Em celebração ao Dia da Terra, a Merlin e a IMPALA anunciaram o lançamento do Weidenmüller Sustainability Fund, fundo voltado à promoção da sustentabilidade na indústria da música independente. A iniciativa leva o nome de Horst Weidenmüller, fundador do selo !K7 e figura central na criação de programas ambientais no setor, falecido em fevereiro de 2025.
Weidenmüller foi cofundador da Merlin e atuou como membro do conselho da organização e da IMPALA, que representa cerca de 6 mil empresas independentes em 30 países europeus.
Em 2021, ele liderou a criação do programa de sustentabilidade da IMPALA, que incluiu, no ano seguinte, o lançamento de uma calculadora de carbono voltado a selos e distribuidores. A ferramenta permite mensurar o impacto ambiental de atividades como consumo de energia e água, deslocamentos, viagens corporativas, fabricação e distribuição de merchandising.
Ações práticas de sustentabilidade para reduzir impacto ambiental
O novo fundo vai direcionar recursos para expandir o uso da calculadora de carbono e torná-la acessível a um público global. Além disso, o investimento permitirá à IMPALA ampliar o suporte técnico, com consultoria e treinamentos para selos e distribuidoras que desejem implementar medidas sustentáveis em suas operações.
Também haverá continuidade no financiamento das atividades do grupo de trabalho sobre sustentabilidade criado por Weidenmüller dentro da associação.
A IMPALA já possui um histórico consolidado na área. Em 2021, lançou a Climate Charter, com diretrizes para a adoção de práticas sustentáveis no setor. Em 2024, divulgou um estudo sobre os benefícios econômicos de ações sustentáveis.
O novo fundo é mais um passo dentro dessa trajetória, agora com a parceria da Merlin, que reúne titulares de direitos digitais no setor independente.
Homenagem a um nome central da música independente
Jeremy Sirota, CEO da Merlin, explicou o motivo da escolha do nome do fundo em honra de Horst Weidenmüller:
“Horst não era apenas um defensor da música independente, mas também do nosso planeta. Ele acreditava em promover mudanças reais e duradouras por meio da liderança, da inovação e da ação. Todos temos um papel na preservação do planeta e na construção de um futuro mais sustentável. A Merlin tem orgulho de lançar o Weidenmüller Sustainability Fund e cumprir esse compromisso por meio do trabalho da IMPALA.”
Para Helen Smith, presidente executiva da IMPALA, o fundo é um tributo à atuação visionária de Weidenmüller.
“Horst acreditava no poder das iniciativas coletivas, mas também na responsabilidade individual. Este fundo honra seu impacto profundo em toda a indústria.”

Legado de inovação e compromisso ambiental
A fundação do selo !K7, em 1985, marcou o início de uma trajetória que aliou inovação artística a responsabilidade ambiental. Após o falecimento de Weidenmüller, a Create Music Group anunciou a aquisição da !K7, movimento que visa manter os valores da gravadora enquanto amplia sua atuação.
“A parceria nos permite expandir nossa visão sem abrir mão dos nossos valores centrais: arte independente, inovação e qualidade”, afirmou Tom Nieuweboer, CEO da !K7.
Nieuweboer também destacou a dimensão pessoal da iniciativa.
“Horst foi meu companheiro, mentor e amigo por décadas. Sua paixão pela música sempre caminhou junto com um forte senso de responsabilidade com o planeta, que já fazia parte do DNA da !K7. O lançamento do Weidenmüller Sustainability Fund não é apenas uma homenagem ao seu compromisso, mas também um chamado à indústria para seguir seus passos. Este fundo garante que sua visão não só será lembrada, mas seguirá ativa e com impacto real.”
A criação do fundo reforça uma tendência de maior conscientização ambiental dentro da indústria fonográfica. Iniciativas como essa mostram que o setor independente não apenas reconhece a necessidade de reduzir seu impacto climático, como também está disposto a investir em ferramentas e processos para transformar a forma como a música é produzida e distribuída.
Afinal, o que música tem a ver com sustentabilidade?
Nos últimos anos, a indústria da música tem intensificado debates e ações em torno da sustentabilidade, à medida que surgem dados concretos sobre seu impacto ambiental. Um estudo publicado em 2020 pela Universidade de Glasgow revelou que o consumo de música digital gera mais emissões de carbono do que os formatos físicos de décadas anteriores. Isso ocorre principalmente pelo alto consumo energético dos servidores necessários para as plataformas de streaming.
Além disso, uma pesquisa do projeto Music Declares Emergency estimou que grandes turnês podem gerar centenas de toneladas de CO₂, considerando deslocamentos, transporte de equipamentos e infraestrutura. Esses dados têm pressionado empresas e artistas a repensarem modelos de produção e distribuição musical.
Diversas iniciativas surgiram com o objetivo de diluir esses impactos. Em 2021, o grupo britânico Coldplay anunciou que só voltaria a fazer turnês se elas fossem sustentáveis, passando a utilizar palcos com energia renovável, transporte de carga com biocombustível e até pisos que geram energia a partir dos movimentos do público. Plataformas como a Julie’s Bicycle, no Reino Unido, oferecem ferramentas para mensurar a pegada de carbono de festivais, estúdios e gravadoras.
E no Brasil, o festival Rock in Rio desenvolveu um programa de sustentabilidade que inclui neutralização de emissões e ações de reflorestamento. Esses exemplos mostram que há uma crescente mobilização do setor, ainda que desigual, em busca de soluções práticas para reduzir os danos ambientais da cadeia produtiva musical.
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