A Fast Company divulgou sua lista anual das empresas mais inovadoras, com destaque para 10 representantes do mercado da música em 2025. Desta vez, o ranking surpreendeu ao excluir grandes nomes da indústria, como plataformas de streaming dominantes e gravadoras tradicionais.
Em vez disso, a Fast Company destacou empresas que estão abordando desafios específicos do setor, como fraudes em streaming, a dificuldade de artistas emergentes se destacarem e a necessidade de maior inclusão e representatividade.
O setor musical global atingiu um recorde histórico em 2024, com quase 5 trilhões de streams. No entanto, esse crescimento trouxe consigo problemas como a manipulação de números e a dificuldade de artistas independentes garantirem visibilidade.
As empresas reconhecidas pela Fast Company estão trabalhando para enfrentar esses desafios, embora nem todas as iniciativas tenham sido amplamente testadas ou comprovadas em larga escala.

As 10 empresas mais inovadoras no mercado da música, segundo a Fast Company
pgLang
Fundada por Kendrick Lamar e Dave Free, a pgLang se destacou por sua abordagem criativa e multimídia. A empresa ganhou notoriedade após o sucesso da música “Not Like Us”, que quebrou recordes de streaming e consolidou Lamar como um dos principais nomes do rap.
Além disso, a pgLang negociou a transmissão ao vivo do show “The Pop Out” na Amazon Prime, alcançando milhões de espectadores. Apesar do sucesso, a Fast Company lembrou que a empresa ainda precisa provar sua capacidade de sustentar esse impacto a longo prazo.
Seeker Music
A Seeker Music tem se destacado por sua estratégia de revitalizar hits antigos, transformando-os em novas músicas. Um exemplo é o sucesso de Shaboozey com “A Bar Song (Tipsy)”, que interpolou o clássico “Tipsy” de J-Kwon.
A empresa também lançou o Samplémoose, uma plataforma que oferece samples previamente autorizados para produtores e compositores. Apesar da inovação, a dependência de catálogos antigos pode limitar a originalidade de suas produções.
SoundCloud
O SoundCloud continua a ser uma plataforma relevante para artistas independentes, especialmente após o lançamento do First Fans, um algoritmo de recomendação impulsionado por IA. A ferramenta já analisou mais de 6,1 milhões de faixas, ajudando artistas emergentes a ganharem visibilidade.
No entanto, a Fast Company lembra que a plataforma ainda enfrenta desafios para competir com gigantes como Spotify e Apple Music, que dominam o mercado de streaming.
Merlin
A Merlin, que representa mais de 30 mil detentores de direitos autorais, lançou o Merlin Connect, um sistema de licenciamento simplificado para startups e empresas em crescimento.
A iniciativa visa facilitar o acesso a músicas licenciadas e garantir que artistas independentes sejam remunerados. A Fast Company aponta que, apesar do potencial, a eficácia do sistema ainda precisa ser testada em larga escala.
Red Hot
A organização sem fins lucrativos Red Hot lançou a compilação TRAИƧA, que celebra artistas trans e não binários. Com 46 faixas e mais de 100 participantes, o projeto já ultrapassou 10 milhões de streams no Spotify.
A iniciativa é elogiada por sua representatividade, mas enfrenta desafios para manter o engajamento em um mercado cada vez mais competitivo.
TuneCore
A TuneCore liderou a criação da Music Fights Fraud Alliance, uma coalizão que reúne gravadoras, distribuidoras e plataformas digitais para combater fraudes em streaming.
A iniciativa é promissora, mas ainda está em fase inicial, e sua eficácia depende da colaboração contínua entre os participantes.
Alibi Music
A Alibi Music tem se destacado por trazer autenticidade cultural para o licenciamento de músicas. Em 2024, a empresa lançou três álbuns de música indígena americana em parceria com o grupo Cloud Eagle Seasonal Dance Group.
A iniciativa é elogiada por sua representatividade, mas o impacto financeiro para os artistas indígenas ainda precisa ser avaliado.
Tone
A Tone, plataforma de serviços financeiros para a indústria musical, busca simplificar o processamento de royalties e fornecer insights financeiros para artistas e gravadoras.
Apesar da inovação, a adoção da plataforma ainda é limitada, e seu sucesso depende da adesão de mais players do mercado.
Mechanical Licensing Collective (MLC)
A MLC tem trabalhado para garantir que compositores e editoras recebam os royalties devidos, especialmente com o uso de ferramentas como o Matching Tool e o Claiming Tool.
Um dos principais embates musicais dos últimos tempos envolveu a Mechanical Licensing Collective o Spotify. A disputa gira em torno da distribuição de royalties para compositores e editoras. O MLC, criado após a aprovação da Lei de Modernização da Música nos EUA, acusa o Spotify de não pagar valores devidos por streams de músicas com direitos autorais não identificados. O Spotify, por sua vez, argumenta que está em conformidade com as leis e que o MLC precisa melhorar sua eficiência na identificação e distribuição desses royalties. O conflito destaca os desafios na transparência e justiça financeira na indústria musical.
A Fast Company destacou que a organização também colaborou com a Beatdapp para combater fraudes em streaming. No entanto, a complexidade do sistema de royalties ainda é um desafio para muitos artistas.
Music AI
Segundo a Fast Company, a Music AI, responsável pelo aplicativo Moises, está revolucionando a produção musical com sua tecnologia de separação de stems.
O app já tem mais de 50 milhões de usuários e foi eleito o Melhor App do Ano para iPad pela Apple em 2024. Apesar do sucesso, a dependência de IA levanta questões sobre o futuro da autenticidade na música.
Uma publicação compartilhada por Moises • The Musician’s App™ (@moises.ai)
Inovação impulsiona o negócio da música
A lista da Fast Company mostra que a inovação na indústria musical está ocorrendo em várias frentes, desde o combate à fraude até o uso de IA e a promoção de inclusão. No entanto, muitas das iniciativas ainda estão em fase inicial, e seu impacto a longo prazo permanece incerto.
Enquanto algumas empresas, como o SoundCloud e a Music AI, já demonstraram resultados concretos, outras, como a TuneCore e a Merlin, ainda precisam provar a eficácia de suas soluções em larga escala.
O futuro da indústria musical dependerá não apenas da tecnologia, mas também da capacidade dessas empresas de equilibrar inovação com sustentabilidade e justiça para os artistas. A lista da Fast Company é um bom ponto de partida para entender as tendências atuais, mas o verdadeiro teste será o tempo.