Mudanças na monetização do YouTube impactam conteúdo repetitivo e gerado por IA

Nova atualização do YouTube reforça exigência de originalidade e ameaça canais com conteúdo massivo.
Foto de Nathália Pandeló
Nathália Pandeló
YouTube na tela de um celular
(Crédito: Free Stocks)

A partir de hoje (15), o YouTube vai aplicar com mais rigor as regras do YouTube Partner Program (YPP), mirando vídeos classificados como “conteúdo inautêntico”, novo nome para o que antes era chamado de “conteúdo repetitivo”. Segundo a plataforma, isso não representa uma mudança de regras, mas um esclarecimento: vídeos massivos, repetitivos e pouco originais sempre foram inelegíveis para monetização.

A decisão afeta diretamente canais que usam ferramentas de inteligência artificial para produzir vídeos em grande volume, muitas vezes com voz sintética, imagens de banco ou slideshows quase idênticos. A plataforma enfatiza que não quer penalizar o uso de IA, mas garantir que ela sirva para apoiar a criatividade humana, e não substituí-la.

O que vai mudar

Na prática, o YouTube destaca dois pontos que podem levar à desmonetização ou até à exclusão do programa. O primeiro é o conteúdo massivo: vídeos criados em escala, sem envolvimento humano relevante. Isso inclui, por exemplo, histórias narradas com pequenas variações ou slideshows reaproveitados para diferentes temas.

O segundo ponto é o conteúdo repetitivo, quando vídeos do mesmo canal são tão parecidos que não oferecem algo novo ao público. Compilações sem comentários, reações sem análise ou opinião própria e roteiros e formatos reciclados entram nessa categoria.

O papel da inteligência artificial

O avanço das ferramentas de IA, que geram roteiros, narrações e vídeos completos rapidamente, ajudou a motivar essa atualização. Muitos canais passaram a publicar centenas de vídeos por dia, gerando preocupação sobre a qualidade do que circula na plataforma.

Ainda assim, o YouTube deixa claro que usar IA não é proibido. Canais que usam essas ferramentas para enriquecer a narrativa, melhorar a edição ou trazer elementos criativos continuam aptos à monetização, desde que entreguem originalidade e valor próprio.

Como manter o canal em dia com as regras

Mulher criadora de conteúdo no YouTube
Crédito: Cotton Bro

Para os criadores, a orientação é apostar em conteúdos com voz própria e participação humana real. Mesmo em formatos como reações ou compilações, será preciso incluir comentários, opiniões ou histórias pessoais. 

Na edição, o ideal é ir além de cortes simples e investir em gráficos, imagens próprias, som diferenciado e um ritmo que traduza o estilo de quem cria. Estes sempre foram sinais de vídeos com maior valor de produção, mas agora se tornam mais relevantes do que nunca.

Outro ponto importante é revisar o acervo. Quem já tem vídeos que podem ser vistos como massivos ou repetitivos deve considerar atualizá-los, ocultá-los ou até removê-los, sinalizando que quer se alinhar às diretrizes.

Novas revisões e oportunidades

Entre as novidades, a plataforma vai oferecer uma segunda análise (frequentemente humana) para vídeos marcados como “limitados ou sem anúncios”, buscando reduzir erros e trazer mais transparência. Além disso, os avaliadores passarão a olhar não apenas vídeos específicos, mas também os principais conteúdos e publicações recentes do canal.

Apesar das preocupações, as mudanças abrem espaço para criadores menores, que apostam em originalidade e nichos específicos. Recursos como o “Super Thanks” e os Creator Awards continuam como formas de reconhecimento financeiro e comunitário para quem investe em conteúdo autêntico.

Um incentivo à criatividade

O YouTube afirma que essa atualização busca reforçar a essência criativa que marcou o início da plataforma. Para quem já tem um canal ou quer começar, a dica é simples: encontre uma voz própria, invista em habilidades de edição e desenvolva uma identidade clara. O uso de ferramentas como o Super Thanks também pode ajudar a diversificar as fontes de receita e fortalecer a conexão com o público.

Mais do que nunca, o centro do processo está no olhar pessoal, na capacidade de transformar temas e no cuidado criativo colocado em cada vídeo, o que vale especialmente para criadores do nicho da música, que precisam ir além de simples uploads de faixas ou clipes e investir em análises, bastidores, interpretações pessoais e narrativas que ampliem a experiência do público.

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