Os preços de ingressos para shows subiram 80,5% desde 2021, segundo levantamento do site CouponBirds, que analisou dados públicos de turnês nos Estados Unidos. Desde 1996, o valor médio passou de US$ 25,81 para US$ 136,46, representando um aumento acumulado de 428,7%. Ajustado pela inflação, esse ingresso de 1996 custaria hoje cerca de US$ 49,74, menos de um terço do valor atual.
A pesquisa destaca ainda que o aumento mais recente foi o mais expressivo dos últimos 25 anos, impulsionado principalmente por artistas de grande porte e pela adoção do chamado preço dinâmico, modelo que ajusta o valor do ingresso em tempo real conforme a demanda.
Três décadas de alta no setor de ingressos
O estudo do CouponBirds mostra que entre 1996 e 2000, os preços subiram 57,8%. Na década seguinte, o crescimento acumulado foi de 139,2%, mas o salto mais impressionante ocorreu a partir de 2021, com aumento de 80,5% em apenas três anos.
Os artistas com maior reajuste foram The Weeknd (320,6%) e Kenny Chesney (317,8%). Outros nomes como U2 (190,5%), Lady Gaga (179,6%) e Coldplay (159,6%) também aparecem com altas consideráveis. Até nomes com reajustes menores, como Drake (88,1%) e George Strait (90,1%), praticamente dobraram seus preços.
Os valores considerados são de ingressos padrão, sem incluir pacotes VIP, e foram calculados a partir de uma média de diferentes locais e datas. Para o ajuste inflacionário, foi usada a série do índice de preços ao consumidor (CPI) dos Estados Unidos até 2024.
O comportamento de consumo do público

Apesar da alta, os fãs continuam gastando. Um levantamento do Bank of America, com base nos gastos de seus 69 milhões de clientes nos Estados Unidos, indicou que entre maio de 2024 e abril de 2025, o gasto médio mensal com entretenimento foi de US$ 150. Entre os consumidores que compraram ingressos para eventos ao vivo, o valor médio mensal foi de US$ 300.
Segundo a pesquisa, um terço das pessoas pretende ir a mais shows este ano do que no ano passado. Isso acontece mesmo em um contexto econômico mais cauteloso, com queda no índice de confiança do consumidor norte-americano.
O impacto das grandes turnês no mercado
Entre as turnês que mais puxam esses números para cima está a The Eras Tour de Taylor Swift, que contribuiu para os 100 maiores circuitos globais arrecadarem mais de US$ 10 bilhões em 2024, segundo a Billboard. Ainda assim, apenas alguns artistas conseguem cobrar mais de US$ 200 por ingresso e lotar arenas.
Em 2024, ingressos para ver Bad Bunny custaram, em média, US$ 280,67, enquanto as entradas para shows dos Rolling Stones ficaram em US$ 266,16. As apresentações do U2 em sua residência na Sphere, em Las Vegas, chegaram a uma média de US$ 367,13.
Este ano, segundo o site GIGAcalculator, um ingresso para ver Bad Bunny no Coliseo de Puerto Rico custa em torno de US$ 354, enquanto os shows da Charli XCX saem por US$ 259,33, com preço por minuto superior: US$ 3,55 contra US$ 2,62.
Custos no Brasil e América do Sul

No Brasil, os preços também acompanharam a escalada global, ainda que com particularidades. Quando turnês internacionais chegam à América do Sul, é comum que artistas e produtores aceitem uma margem de lucro menor por ingresso em comparação aos mercados da América do Norte e Europa. Isso acontece porque países como Brasil, Argentina, Chile e Colômbia oferecem alta visibilidade e um público de consumo musical intenso, que compensa financeiramente pela venda de merchandising e fortalecimento da marca do artista na região.
Além disso, fatores locais como impostos, custos logísticos e variações cambiais pesam no preço final pago pelo fã. A média de ingressos para grandes shows no Brasil ultrapassa facilmente os R$ 600 em setores próximos ao palco, enquanto pistas comuns ou cadeiras distantes giram entre R$ 250 e R$ 400. Apesar disso, a experiência no continente costuma ser considerada estratégica para artistas que buscam ampliar o alcance global.
Para o público sul-americano, a disposição para pagar por essas experiências muitas vezes envolve planejamento e parcelamento, reproduzindo um comportamento parecido ao identificado nos Estados Unidos, especialmente entre jovens. Com isso, o mercado local se mantém relevante no roteiro de grandes turnês, mesmo diante dos desafios econômicos.
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