Nos últimos anos, a música latina tem se consolidado como uma força no mercado global. Em 2024, essa tendência se manteve, com artistas alcançando novos patamares de popularidade e o espanhol se tornando a segunda língua mais ouvida em música ao redor do mundo. Dados da RIAA (Recording Industry Association of America) – organização que representa a indústria de gravação de música nos Estados Unidos – apontaram um aumento de 7% na receita do gênero apenas no primeiro semestre, totalizando US$ 685 milhões.
O crescimento do gênero não se limita a consumo digital. As turnês de artistas latinos também bateram recordes, representando 15% do mercado global de shows em 2024, de acordo com o Billboard Boxscore. A combinação de um público jovem, forte presença no streaming e uma diversidade crescente de gêneros regionais tem impulsionado esse avanço.
O espanhol como protagonista global
A ascensão do espanhol no mercado musical reflete uma mudança nos hábitos de consumo. Segundo o relatório da Luminate, o espanhol é agora a segunda língua mais consumida em música globalmente, perdendo apenas para o inglês. Nos Estados Unidos, a música em espanhol já representa 8,1% do mercado, mais que o dobro do que era em 2021.
Esse aumento é impulsionado por grandes nomes como Bad Bunny e também por novos artistas e gêneros. A diversidade de estilos, que vai do reggaetón ao regional mexicano, atrai um público global cada vez mais interessado na riqueza cultural do gênero.
Turnês de sucesso e recordes na música latina
As turnês de artistas latinos também se destacaram em 2024. Luis Miguel alcançou o título de turnê latina de maior receita da história, com US$ 318,2 milhões arrecadados e mais de 2 milhões de ingressos vendidos. Em paralelo, Karol G registrou a turnê feminina latina mais lucrativa, ampliando o impacto de suas apresentações globais – inclusive com duas passagens pelo Brasil.
Outros nomes, como Rauw Alejandro, expandiram seus repertórios ao incorporar novos elementos musicais, como salsa e música tropical, sem perder a essência do reggaetón. Esse tipo de experimentação impulsiona a popularidade dos artistas e diversifica o mercado, trazendo novos públicos para os ritmos regionais.
Crescimento no mercado latino-americano
Enquanto o sucesso global é evidente, o mercado latino-americano também apresentou resultados significativos. De acordo com o IFPI (International Federation of the Phonographic Industry) – organização que representa a indústria da música gravada em escala global – a região registrou um crescimento de 19,4% em receitas, marcando o 14º ano consecutivo de expansão. Esse aumento reflete o interesse crescente do público local por artistas que mesclam influências regionais com sons contemporâneos.
O Chile, por exemplo, emergiu como um novo polo de produção musical, com artistas como FloyyMenor e Cris MJ alcançando sucesso internacional. Hits virais impulsionados por plataformas como o TikTok destacam a força do país no cenário latino.
Regional mexicano em destaque
Outro gênero que continuou sua ascensão foi o regional mexicano. Com seis artistas entre os dez mais populares de 2024, o estilo consolidou sua presença tanto em plataformas de streaming quanto em turnês. Nomes como Fuerza Regida e Peso Pluma atraíram um público jovem, fortalecendo o gênero para as próximas gerações.
Esse sucesso também reflete estratégias de marketing alinhadas, com lançamentos de álbuns, turnês e presença digital consistente. A combinação de tradição e modernidade amplia o alcance do gênero para diferentes audiências. É o caso de “Igual que un ángel”, sucesso de Peso Pluma ao lado de Kali Uchis, cantora pop de origem colombiana que também canta em inglês.
Desafios e perspectivas futuras
Apesar do crescimento, o mercado da música latina enfrenta desafios. A necessidade de diversificar ainda mais os gêneros e aumentar a inclusão de artistas de diferentes origens são questões importantes. Movimentos como cotas em festivais e programas de incentivo podem contribuir para ampliar essa participação.
Com 2025 oficialmente inaugurado, a música latina segue como um segmento em expansão, mostrando que as barreiras linguísticas e culturais estão se tornando menos relevantes em um mercado globalizado.