MusicWatch: Em 10 anos, EUA aumentaram em 50 milhões o número de pessoas que pagam por música

Mesmo com desaceleração no streaming, relatório do MusicWatch mostra aumento no consumo de formatos físicos, shows ao vivo e assinaturas pagas.
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Nathália Pandeló
Plataformas de streaming - Spotify, Apple Music
Plataformas de streaming (Crédito: Cottonbro Studio)

Nos Estados Unidos, 2024 marcou um novo pico no consumo de música, com 50 milhões de compradores a mais em relação a 2014, segundo relatório da MusicWatch. O estudo revela que os gastos com música gravada e ao vivo cresceram mesmo com os sinais de desaceleração no mercado de streaming.

O levantamento aponta que 132 milhões de americanos com idades entre 13 e 70 anos pagaram por algum serviço de música no ano passado, incluindo streaming sob demanda, rádio via satélite e plataformas de rádio pela internet. 

Em 2014, esse número era 50 milhões menor. O crescimento não pode ser explicado apenas pelo aumento populacional no período – cerca de 19 milhões de pessoas –, o que sugere maior engajamento com o consumo de produtos musicais.

Gastos aumentaram em todas as frentes

Segundo a MusicWatch, os consumidores gastaram em média US$ 112 por pessoa com música gravada em 2024, um avanço de quase 10% em relação aos US$ 102 registrados em 2023. Em comparação com 2014, quando o gasto médio ajustado pela inflação era de US$ 91, o crescimento foi de aproximadamente 32%.

Em relação a shows, o gasto médio por pessoa chegou a US$ 281,08 no último ano, o que representa um aumento de 17% em comparação a 2023. Além do impacto da inflação nos ingressos, o número de pessoas que compraram entradas também aumentou: de 51% para 56% da população. O relatório destaca ainda que os gastos com produtos relacionados à música, como camisetas, cresceram 45% em 2024.

Streaming segue em alta, mas formatos físicos persistem

Black Friday - Discos de vinil em promoção

Apesar da dominância do streaming, os formatos físicos continuam presentes nos hábitos de consumo. A MusicWatch identificou que 19 milhões de americanos compraram discos de vinil no ano passado, o equivalente a 7% da população. No entanto, “mais pessoas pagam por audiolivros atualmente do que por discos de vinil”, observou o relatório.

O CD também segue ativo no mercado. Ainda que as vendas tenham caído 61% na última década, 56 milhões de americanos ainda escutam CDs no carro. Outros 48 milhões ouvem arquivos digitais baixados enquanto dirigem. 

A empresa reconhece que esses números estão em queda, mas ressalta que ainda representam uma base relevante de ouvintes, especialmente entre as gerações mais velhas.

Piratear ainda acontece, mesmo com alta no consumo legal

Apesar do aumento no número de assinantes e compradores, a pirataria digital não desapareceu. Segundo a MusicWatch, 14 milhões de americanos admitiram ter feito “stream ripping” – prática de copiar arquivos de música diretamente de plataformas de streaming – ao longo de 2024.

“A pirataria musical não é mais o flagelo que foi há 20 anos, mas ainda acontece”, escreveu a MusicWatch. A menção à Napster reforça essa lembrança: enquanto apenas 6% da geração Z reconhece o nome da antiga plataforma como um serviço de streaming, a marca ainda tem maior familiaridade entre os públicos das gerações X e boomer.

Assinaturas pagas e novos hábitos impulsionam o setor

Catálogo musical Spotify, playlists MusicWatch

O aumento no número de compradores e assinantes de música também se reflete em dados divulgados por outras fontes. Segundo a RIAA, havia em média 100 milhões de assinantes de serviços sob demanda nos EUA em 2024, enquanto a SiriusXM fechou o ano com 31,6 milhões de assinantes autônomos de rádio via satélite.

Ainda de acordo com a MusicWatch, em 2024 mais da metade dos americanos entre 13 e 70 anos compraram CDs, downloads, discos de vinil ou assinaram serviços não interativos (sem incluir rádio via satélite). 

O gasto com transmissões ao vivo de shows também aumentou 27%, chegando a US$ 4,95 por pessoa. O relatório classifica 2014 como o pior ano da era digital da música e marca os últimos dez anos como o período de reversão desse cenário.

A retomada da indústria após uma década difícil

O crescimento atual contrasta com os anos de queda nas receitas da música gravada, em especial o período entre o fim dos anos 1990 e o início da década de 2010, marcado pela pirataria e pela substituição dos álbuns pelos downloads de faixas individuais.

Segundo a MusicWatch, “há dez anos marcamos o começo da virada na percepção do consumidor em relação aos gastos com música, após anos de pirataria e uma estratégia centrada em singles que não cumpriu seu potencial”. Como mostra o relatório, a indústria americana parece manter o pé no acelerador.

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