A Embratur (Agência Brasileira de Promoção Internacional do Turismo) apresentou hoje (08) um conjunto de iniciativas que posiciona a música como elemento central de sua estratégia cultural. Em colaboração com Queremos!, Tiny Desk Brasil e Som Livre, a agência detalhou ferramentas, conteúdos e ações que entram em operação no fim de 2025 e seguem ao longo do verão. A proposta combina tecnologia, programação musical e circulação cultural para orientar visitantes e moradores.
“A música é uma das identidades mais importantes que o Brasil tem. A música não tem fronteira, mas ao mesmo tempo ela tem identidade”, afirmou Marcelo Freixo, presidente da Embratur.
Ele destacou ainda o papel estratégico da cultura na nova fase da agência.
“A imagem do Brasil se faz através de vários fatores. A gente trabalha muito com a diversidade brasileira. A diversidade brasileira está presente em tudo que a gente pode imaginar, não só no clima, nos biomas, na gastronomia, mas também na música. A música brasileira de alguma maneira espelha essa diversidade e permite apresentar um Brasil diverso.”
Freixo também citou o momento inédito no turismo internacional.
“A gente está batendo todos os recordes de chegada de estrangeiros no Brasil. O país nunca tinha passado dos 6 milhões e meio de turistas internacionais. Ano passado chegamos a 6,77 milhões, e este ano já chegamos a 8 milhões e vamos chegar a 9 milhões até 30 de dezembro.”
Felipe Cordeiro, músico, cantor e compositor paraense presente na coletiva de imprensa, reforçou que os projetos anunciados dialogam com uma visão mais ampla de desenvolvimento.
“Pensar a economia criativa e pensar a música como ferramenta para apresentar o Brasil coloca o turismo em um lugar de solução para o século 21.”
Plataforma Rio de Janeiro Sounds centraliza a vida musical da cidade
A Rio de Janeiro Sounds, criada pelo Queremos! em parceria com a Embratur, será lançada oficialmente em 12 de dezembro. A plataforma reúne eventos da cena carioca com filtros por data, bairro, estilo e popularidade. O usuário também pode criar perfis individuais, salvar atrações, montar circuitos temáticos, escrever reviews e acompanhar seu histórico cultural.
“A proposta é apresentar não só atrações internacionais, mas também o que a própria população do Rio de Janeiro produz, em um site que organiza e apresenta a programação musical da cidade. A ideia é fornecer uma série de informações para que as pessoas consigam se organizar de uma maneira mais fácil. Hoje a comunicação está muito pulverizada, os conteúdos estão espalhados, e o Rio de Janeiro Sounds — e depois Salvador — pretende organizar essas informações e oferecer serviços que ajudem o público a se localizar dentro da própria plataforma. Tudo isso sempre apresentando os eventos e também as casas que promovem esses eventos musicais, contando suas histórias e sua importância dentro da vida musical do Rio de Janeiro e, futuramente, de Salvador”, disse Felipe Continentino, co-diretor do Queremos!.
A equipe realiza uma pesquisa contínua e atualiza as recomendações às quintas-feiras. O equilíbrio entre grandes eventos e programações independentes é parte estruturante do projeto.
“A ideia é que a plataforma sirva ao usuário. Então, se você chegou em Salvador e vai ficar ali do dia 10 ao dia 12, você entra e faz a busca: o que tem nesses dias? A partir do seu perfil, você encontra o que procura — eventos gratuitos, jazz, festas afros. É mais sobre o usuário do que sobre a gente tentar dar conta de 100% do que acontece em cidades tão ricas culturalmente. Nas dicas, é claro que, na semana do samba, vamos indicar o Trem do Samba, as dicas vão estar voltadas para isso. Mas a ideia é que a curadoria esteja lá para mostrar caminhos, sem precisar repetir sempre as mesmas coisas, como indicar o Samba do Trabalhador toda semana. As dicas serão muito dinâmicas. O ponto central é que a plataforma esteja acessível ao usuário e organizada de acordo com o que ele procura”, explicou Pedro Seiler, também co-diretor do Queremos!, reforçando que o sistema permite encontrar tanto atrações de grande porte quanto iniciativas de pequeno formato.
As recomendações editoriais, renovadas semanalmente, contextualizam circuitos, temporadas e momentos específicos da cidade. Uma seção fixa reúne casas, territórios musicais e pontos históricos do Rio. “A música pode fazer uma geografia da cidade”, afirmou Freixo.
A plataforma foi traduzida para inglês e espanhol. A versão soteropolitana será lançada em janeiro, com identidade visual e curadoria adaptadas por um produtor local. Segundo a Embratur, a expansão para outras capitais depende da formação de parcerias regionais capazes de garantir informações e curadorias autênticas. O desejo da agência é escalar o projeto, mas sempre junto de agentes culturais de cada cidade.
Tiny Desk Brasil lança episódio extra e reforça parceria institucional
O Tiny Desk Brasil apresentou novidades para o fim do ano. Representando o projeto, a assessora de imprensa Fernanda Couto anunciou um episódio extra previsto para 16 de dezembro. “A gente pode garantir mais um episódio com um alto valor simbólico cultural e com excelência artística”, afirmou.
Ela destacou que a colaboração com a Embratur aproxima música e promoção internacional do país ao apresentar experiências autênticas e territorialidades brasileiras para públicos de fora. O Tiny Desk Brasil retoma sua temporada regular em 20 de janeiro de 2026, segundo anunciou no último domingo (7) da Comic Con Experience (CCXP), em São Paulo.
Som Livre ativa repertório histórico em pontos turísticos
A Som Livre também revelou as informações sobre o projeto Discos nAgulha, que grava sets de vinil em locais simbólicos da cidade.
“O Disco nAgulha tem o intuito de promover a cultura brasileira através do vinil. São sets gravados para o YouTube, mas o projeto vai além disso: ele fortalece a cultura do vinil, que está super em evidência nos últimos anos no mundo inteiro — algo que várias pesquisas já mostram. O projeto traz grandes clássicos da música brasileira e também pérolas escondidas para novos públicos, explorando gêneros como bossa nova, samba, MPB e rock. Ele mostra a diversidade da nossa música para o mundo.”, disse Vinícius Azevedo.
O catálogo da gravadora, marcado por clássicos e descobertas, serve como base para as seleções. As gravações realizadas durante o verão serão lançadas no YouTube e unirão repertório e paisagem, aproximando os visitantes da história musical da cidade. O projeto já registrou episódios com curadores convidados, como o especial do Dia do Samba conduzido por Marcelo D2.
Música como orientação e descoberta
Para a Embratur, a música passa a funcionar ainda mais como ferramenta prática dentro do turismo cultural. A leitura da cidade acontece pela programação, pelos territórios sonoros e pelas conexões que a plataforma cria entre públicos e experiências.
A agência pretende replicar o modelo em outras cidades, desde que existam parcerias capazes de produzir curadorias locais e atualizações contínuas. O conjunto de iniciativas inaugura um ciclo de colaboração entre produtores, curadores e instituições que atuam nos circuitos culturais brasileiros.
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