O mais recente relatório musical da Luminate aponta que o Brasil é líder global em streaming Premium nos gêneros Gospel e R&B fora da América do Norte, mas ainda ocupa uma posição baixa na adesão de assinaturas pagas. Embora o país seja o 4º maior mercado em volume total de streaming sob demanda, ele está em 34º lugar quando o foco é a participação no segmento Premium, o que evidencia um contraste entre o alto consumo de música e a monetização desse público.
Os dados mostram um Brasil que desponta em categorias específicas, mas que ainda precisa superar barreiras como questões econômicas e culturais para transformar ouvintes gratuitos em assinantes. Além disso, o desempenho do país na exportação de música vem ganhando espaço. O cenário reflete um mercado em transição, onde o potencial de crescimento existe, mas precisa ser trabalhado de forma estratégica.
Domínio em gêneros reflete a força da música brasileira
De acordo com o relatório anual, o Brasil ocupa posições de destaque no streaming Premium global em categorias específicas. No Gospel, o país lidera entre os mercados fora da América do Norte, à frente de África do Sul e Índia.
Já no segmento de R&B e Hip-Hop, o Brasil também aparece como líder, superando Polônia e Turquia. Esses dados mostram como os gêneros têm um apelo forte entre os ouvintes Premium brasileiros.
O avanço da exportação de música brasileira
A exportação de artistas brasileiros também ganhou destaque no relatório. Portugal, Bolívia e Peru foram os principais importadores de conteúdo brasileiro em 2024, reforçando o alcance da música nacional em mercados que compartilham afinidades culturais.
Esse movimento não é isolado. A participação do Brasil no streaming Premium global aumentou 0,78% no último ano, um dos maiores crescimentos registrados, superando países como Coreia do Sul e Estados Unidos, que registraram aumentos de 0,09% e 0,06%, respectivamente.
Enquanto isso, mercados tradicionais como Reino Unido, Canadá e Colômbia apresentaram quedas na participação. O Reino Unido, por exemplo, teve uma redução de 0,43% em sua presença no streaming Premium. Esses dados indicam uma redistribuição de força no mercado global, com mercados emergentes, como o Brasil, ganhando relevância.
Luminate revela preferências de consumo no Brasil
Os dados também mostram que os assinantes Premium brasileiros têm padrões de consumo distintos. Gêneros como Religioso, Country & Folk e Infantil têm forte adesão no mercado brasileiro, enquanto estilos como Tradicional, Reggae e Easy Listening possuem menor popularidade entre os ouvintes locais. Essas diferenças refletem preferências culturais e oferecem oportunidades específicas para gravadoras e artistas ajustarem suas estratégias de lançamento e promoção.
A liderança em gêneros como Gospel e R&B reforça a importância de valorizar artistas locais e explorar campanhas que conectem essas produções a públicos internacionais. Além disso, entender essas tendências ajuda a indústria a direcionar investimentos para nichos com maior potencial de crescimento dentro do mercado brasileiro.
Streaming Premium como meta de expansão
O desempenho do Brasil no mercado Premium é especialmente relevante em um cenário global onde o crescimento de assinaturas pagas tem se concentrado fora dos Estados Unidos.
Com o mercado norte-americano apresentando uma taxa de crescimento de 6,4% em 2024, os mercados emergentes registraram uma taxa de 17,4% no mesmo período. Esses números mostram como o mercado Premium está amadurecendo nos Estados Unidos, mas tem oportunidades ainda melhores em países como Brasil e Indonésia.
No entanto, o país enfrenta barreiras como a percepção de valor do serviço e o peso de ofertas gratuitas. Estratégias que combinem preços acessíveis, parcerias locais e uma maior diversificação de conteúdo podem ajudar a reverter esse cenário e consolidar a base de assinantes Premium.
Embora o consumo global ainda seja liderado por artistas americanos, o relatório mostrou uma queda de 0,44% na participação dos Estados Unidos no streaming Premium. Esse declínio tem favorecido mercados como Brasil, Coreia do Sul e Índia, que têm registrado avanços nesse sentido. Para o Brasil, isso representa uma oportunidade de ampliar a exportação de artistas e fortalecer sua base de consumo local.
O futuro do mercado Premium no Brasil
O Brasil tem potencial para crescer no mercado Premium, mas a consolidação depende de ações que combinem investimentos em infraestrutura, estratégias de marketing regionalizadas e um maior foco na experiência do usuário. Há nichos específicos prontos para serem explorados, tanto no mercado doméstico quanto no internacional.
Com o aumento da participação global e o consumo interno elevado, o país está bem posicionado para se tornar um dos principais players no mercado de streaming Premium nos próximos anos. As empresas e artistas do setor precisam aproveitar esse momento para ajustar suas estratégias e atender às demandas de um público cada vez mais diversificado e exigente.