O alto custo de vida e a falta de apoio financeiro têm dificultado a realização de turnês para artistas independentes em 2025 — e um levantamento da Ditto Music comprova isso. A pesquisa revelou que 82,1% dos músicos sem contrato afirmam não ter condições financeiras para sair em turnê.
A pesquisa, que ouviu 1.500 artistas de dezenas de países, mostrou que 74,8% nunca conseguiram realizar uma turnê e que 58,3% já recusaram oportunidades por razões financeiras. O cenário se repete globalmente, refletindo um ambiente econômico que dificulta a sustentabilidade de carreiras musicais independentes.
Custo alto e autofinanciamento
A grande maioria dos artistas entrevistados relatou que precisa bancar a própria carreira, com 75% afirmando que usam economias pessoais para cobrir despesas com produção musical, divulgação, distribuição e equipamentos. A falta de apoio financeiro externo acaba limitando a capacidade de investir em turnês.
Os custos de produção, estúdio e marketing aparecem entre as principais despesas, tornando inviável a alocação de recursos para viagens e shows. O financiamento por meio de royalties, patrocínios ou empréstimos é raro, representando uma parcela pequena da receita dos artistas.
Além disso, a ausência de incentivos do setor e de políticas públicas de apoio à cultura agrava ainda mais a situação. Muitos músicos buscam alternativas como financiamento coletivo e parcerias com marcas, mas essas opções ainda são limitadas e não garantem uma estrutura mínima para a realização de turnês.
Turnês seguem inacessíveis para jovens artistas
O impacto é ainda maior entre os artistas mais jovens. No grupo de 18 a 24 anos, 87,5% disseram que turnês são financeiramente impossíveis. Entre aqueles com idades entre 25 e 34 anos, o percentual ainda é alto, chegando a 80,5%.
O problema também afeta artistas mais velhos. Na faixa dos 35 aos 44 anos, 74,4% declararam não ter condições de sair em turnê. O cenário se repete entre os de 45 a 54 anos (76%) e volta a subir para 86,5% entre aqueles acima de 55 anos.
A dificuldade de arrecadação para turnês se soma a um mercado cada vez mais competitivo, onde plataformas de streaming se tornaram a principal fonte de receita para muitos músicos. No entanto, os valores repassados por essas plataformas ainda são insuficientes para custear deslocamentos, hospedagem e produção de shows.
Diferenças entre países
A inacessibilidade das turnês é um fenômeno global. Na África do Sul, 84,7% dos artistas dizem que não conseguem bancar uma turnê. No Reino Unido, o percentual é de 83,6%, seguido pelos Estados Unidos, onde 82,5% relatam as mesmas dificuldades. O problema também é significativo no Canadá (78,7%) e na Austrália (80,7%).
A crescente dificuldade de viabilizar turnês levanta discussões sobre o futuro da indústria musical, especialmente para os artistas independentes. Sem incentivos financeiros e com um modelo de negócios focado no digital, a realização de turnês pode se tornar ainda mais restrita, impactando a diversidade e renovação do mercado.
Cenário no Brasil
No Brasil, os dados seguem a tendência global. Cerca de 75% dos artistas afirmam que não conseguem bancar os custos de uma turnê. Os gastos mais citados incluem produção musical, marketing, distribuição, tempo de estúdio e equipamentos.
Assim como em outros países, os artistas brasileiros também recorrem a fontes próprias para financiar suas carreiras. O autofinanciamento é apontado como a principal forma de sustentação, enquanto outras opções, como royalties, patrocínios ou empréstimos, são menos comuns. O cenário aponta para a necessidade de novas soluções e um modelo mais sustentável para que os músicos possam circular e alcançar novos públicos.
A falta de suporte financeiro impacta diretamente a diversidade musical, já que muitos artistas acabam desistindo da carreira por não conseguirem cobrir custos básicos. O mercado pode se tornar cada vez mais restrito, favorecendo apenas aqueles que já contam com estrutura consolidada.