O rompimento entre o grupo de K-pop NewJeans e a gravadora ADOR virou um dos assuntos mais comentados da indústria da música neste início de 2025. O processo envolve acusações graves de assédio, tentativas de controle das atividades das integrantes e uma disputa judicial sobre o uso do nome do grupo.
Tudo começou após a saída de Min Hee-jin da liderança da ADOR, cargo que ocupava desde a fundação da empresa. Min é considerada a principal mente criativa por trás do conceito do NewJeans. Pouco tempo depois, as integrantes decidiram romper o contrato com a gravadora e com a controladora HYBE, alegando má gestão e comportamento abusivo por parte das empresas.
Um novo revés aconteceu na última semana. O Tribunal Distrital Central de Seul rejeitou, em 16 de abril, o recurso apresentado pelo NewJeans contra uma liminar que impede as integrantes de realizarem atividades independentes da gravadora. A decisão mantém o entendimento anterior, de 21 de março, que considera válidos os contratos exclusivos e proíbe as artistas de atuarem sozinhas ou por meio de representantes legais sem autorização da empresa.
Toda a indústria de olho
O caso tornou-se emblemático porque vai além das fronteiras do K-pop, tocando questões fundamentais sobre os direitos dos artistas e o controle das gravadoras sobre suas carreiras. A situação lembra batalhas judiciais recentes de outras estrelas, como Larissa Manoela, que após anos de disputa conseguiu romper um contrato vitalício assinado por seus pais quando ela tinha apenas 11 anos.
Da mesma forma, Britney Spears, Taylor Swift e o próprio NewJeans enfrentaram cláusulas que, segundo as artistas, limitavam sua liberdade artística e pessoal. Esses casos revelam um conflito cada vez maior entre o desejo de autonomia dos músicos e as estruturas de poder, estejam elas dentro das grandes gravadoras ou das suas próprias famílias.
Coincidindo com o caso do NewJeans, na última semana, Larissa Manoela venceu uma batalha judicial para recuperar o controle de suas contas no Spotify e YouTube. Já Britney Spears só conseguiu se livrar da tutela do pai após 13 anos de restrições. Esses exemplos mostram que, mesmo com desafios, artistas estão cada vez mais dispostos a contestar o que consideram amarras contratuais.
A resolução do caso do NewJeans pode criar precedentes importantes para artistas de diferentes gêneros e influenciar a forma como as relações entre gravadoras e músicos são conduzidas no futuro.
Entendendo o caso NewJeans x ADOR: contrato, acusações e o início da crise

Em novembro de 2024, as cinco integrantes – Minji, Hanni, Danielle, Haerin e Hyein – notificaram oficialmente a empresa sobre a rescisão do contrato. A alegação é de que a ADOR vinha tentando afastá-las do grupo com desculpas como férias forçadas e bloqueios administrativos.
Além disso, as artistas afirmam que a empresa teria feito campanhas negativas contra elas na mídia e tentado manipular familiares durante o processo. No parlamento sul-coreano, Hanni declarou que o sistema atual de gerenciamento deixa os artistas sem proteção e citou a experiência com a gravadora como exemplo disso.
Impasses judiciais e bloqueio do nome NJZ
Após o pedido de desligamento, as integrantes anunciaram que seguiriam carreira sob o nome NJZ, mas a ADOR conseguiu uma liminar impedindo o uso da nova marca. A Justiça também determinou que as atividades do grupo continuariam vinculadas exclusivamente à gravadora.
Por conta disso, o grupo não pôde dar sequência ao novo projeto, e o futuro das integrantes permanece indefinido. Durante apresentação no ComplexCon Hong Kong, uma delas afirmou no palco: “Hoje pode ser nosso último palco por um tempo”, deixando claro que não há previsão de retorno.
O papel de Min Hee-jin e a tensão dentro da HYBE
O desligamento de Min Hee-jin da ADOR está no centro do conflito. Ela era a responsável pela direção criativa do grupo e ganhou notoriedade pela estética visual diferenciada do NewJeans. Desde sua saída, os fãs têm feito campanha para sua volta, e as integrantes demonstraram apoio público a ela.
A HYBE, dona majoritária da ADOR, é acusada pelas artistas de tentar assumir o controle total da marca, ignorando o desejo das integrantes e de parte dos profissionais envolvidos no projeto inicial. O caso se tornou também um conflito de bastidores entre executivos do alto escalão da indústria.
Reações da indústria e o impacto no K-pop
Organizações como a Korea Management Federation e a Korea Entertainment Producer’s Association se posicionaram a favor da ADOR, reforçando que contratos precisam ser cumpridos e que artistas devem seguir os trâmites legais estabelecidos.
Apesar disso, o caso reacende um debate antigo sobre as relações de poder entre gravadoras e artistas no K-pop. Os contratos de longo prazo e o controle total sobre a imagem e as decisões das idols são alvos frequentes de críticas, especialmente em casos envolvendo artistas jovens. É o caso do NewJeans: Minji, Hanni e Danielle têm 20 anos, enquanto Haerin tem 19 e Hyein 18.
O futuro do grupo e o que está em jogo
Enquanto a disputa não se resolve, o NewJeans está praticamente paralisado. As integrantes seguem impedidas de atuar como grupo fora da estrutura da ADOR e não podem utilizar o nome NewJeans ou qualquer marca associada. Elas voltaram a recorrer.
A situação pode se estender por anos, segundo analistas jurídicos da Coreia do Sul, e o grupo corre o risco de entrar em um hiato por tempo indeterminado. Para os fãs, resta acompanhar os desdobramentos e torcer por uma solução que não apague do mapa um dos maiores casos de sucesso do K-pop nos últimos anos.
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