Suno expande parceria com a Amazon enquanto disputa legal com gravadoras continua

A integração com Alexa+ permitirá que usuários criem músicas geradas por IA apenas com comandos de voz, enquanto a Suno segue envolvida em disputas de direitos autorais.
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Nathália Pandeló
Alexa+ terá parceria com Suno
Alexa+ terá parceria com Suno (Crédito: Reprodução)

A Amazon anunciou uma nova parceria com a Suno, empresa de música gerada por inteligência artificial (IA), para integrar suas tecnologias ao Alexa+. A atualização do assistente de voz permitirá que usuários criem músicas completas a partir de simples comandos de voz, incluindo letras, vocais e instrumentais. 

A novidade faz parte de um conjunto maior de atualizações da plataforma, que também inclui novas funções de controle doméstico, geração de imagens e integração com serviços como Uber e Ticketmaster.

A parceria chega em um momento em que a Suno enfrenta processos movidos por grandes gravadoras, que acusam a empresa de violação de direitos autorais. Universal Music Group, Sony Music e Warner Music entraram com uma ação conjunta contra a Suno e a Udio, outra empresa de IA, alegando que os modelos de ambas foram treinados com milhões de músicas protegidas sem permissão. 

A Suno, por sua vez, reconheceu que usou gravações de terceiros para treinar sua IA, mas argumenta que seu uso se enquadra no conceito de “fair use”, um princípio do direito autoral nos EUA que permite o uso limitado de obras protegidas sem permissão, desde que seja para fins como crítica, ensino ou pesquisa.

Disputa sobre direitos autorais

A questão central da disputa gira em torno de como a Suno treinou seu modelo. Em um processo anterior, a empresa admitiu que utilizou gravações cujos direitos pertencem a gravadoras, mas defende que a prática é legal. 

Em um comunicado, o CEO da Suno, Mikey Shulman, afirmou que os processos fazem parte de uma tentativa das grandes empresas do setor de barrar inovações tecnológicas. Ele argumentou que a indústria sempre resistiu a novas tecnologias antes de aceitá-las, citando exemplos como o streaming e os serviços de compartilhamento de arquivos.

A RIAA, associação que representa as principais gravadoras, rebateu a justificativa da Suno, classificando a prática como “roubo em escala industrial”. Em publicações recentes, a entidade reforçou que os modelos de IA da empresa foram treinados para replicar músicas existentes sem a devida autorização dos detentores dos direitos

Gravadoras e associações do setor alegam que, ao permitir que usuários criem músicas instantaneamente, a Suno ameaça o mercado fonográfico ao reduzir a necessidade de produção musical tradicional.

Conexão com a Amazon

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A parceria com a Amazon surge três meses depois de a Universal Music anunciar um acordo global com a gigante do varejo para lidar com conteúdos gerados por IA. 

O contrato incluiu o compromisso de ambas as empresas em coibir o uso não autorizado de músicas por ferramentas baseadas em inteligência artificial. Isso levanta dúvidas sobre como a Suno se encaixa na estratégia da Amazon, já que as gravadoras seguem contestando a legalidade da tecnologia da empresa.

Além da Suno, outras companhias de IA voltadas para música também vêm enfrentando resistência. No início deste ano, a GEMA, sociedade de gestão coletiva da Alemanha, entrou com um processo contra a Suno, ampliando a disputa para o mercado europeu. 

Até agora, a Suno tem se mantido firme em sua defesa, reforçando que seu modelo se baseia no uso de músicas disponíveis na internet e alegando que aprender com esses conteúdos não é o mesmo que reproduzi-los diretamente.

Impacto da Suno para artistas e gravadoras

Enquanto a disputa se desenrola nos tribunais, a IA avança, impulsionada por parcerias como essa com a Amazon. Para músicos e produtores, a IA abre possibilidades de criação, mas também gera incertezas sobre monetização e controle de suas obras. 

Algumas vozes dentro da indústria apoiam a Suno. O produtor Timbaland se tornou conselheiro da empresa e tem defendido a integração da IA no processo criativo musical. O DJ e empresário 3LAU também se posicionou favoravelmente à empresa, argumentando que a tecnologia pode ser usada de forma complementar, sem substituir os artistas.

Do lado das gravadoras, o temor é de que modelos de IA criem um fluxo de conteúdos que driblem o sistema tradicional de arrecadação e distribuição de royalties. O impacto da IA generativa no mercado musical ainda está em construção, mas disputas como essa indicam que o caminho para a regulação do uso de inteligência artificial na música será longo.

A chegada da tecnologia da Suno ao Alexa+ pode ampliar a discussão sobre o uso de músicas geradas por IA e seu impacto na indústria. O desfecho dos processos em andamento pode determinar os limites para esse tipo de inovação e influenciar o futuro das criações musicais automatizadas.

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