da música latina, Bad Bunny construiu sua carreira fora do modelo tradicional das majors. Após o sucesso inicial no SoundCloud, ele optou por uma parceria com a Rimas Entertainment, mantendo controle criativo sobre sua imagem, som e estratégias. Sem fazer concessões ao mercado americano — como cantar em inglês ou apostar em pop radiofônico —, consolidou sua identidade com reggaeton e trap latino autênticos.
Essa postura se traduz em números impressionantes. Com 81,7 milhões de ouvintes mensais, Bad Bunny é hoje o artista latino mais ouvido do mundo e o 11º mais escutado no ranking geral da plataforma.
O disco “YHLQMDLG” está entre os mais vendidos da história da música latina, e “Un Verano Sin Ti” foi o primeiro álbum inteiramente em espanhol a alcançar o topo da Billboard 200.
Crescimento no Brasil aponta mudança de cenário

O impacto de Bad Bunny no Brasil vai além dos números. A presença do artista em playlists cresceu consideravelmente: mais de 4 milhões de adições em listas brasileiras só no último ano. As cidades com maior volume de streams são São Paulo, Rio de Janeiro, Curitiba, Belo Horizonte e Porto Alegre — o que indica uma base espalhada pelo território nacional, e não limitada a nichos ou regiões específicas.
Esse crescimento chama atenção porque o consumo de música latina no Brasil historicamente esbarra em barreiras linguísticas e culturais. Enquanto artistas como Shakira já marcaram presença em paradas brasileiras, o avanço de Bad Bunny ocorre sem estratégias explícitas de adaptação ao mercado local.
Isso sinaliza uma mudança no comportamento do público brasileiro e abre espaço para novos nomes latinos que, assim como ele, mantêm uma proposta artística própria e voltada ao mercado global. Não por acaso, Karol G veio duas vezes ao país em menos de um ano, e o também porto-riquenho Rauw Alejandro aporta por aqui em 2025.
Oportunidades e aprendizados para o setor

Para profissionais da indústria musical brasileira, a ascensão de Bad Bunny no país é mais do que um evento isolado. Representa um case valioso de como a força de um artista global pode se consolidar no Brasil sem seguir fórmulas tradicionais.
O uso estratégico das plataformas de streaming, o investimento em turnês de alta escala e o controle de narrativa são componentes que reforçam a viabilidade de modelos mais independentes.
O show de São Paulo, por exemplo, faz parte da turnê “DeBÍ TiRAR MáS FOToS World Tour”, que estreia em novembro na República Dominicana. Sua vinda ao Brasil pela primeira vez é acompanhada de um novo pico de consumo em território nacional, indicando que experiências ao vivo continuam sendo gatilhos poderosos de engajamento mesmo em tempos dominados por dados digitais.
Para o mercado da música, entender o fenômeno Bad Bunny é reconhecer que o sucesso global pode sim ser replicado no Brasil — desde que se respeite a identidade do artista e se compreenda o comportamento do público digital. Afinal, como mostra sua trajetória, não é preciso jogar pelas regras da indústria para conquistá-la.
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