O YouTube realizou o evento Made On YouTube 2025 e trouxe uma série de anúncios voltados tanto para o YouTube Music quanto para a plataforma de vídeos em geral. De um lado, a empresa aposta em recursos que aproximam os artistas de seus ouvintes mais engajados. De outro, amplia a integração de inteligência artificial em ferramentas de edição e criação de conteúdo, mirando a concorrência com serviços como Spotify, TikTok e Instagram.
O encontro também serviu para marcar os 20 anos do YouTube. Ao celebrar a data, a companhia reforçou a escala do seu impacto: segundo Neal Mohan, CEO da empresa, foram mais de US$ 100 bilhões pagos a criadores, artistas e empresas de mídia nos últimos quatro anos.
“Nós não apenas criamos uma plataforma, nós construímos uma economia”, afirmou o executivo.
Novidades no YouTube Music
As principais atualizações para o YouTube Music têm como objetivo valorizar a relação entre artistas e superfãs. Uma das novidades mais aguardadas é o sistema de contagem regressiva para lançamentos, que permitirá ao público acompanhar o tempo restante para a estreia de singles e álbuns. Esse recurso será integrado a páginas de artistas, detalhes de álbuns e seções da plataforma, com previsão de lançamento ainda em 2025.
Além disso, será possível realizar o pré-save de músicas e álbuns, salvando o conteúdo com antecedência. A função já é comum em plataformas concorrentes, mas a chegada ao YouTube Music mostra a intenção de disputar atenção em um mercado cada vez mais centrado no engajamento de nicho.
A partir de 2026, os artistas também poderão enviar vídeos exclusivos para seus ouvintes mais fiéis. Serão mensagens de agradecimento, bastidores de shows ou trechos de ensaios, fortalecendo a conexão direta com os fãs que mais consomem seus trabalhos. Outro destaque é o piloto de vendas de merchandising nos Estados Unidos, que dará acesso antecipado a produtos exclusivos para o público classificado como superengajado.
Para Lyor Cohen, chefe global de música do YouTube, o foco está em estreitar a relação entre artistas e fãs de longa data.
“Estamos introduzindo novas formas para artistas e seus principais fãs se conectarem em um nível mais pessoal. É sobre recompensar a lealdade daqueles que estiveram lá desde o início”, afirmou durante o evento.
Inteligência artificial no centro da criação

Além das atualizações no Music, o YouTube apresentou novos recursos de inteligência artificial aplicados à criação de vídeos. O mais chamativo é o Speech to Song, baseado no modelo Lyria 2, desenvolvido pelo Google DeepMind. A ferramenta permite transformar falas de vídeos em trilhas musicais para Shorts. Os criadores poderão escolher estilos musicais como “relaxante”, “dançante” ou “divertido” e remixar frases marcantes em faixas prontas para serem compartilhadas.
Outro lançamento é o Edit with AI, capaz de organizar automaticamente gravações brutas em um rascunho inicial de vídeo. O recurso seleciona os melhores trechos, adiciona transições, sugere trilhas sonoras e até cria narrações em inglês ou hindi. A proposta é agilizar a produção de conteúdos curtos, facilitando o trabalho de quem cria em grande escala.
Também estão em fase de testes funções de transferência de movimentos, que permitem aplicar coreografias ou gestos de um vídeo em outro; filtros visuais que transformam imagens em estilos como pop art ou origami; e inserção de objetos a partir de comandos de texto.
Expansão e disputa de mercado
Esses recursos de inteligência artificial serão lançados inicialmente nos Estados Unidos, Reino Unido, Canadá, Austrália e Nova Zelândia, com previsão de expansão para outros países. O foco em Shorts mostra a intenção de competir diretamente com plataformas de vídeos curtos, que hoje lideram o consumo entre o público mais jovem.
O YouTube também anunciou melhorias para eventos ao vivo, como a possibilidade de realizar transmissões simultâneas em formatos horizontal e vertical, além da opção de migrar lives abertas para sessões exclusivas de assinantes. As mudanças apontam para o modelo híbrido de monetização, combinando anúncios, assinaturas e novas formas de engajamento.

Superfãs no centro da estratégia
As novidades sinalizam uma mudança clara na disputa entre plataformas de streaming. Enquanto as concorrentes estudam criar planos de assinatura específicos para superfãs, o YouTube aposta em recursos dentro do serviço já existente, sem cobrar por um nível adicional. A estratégia busca oferecer experiências diferenciadas tanto para quem consome música quanto para quem produz conteúdo.
Com isso, a empresa pretende reforçar a lealdade de ouvintes mais ativos e ampliar as formas de receita para artistas e criadores. O resultado é um reposicionamento do YouTube como vitrine para vídeos ou músicas e um espaço de interação mais próximo entre quem cria e quem acompanha.
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