A organização sem fins lucrativos Women in Music, em parceria com a plataforma InHerSight, divulgou sua primeira pesquisa sobre os melhores lugares para mulheres trabalharem na indústria da música. Empresas como Live Nation, Broadcast Music, Inc (BMI), American Society of Composers, Authors and Publishers (ASCAP), Nettwerk Music Group, Soundstripe e a Recording Academy foram destacadas por suas políticas de inclusão, oportunidades de liderança e benefícios para funcionárias.
Além dessas gigantes do setor, a pesquisa também destacou que não é necessário ser uma multinacional para promover ambientes mais igualitários. Empresas de pequeno e médio porte como Music Business Association (MBA), The Syndicate, Blackstar Agency, American Association of Independent Music (A2IM) e Mechanical Licensing Collective (The MLC) demonstraram que políticas básicas – como salários justos, flexibilidade de horários e apoio à maternidade – podem e devem ser implementadas em qualquer escala. Esses casos comprovam que a equidade de gênero não depende do tamanho da empresa, mas sim do compromisso genuíno com mudanças estruturais.
“O que vemos nessas organizações é que a inclusão começa com decisões simples e conscientes”, analisa a pesquisa, destacando que muitas dessas empresas menores servem como modelo por combinarem gestão humanizada com resultados concretos na retenção e desenvolvimento de talentos femininos.
O levantamento reforça a necessidade de iniciativas que promovam maior equidade no setor, algo que a Women in Music busca fomentar com pesquisas e programas de capacitação.
Ursula Mead, CEO e co-fundadora da InHerSight, comemora:
“Nossa filosofia sempre foi de que os dados são importantes para construir locais de trabalho melhores. Então quando organizações como a Women in Music vem até nós em reconhecimento ao poder dos dados, ficamos empolgados em tornar realidade a sua iniciativa”.
No Brasil, a Women in Music também já fincou bandeira. O “chapter” brasileiro é comandado por Cris Falcão, Renata Gomes e Fernanda Guttmann.
Diversidade na liderança melhora o desempenho das empresas
Fundada em 1985, a Women in Music tem como missão promover igualdade, diversidade e reconhecimento para mulheres na indústria musical. A pesquisa, baseada em métricas como salário, licença-maternidade, flexibilidade e representatividade em cargos de chefia, visa a incentivar práticas mais justas no mercado da música.
Nicole Barsalona, presidente da organização, ressalta que a diversidade no topo das empresas não é apenas uma questão de justiça, mas também de resultados financeiros.
“A indústria da música sempre foi uma força cultural de mudança, e agora precisamos priorizar a diversidade na liderança tanto quanto a diversidade da música que representamos”, afirma.
Dados da consultoria McKinsey, citados no estudo, mostram que empresas com maior representatividade feminina em cargos executivos têm desempenho até 50% melhor em lucratividade e valor de mercado.
Além das grandes companhias, organizações menores, como a Music Business Association e a Blackstar Agency, também se destacaram no levantamento.
Licença-parental e flexibilidade são verdadeiros diferenciais

A pesquisa avaliou 17 critérios, incluindo oportunidades iguais para homens e mulheres dentro das corporações, satisfação salarial e benefícios como home office e licença-parental.
A Live Nation, por exemplo, foi elogiada por suas políticas de licença-adotiva e flexibilidade de horários, enquanto a BMI e a ASCAP – associação americana que representa autores e compositores – se destacaram em igualdade salarial e presença feminina em cargos de decisão e chefia.
Monika Tashman, do escritório de advocacia Loeb & Loeb e membro do conselho da Women in Music, destaca que, em um momento em que políticas de diversidade enfrentam retrocessos em alguns países, é fundamental reconhecer e incentivar empresas que mantêm o compromisso com a inclusão.
“Com programas de equidade sendo descontinuados em nível federal em alguns lugares, é vital destacar as companhias que continuam investindo em ambientes mais justos”, afirma.
Movimento por maior representatividade ganha força
Apesar dos desafios, iniciativas para aumentar a participação feminina na música vêm crescendo. Além da Women in Music, outras organizações e coletivos têm surgido para capacitar, conectar e dar visibilidade a profissionais mulheres no setor. No Brasil, projetos como “Elas na Música” e “Mulheres do Audiovisual” buscam formar novas talentos e pressionar por mudanças estruturais.
A Women in Music mantém programas como mentoria, estágios executivos e workshops para capacitação profissional. A pesquisa continua aberta para atualizações no site da organização, que busca ampliar a representatividade de gênero no setor. As empresas interessadas em melhorar suas práticas podem acessar os dados completos e se inscrever para futuras edições do estudo.
Enquanto os números ainda refletem uma desigualdade histórica, a conscientização sobre a importância da diversidade e inclusão tem levado a mudanças graduais. A expectativa é que, com mais dados e iniciativas concretas, o cenário para as mulheres na música se torne cada vez mais equilibrado e justo.