O Globoplay disponibiliza a partir de hoje (12) o documentário “Amazônia Negra: Expedição Amapá”, produção inédita que lança luz sobre um recorte ainda pouco explorado da floresta amazônica: a ancestralidade negra e seus desdobramentos culturais no estado do Amapá. A obra também estreia nesta quinta-feira no Canal Bis, à meia-noite, com exibição posterior na GloboNews.
Dirigido por Marcel Lapa, o documentário tem 42 minutos e acompanha territórios, comunidades e manifestações culturais que estruturam a identidade afro-amapaense. A música ocupa papel central na narrativa, especialmente por meio do Marabaixo, maior expressão cultural do estado e reconhecida pelo Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional como bem cultural imaterial do Brasil.
A produção conta com participação especial de Carlinhos Brown, que atua como convidado nessa jornada de descobertas, dialogando com mestres, artistas e comunidades locais, mas sem deslocar o foco da obra: a cultura, a história e os modos de vida do povo amapaense.
Marabaixo: memória, música e identidade
O eixo central do documentário é o Marabaixo, manifestação que combina tambor, canto, dança e ritual. Durante os festejos, os marabaixeiros entoam os chamados ladrões, versos cantados coletivamente que narram histórias, memórias e acontecimentos da comunidade. As saias rodadas, os passos arrastados e o ritmo marcado do tambor constroem uma cena de forte impacto visual e simbólico.
A origem do Marabaixo remonta ao período da escravidão, e seus movimentos são frequentemente interpretados como uma lembrança corporal da travessia forçada dos africanos até a Amazônia. No filme, essa herança aparece não como registro do passado distante, mas como prática viva, presente no cotidiano de comunidades que mantêm a tradição ativa geração após geração.
O documentário percorre cidades como Macapá, Oiapoque e Mazagão, além do quilombo do Curiaú, mostrando como o Marabaixo organiza o calendário cultural, os encontros comunitários e a própria noção de pertencimento no estado.
Uma Amazônia além da floresta

Ao propor um olhar sobre a ancestralidade negra, “Amazônia Negra: Expedição Amapá” vai além do imaginário mais comum sobre a região Norte, geralmente associado apenas à floresta. A narrativa destaca a presença africana como elemento estruturante da cultura local, visível na música, na dança, na culinária e nas formas de sociabilidade.
Em Macapá, cidade cortada pela linha do Equador, o documentário acompanha o Ciclo do Marabaixo, quando cortejos percorrem as ruas em direção aos barracões, espaços que sediam as celebrações e preservam essa tradição secular. A história é contada a partir da oralidade, com depoimentos de dançadeiras, músicos e lideranças culturais.
Entre elas, a dançadeira Samanda Carvalho explica a origem do nome Marabaixo segundo as narrativas populares. De acordo com a tradição oral, africanos que morriam durante a travessia nos navios negreiros eram lançados “mar abaixo”, expressão que atravessou o tempo e foi ressignificada como símbolo identitário.
Participação de Carlinhos Brown e intercâmbio cultural
A presença de Carlinhos Brown funciona como ponto de encontro entre culturas afro-brasileiras de diferentes regiões do país. Ao longo do percurso, o músico se insere nas vivências locais, dialoga com os marabaixeiros e estabelece paralelos entre a cultura amapaense e a tradição afro-baiana, sempre mediadas pelo tambor.
“É uma alegria conhecer de perto essas tradições e ser recebido pela comunidade amapaense com tanto respeito e afeto. Chegar no meio do mundo e encontrar muito da cultura francesa junto a cultura negra, hispânica, portuguesa e compreender que um lugar como esse, com um olhar secular, mantém mais de 90% da sua floresta de pé, me provocou mais ainda. O Amapá faz com que um lugar muito simples, mas muito rico, com menos de 1 milhão de habitantes, convide o Brasil a se conhecer. Que bom que faço parte deste olhar observador para trazer novas curiosidades sobre o meio do mundo”, diz Brown.
O documentário também registra um evento em Macapá no qual Carlinhos Brown é reconhecido pela comunidade marabaixeira como embaixador do Marabaixo, com oficialização pelo Governo do Estado do Amapá.
Direção e proposta narrativa

Produzido pela Join Entretenimento e Tha House Company, o filme aposta em uma abordagem sensível, valorizando cores, gestos e sons das manifestações culturais. Para Marcel Lapa, o contato com o Amapá foi determinante para a construção da obra:
“Sou carioca e nunca tinha visto nada igual. Estar lá me inspirou a tornar a história dessas pessoas conhecida em todo o país, e busquei passar esse sentimento ao dirigir a obra. Quero que o documentário transmita pelo menos um pouco do que o Marabaixo significa para essas pessoas. União, felicidade e pertencimento”.
Além do Marabaixo, o documentário apresenta outras festividades populares, a culinária local e encontros com artistas da cena musical amapaense, conectando tradição e produção cultural contemporânea.
“Amazônia Negra: Expedição Amapá” estreia hoje no Globoplay. No Canal Bis, a exibição acontece à 00h desta quinta para sexta-feira. A GloboNews exibe o documentário no dia 20 de dezembro, às 23h.
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